quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

CAPÍTULO 22 A 30

[Capítulo 21 O Místico Lar de Nazaré página 129]
da colina de Nazaré aquela mulher que desce à fonte de bilha à cabeça com um jovem de
quinze anos a seu lado. Entre os dois, eu sei, existe um amor que não tem semelhante nos
anjos que vivem diante do trono de Deus. E reconheço também que não me é lícito ver
mais: aliás, morreria de assombro” (Vonier: A Maternidade Divina).
22
ORAÇÕES DA LEGIÃO
Damos a seguir as orações da Legião de Maria, conforme devem ser rezadas nas
reuniões. Rezadas em particular, dispensam tal ordem.
Os membros Auxiliares deverão rezá-las diariamente por inteiro.
O Sinal da Cruz, que vai no princípio e no fim de cada parte, marca a divisão das
orações. No caso de estas se rezarem em seguida, o Sinal da Cruz será feito apenas no
início e no fim das mesmas.
1. ORAÇÕES INICIAIS DA REUNIÃO
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
P. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do
Vosso amor, enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
P. Oremos: ó Deus que santificais a Vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações,
derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realizai agora no
coração dos fiéis as maravilha que operastes no início da pregação do Evangelho.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.
129
[Capítulo 22 Orações da Legião página 130]
P. Abri os meus lábios, ó Senhor.
R. E minha boca anunciará o Vosso louvor.
P. Vinde, ó Deus, em meu auxílio.
R. Socorrei-me sem demora.
P. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
(Segue-se o terço terminado pela Salve Rainha).
P. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
P. Oremos: Ó Deus, cujo Filho Unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, nos obteve o
prêmio da salvação eterna, concedei-nos, nós Vô-lo pedimos que, meditando estes mistérios
do Sacratíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, imitemos o que contêm e
consigamos o que prometem. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.
P. Coração Sacratíssimo de Jesus R. tende piedade de nós.
P. Coração Imaculado de Maria, R. Rogai por nós.
P. São José, R. Rogai por nós.
P. São João Evangelista, R. Rogai por nós.
P. São Luís Maria de Montfort, R. Rogai por nós.
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
CATENA LEGIONIS
Ant. Quem é esta que avança como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol,
terrível como um exército em ordem de batalha?
· A minh’alma + engrandece ao Senhor*
· E se alegra e meu espírito em Deus, meu Salvador,
130
[Capítulo 22 Orações da Legião página 131]
· Pois ele viu a pequenez de sua serva, * eis que agora as gerações hão de chamar-me
de bendita.
· O Poderoso fez por mim maravilhas* e Santo é o seu nome!
· Seu amor, de geração em geração,* chega a todos que o respeitam.
· Demonstrou o poder de seu braço, * dispersou os orgulhosos.
· Derrubou os poderosos de seus tronos* e os humildes exaltou.
· De bens saciou os famintos* e despediu, sem nada, os ricos.
· Acolheu Israel, seu servidor,* fiel ao seu amor,
· Como havia prometido aos nossos pais, * em favor de Abraão e de seus filhos, para
sempre.
· Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, *
· Como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Ant. Quem é esta que avança como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol,
terrível como um exército em ordem de batalha?
P. Ó Maria concebida sem pecado,
R. Rogai por nós que recorremos a Vós.
P. Oremos: Senhor Jesus Cristo, Mediador nosso perante o Pai, que Vos dignastes escolher
a Virgem Santíssima, Vossa Mãe, para Mãe e Medianeira nossa junto de Vós, concedei
misericordiosamente a quem a Vós recorrer, buscando os Vossos favores, se regozije de os
receber todos por Ela. Amém.
ORAÇÕES FINAIS
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
P. À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as súplicas que em
nossas necessidades vos dirigimos, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem
gloriosa e bendita.
131
[Capítulo 22 Orações da Legião página 132]
P. (Invocação própria do Praesidium)
(Fora das reuniões do Praesidium reza-se sempre a invocação seguinte:
P. Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças, R. Rogai por nós.
P. S. Miguel e S. Gabriel, R. Rogai por nós.
P. Milícias todas dos céus, Legião dos Anjos de Maria, R. Rogai por nós.
P. S. João Batista, R. Rogai por nós.
P. S. Pedro e S. Paulo, R. Rogai por nós.
Concedei-nos, Senhor, a nós que militamos sob o estandarte da Virgem, aquela
plenitude de fé em Vós e de confiança em Maria, que nos assegurem a conquista do mundo.
Dai-nos uma fé viva, animada pela caridade, que nos leve a praticar as nossas ações,
unicamente por amor de Vós, e a ver-Vos e a servi-Vos sempre no nosso próximo; uma fé
firme e inabalável como a rocha, que nos conserve calmos e resolutos no meio das cruzes,
trabalhos e decepções da vida; uma fé corajosa que nos anime a empreender e prosseguir,
sem hesitação, grandes coisas, por Deus e pela salvação do próximo; uma fé que seja a
Coluna de Fogo da nossa Legião que nos guie avante unidos, – para acender em todos a
chama do Amor divino, – iluminar os que estão nas trevas e sombras da morte, – animar os
indecisos – restituir a vida aos mortos no pecado; e nos dirija os passos no caminho da paz;
de forma que, terminada a batalha da vida, a nossa Legião possa reunir-se, sem uma só
perda, no Reino do Vosso Amor e Glória. Amém.
P. Que as almas dos Legionários e de todos os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus,
descansem em paz. Amém.
(Segue-se a bênção do Diretor Espiritual)
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
“A fé de Maria excedeu a de todos os homens e a de todo os Anjos. Em Belém, viu
seu Filho no estábulo, e acreditou n’Ele como Criador do mundo. Viu-O fugir de Herodes
e nunca a sua Fé hesi-
132
[Capítulo 22 Orações da Legião página 133]
tou em ver n’Ele o Rei do Reis. Viu-O nascer e acreditou que era o Eterno. Viu-O pobre,
de tudo desprovido, e acreditou n’Ele como Senhor do Universo. Viu-O reclinado nas
palhas e adorou-O como Onipotente. Viu-O sem pronunciar palavra, e acreditou que Ele
era a Sabedoria Eterna. Ouviu-O chorar e reconheceu-O como a Alegria do Paraíso. Viu-
O, por fim morrendo, exposto a todos os insultos, pregado na Cruz e, embora a fé de todos
vacilasse, Maria perseverou na crença inviolável de que Ele era Deus” (Santo Afonso de
Ligório). (Esta citação não faz parte das orações da Legião).
23
AS ORAÇÕES SÃO INVARIÁVEIS
As orações da Legião são invariáveis. Mesmo no que diz respeito às invocações não
é permitida qualquer alteração, para mais ou para menos, quer se trate de Santos nacionais
ou locais ou de devoção individual. O mesmo critério deve ser adotado sempre que a
legitimidade de uma alteração possa oferecer matéria de discussão.
Esta regra exige sacrifício, é certo, mas outros já o fizeram talvez com mais
dificuldade; e facilmente o admitirão quantos conhecem a terra de origem destes Estatutos e
o lugar único que ocupa na afeição dos seus habitantes, o seu Apóstolo Nacional.
É verdade que a tolerância de invocações especiais não constituiria, por si só, grave
infração ao uso comum. Contém, todavia, a semente de divergências dentro do sistema, e a
Legião teme tal possibilidade.
Há a considerar ainda que a alma da Legião se manifesta nas suas orações, e temos
de concordar que estas, pela sua rigorosa uniformidade, devem ser o símbolo – qualquer
que seja a língua em que venham a ser rezadas através dos tempos – da completa unidade
de espírito, de coração, de regulamento e de prática, a que a Legião chama todos quanto
militam à sombra da sua bandeira, em toda a terra.
“Assim como sois os filhos de Cristo, sede também os filhos de Roma” (S.
Patrício).
“Concedei-me, Senhor, a graça de trabalhar por aquilo que é objeto das minhas
orações” (S. Tomás More).
133
[página 134]
24
PADROEIROS DA LEGIÃO
1. São José
Nas orações da Legião, o nome de S. José vem logo depois das invocações aos
Corações de Jesus e de Maria, pois que também no Céu ocupa, junto d’Eles, o primeiro
lugar.
Chefe da Sagrada Família, desempenhou, junto de Jesus e de Maria, funções
especiais de importância fundamental. As mesmas funções, sem tirar nem pôr, continua ele,
o maior dos Santos, a desempenhá-las junto do Corpo Místico de Jesus e da Mãe deste
Corpo. Auxilia a existência e a atividade da Igreja e, por conseqüência, da Legião. Os seus
cuidados são constantes, vitais e caracterizados por uma intimidade familiar. Depois de
Maria, não há santo mais influente e, como tal, deve ser estimado pelos legionários. Para o
seu amor se mostrar poderoso em cada um de nós, é necessário que o nosso procedimento
para com ele reflita a compreensão do intenso afeto que nos consagra. Jesus e Maria,
agradecidos a José pelos seus carinhos e trabalhos, traziam-no sempre no coração.
Procedam do mesmo modo os legionários.
A solenidade de S. José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, celebra-se a 19
de março; a memória de S. Jose, Trabalhador, a 1º de maio.
“Não podemos separar a vida histórica de Jesus da sua vida mística perpetuada na
Igreja. Não é sem motivo que os Papas proclamaram S. José protetor da Igreja. Embora
tenham mudado os tempos e as circunstâncias, a sua tarefa continua a ser a mesma de
outrora. Com o carinho, revelado na execução da sua missão terrena cumpre hoje a sua
missão de protetor da Igreja. A família de Deus, desde os dias de Nazaré, cresceu e
dilatou-se até os confins da terra. O coração de José expandiu-se também de harmonia
com a sua nova paternidade que prolonga e supera a paternidade prometida por Deus a
Abraão, o Pai de muitas gentes. Deus não muda no trato com os homens; não tem
pensamentos reservados nem altera de qualquer jeito o seu plano que é uno, organizado,
consistente e contínuo. José, o Pai adotivo de Jesus, é também o Pai adotivo dos irmãos de
Jesus, quer dizer, de todos os cristãos através dos tempos. José, o esposo de Maria, a Mãe
de Jesus, permanece misteriosamente unido a Ela, enquanto se realiza no mundo o
nascimento místico da Igreja. Por isso, o legionário de Maria, cujos esforços tendem
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[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 135]
a alargar o reino de Deus na terra, reclama com razão o auxílio especial do Chefe da
Igreja recém-nascida, a Sagrada Família” (Cardeal L. J. Suenens).
2. S. João Evangelista
Citado no Evangelho como o “Discípulo a quem Jesus amava”, S. João representa
para nós, modelo de devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Fiel até o fim, a este Coração se
conservou unido até que O viu sem vida e varado pela lança. Manifestou-se em seguida
como modelo de devoção ao Imaculado Coração de Maria. Puro como um anjo, ocupou o
lugar que foi de Jesus, e continuou a prestar a Maria o amor de filho, até o momento em
que Deus A chamou.
Mas a terceira palavra, pronunciada por Jesus Cristo no alto da cruz, continha mais
que uma preocupação filial tomada para com Sua Mãe Santíssima. Na pessoa de S. João,
Nosso Senhor indicava o gênero humano, mas sobretudo aqueles que pela fé se uniriam a
Ele em todos os tempos. Assim, Maria foi proclamada Mãe dos homens, – de
numerosíssimos irmãos de que Cristo é o primogênito. S. João, o representante de todos os
novos filhos, foi o primeiro a tomar posse da herança de filho adotivo de Maria, – modelo
de todos os que viriam depois e um santo, a quem a Legião deve a mais terna devoção.
Amou a Igreja e, nela, cada uma das almas, e ao seu serviço gastou todas as forças.
Foi apóstolo, evangelista e teve o mérito de mártir.
Foi o sacerdote de Maria: por isso, ele é o padroeiro especial do Sacerdote-
Legionário a serviço de uma organização que deseja ardentemente ser uma cópia viva de
Maria.
A sua festa celebra-se a 27 de dezembro.
“Jesus, pois, tendo visto sua Mãe e perto dela o Discípulo que Ele amava, disse à
sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao Discípulo: “Eis aí a tua Mãe”. E
desta hora em diante a levou o Discípulo para sua casa” (Jo 19, 26-27)
3. S. Luís Maria de Montfort
“Se respeitarmos as decisões de não admitir padroeiros particulares ou locais, a
inclusão do nome de S. Luís Maria Monforte parece ser, à primeira vista, discutível.
Podemos todavia afirmar com segurança que nenhum santo desempenhou pa-
135
[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 136]
pel mais importante do que este no progresso da Legião. O Manual está cheio do seu
espírito. As orações são um eco das suas palavras. É realmente o tutor da Legião: motivo
por que a sua invocação é, por parte da Legião de Maria, quase uma obrigação moral”
(Decisão da Legião que coloca o nome de S. Luís Maria de Montfort na lista das suas
invocações).
Foi canonizado a 20 de julho de 1947. A sua festa celebra-se a 28 de abril.
“Missionário e mais do que missionário, Doutor e Teólogo que nos deu uma
Mariologia como nenhum outro havia concebido antes dele. Tão profundamente explorou
as raízes da devoção mariana e por tão longe estendeu os seus horizontes, que se tornou
indiscutivelmente o proclamador de todas as modernas manifestações de Maria – de
Lourdes a Fátima, da definição da Imaculada Conceição à Legião de Maria. Tornou-se o
precursor da idéia da vinda do Reino de Deus por Maria, e da tão suspirada salvação que,
na plenitude dos tempos, a Virgem Mãe de Deus há de trazer à terra, pelo seu Imaculado
Coração”. (Federico Cardeal Tedeschini, Arcipreste de S. Pedro. Discurso proferido no
descerramento da estátua de S. Luís Maria de Montfort, na Basílica de S. Pedro, a 8 de
dezembro de 1948).
“Prevejo que muitos animais ferozes virão enraivecidos para rasgarem com os seus
dentes diabólicos este pequeno escrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para o
compor. Pelo menos envolverão este livrinho nas trevas e no silêncio de uma arca, a fim de
que não apareça. Atacarão mesmo e perseguirão aqueles que o lerem e puserem em
prática. Mas, que importa? Tanto melhor. Esta visão anima-me e faz-me esperar um
grande êxito, isto é, um grande esquadrão de bravos e valorosos soldados de Jesus e
Maria, de ambos os sexos, que combaterão o mundo, o demônio e a natureza corrompida,
nos tempos perigosos que mais que nunca se aproximam” (S. Luís de Montfort, falecido em
1716: Tratado da Verdadeira Devoção, 114).
4. S. Miguel Arcanjo
“Apesar de príncipe da corte celeste, S. Miguel é o mais zeloso em honrar e fazer
honrar Maria, sempre à espera das suas ordens para ter o especial privilégio de voar em
serviço de algum dos seus servos” (S. Agostinho).
S. Miguel foi sempre o patrono do povo escolhido, da Antiga e da Nova Lei. É o
leal defensor da Igreja, mas não deixou a
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[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 137]
guarda dos judeus pelo fato de eles se terem afastado de Cristo. Antes intensificou esta
proteção, mesmo porque eles mais precisam dela, e também porque são ligados pelo sangue
a Jesus, Maria e José. A Legião milita sob a proteção de S. Miguel.
Com a sua inspiração, deve trabalhar sacrificadamente pela recuperação desse povo,
com o qual o Senhor fez uma aliança de amor sem fim.
A festa do “príncipe do Exército do Senhor” (Js 5, 14) celebra-se a 29 de setembro.
“Segundo a Revelação, os Anjos que participam da vida da Trindade na luz da
glória, são também chamados a ter a sua parte na história da salvação dos homens, nos
momentos estabelecidos pelo projeto da Divina Providência”.
“Não são eles todos, espíritos a serviço de Deus, enviados a fim de exercerem um
ministério a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” – pergunta o autor da Carta
aos Hebreus (1, 14). E nisto crê e isto ensina a Igreja, com base na Sagrada Escritura, da
qual sabemos que é tarefa dos anjos bons a proteção dos homens e a solicitude pela sua
salvação” (João Paulo II, Audiência Geral, 6 de agosto de 1986).
5. S. Gabriel Arcanjo
Em algumas liturgias, S. Gabriel e S. Miguel são saudados juntamente como
campeões e príncipes, chefes do exército celeste, capitães dos anjos, servos da divina
glória, guardas e guias das humanas criaturas.
S. Gabriel é o Anjo da Anunciação. Foi ele que transmitiu a Maria as saudações da
Santíssima Trindade; expôs pela primeira vez ao homem, o mistério desta Trindade
Majestosa; anunciou a Encarnação; declarou a Conceição Imaculada de Maria; pronunciou
as primeiras palavras da Ave-Maria.
Referimo-nos acima ao interesse de S. Miguel pelos Judeus. Talvez se possa dizer a
mesma coisa de S. Gabriel com relação aos Maometanos. Estes acreditam que foi ele quem
lhes comunicou a religião que praticam. Tal pretensão, embora sem fundamento, representa
uma atenção para com o Arcanjo, atenção que ele procurará pagar de forma conveniente,
esclarecendo-os a respeito da revelação cristã de que era guarda. Mas esta transformação
não a pode conseguir por ele próprio. A colaboração humana tem de desempenhar sempre a
sua parte.
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[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 138]
Jesus e Maria ocupam no Corão (o livro sagrado da religião dos muçulmanos), um
lugar tão importante, quase como nos Evangelho, mas sem qualquer função. Este santo par
espera no Islã que alguém o ajude a explicar-se e a afirmar-se. Provado está que a Legião
possui um dom especial neste sentido e que os seus membros são recebidos com
consideração pelos muçulmanos. Que rico material para tal esclarecimento existe no
Alcorão! (1)
(1) O mesmo que Corão.
A festa de S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael celebra-se a 29 de setembro.
“As Escrituras mostram-nos um espírito da mais elevada nobreza celeste, enviado,
em forma visível, a anunciar a Maria o Mistério da Encarnação. Maria foi convidada a ser
Mãe de Deus por um Anjo, porque, por sua divina maternidade, deteria a soberania, o
poder e o domínio sobre todos os Anjos. “Pode-se dizer – escreve Pio XII – que o Arcanjo
S. Gabriel foi o primeiro mensageiro da função real de Maria” (Ad coeli Reginam).
Gabriel é honrado como padroeiro dos responsáveis de missões importantes, dos
que por Deus, são anunciadores de grandes novas. Foi ele quem transmitiu a Maria a
mensagem de Deus. Nesse momento representava ela todo o gênero humano e ele, o
conjunto dos Anjos. O seu diálogo, motivo de inspiração para os homens até ao fim dos
tempos, firmou um tratado sobre o qual se haviam de erguer “novos céus e nova terra”.
Que admirável, pois, aquele que falou a Maria e como erram quantos reduzem o seu papel
a uma comunicação sem sua participação. Sabia perfeitamente o que estava acontecendo e
deu prova do mais vasto conhecimento possível. Reverente para com Maria, responde
perfeitamente a todas as suas perguntas, pois era o porta-voz e confidente de Deus. Do
encontro de Gabriel com Nossa Senhora surgiu a renovação da criação. A nova Eva
consertou os estragos causados pela primeira Eva. O novo Adão, como cabeça do Corpo
Místico que inclui também os Anjos, restaurou não só o gênero humano mas igualmente, a
honra dos mesmos Anjos que perdera o brilho por causa do Anjo perverso” (Dr. Michael
O’Carroll, C. S. Sp.).
6. Milícias do Céu, Legião de Anjos de Maria
Regina Angelorum! Rainha dos Anjos! Que encanto, que alegria antecipada do céu
pensar em Maria, nossa Mãe, acompanhada incessantemente por Legiões de Anjos!” (João
XXIII).
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[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 139]
“Maria é a Generalíssima dos exércitos de Deus. Os Anjos formam as mais
gloriosas tropas daquela que é terrível como um exército em ordem de batalha!” (Boudon:
Os Anjos).
A invocação dos Anjos teve o seu lugar, desde o princípio, nas orações da Legião. A
fórmula usada era a seguinte:
S. Miguel Arcanjo, rogai por nós.
Santos Anjos da nossa guarda, rogai por nós.
Temos de supor que também aqui a Legião foi guiada sobrenaturalmente, pois a
estreita relação dos Anjos com o movimento legionário não era então vista com a clareza de
hoje. À medida que o tempo foi passando, tornou-se cada vez mais clara a conveniência de
recorrer aos Anjos. Compreendeu-se enfim que os Anjos são o lado celeste da campanha
desenvolvida na terra pela Legião.
A aliança entre a Legião e os Anjos tem diferentes aspectos. Cada legionário, seja
ele Ativo ou Auxiliar, tem um Anjo da Guarda que combate a seu lado, golpe por golpe. A
batalha tem maior significado para o Anjo, em certo sentido, do que para o legionário: o
Anjo vê claramente o valor do que está em jogo – a glória de Deus e o valor de uma alma
imortal. Por isso, o interesse do Anjo é mais intenso e o seu auxílio constante. Mas todos os
outros Anjos estão igualmente interessados nesta guerra. Todos aqueles a favor de quem a
Legião trabalha, por exemplo, têm os Anjos da guarda, prestando o seu auxílio ao lado dos
legionários.
Além disso, o exército inteiro dos Anjos entra em cena. A batalha travada por nós
faz parte do combate principal sustentado por eles, desde o princípio, contra Satanás e os
seus seguidores.
Um lugar impressionante é assinalado aos Anjos no Antigo e Novo Testamento,
onde há várias centenas de referências a eles. São representados como seguindo
paralelamente a par e passo a luta dos homens, e desempenhando com relação a eles uma
função protetora de caráter familiar. Intervêm nos acontecimentos importantes. Ocorre
constantemente a frase: “Deus enviou o Seu Anjo”. Todos os nove coros angélicos exercem
funções de proteção sobre os indivíduos, lugares, cidades e nações, sobre a natureza e
alguns, até sobre outros Anjos. A Escritura mostra que mesmo os reinos pagãos têm os seus
Anjos da Guarda (Dn 4, 10, 20; 10, 13). Os coros angélicos são assim designados: Anjos,
Arcanjos, Querubins, Serafins, Potestades, Principados, Tronos, Virtudes e Dominações.
139
[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 140]
Eis, assim, o que se pode concluir: os Anjos prestam-nos auxílio, quer considerados
como um corpo, quer individualmente, desempenhando um papel semelhante ao das Forças
Aéreas com relação aos exércitos de superfície.
Verificou-se finalmente que a invocação aos anjos, tal como se apresentava, não
exprimia a função protetora universal dos mesmos Anjos. Por isso decidiu-se:
1º) que a invocação seria refeita, adotando uma fórmula melhor;
2º) que a palavra “Legião” deveria ligar-se aos Anjos. O próprio Senhor a aplicou
aos Anjos, consagrando-lhe assim o uso com os seus divinos lábios. Ameaçado pelos seus
inimigos, disse a Pedro: “Julgas que não posso rogar a meu Pai e ele me enviaria
imediatamente mais de doze legiões de Anjos?” (Mt 26, 53).
3º) que o nome de Maria deveria introduzir-se na mesma invocação. Com efeito
Nossa Senhora, é a Rainha dos Anjos, a verdadeira Comandante da Legião Angélica.
Saudá-la com este título tão profundamente significativo constituiria para a nossa Legião
uma nova graça.
Do prolongado debate em toda a Legião resultou a aprovação, em 19 de agosto de
1962, da seguinte forma de invocação: “Milícias todas do céu, Legião dos Anjos de Maria,
rogai por nós”.
A memória desta Legião celeste celebra-se a 2 de outubro.
Existe uma associação chamada “Philangeli”, cuja finalidade específica é a difusão
do conhecimento dos Anjos e da respectiva devoção. O seu centro principal é o seguinte:
Philangeli, Hon. General Secretary, Salvatorians; 129 Spencer Road, Harrow Weald,
Middlesex HA3 7BJ, England.
“A realeza de Nossa Senhora, com relação aos anjos, não deve tormar-se apenas
como uma expressão de honra. A sua função real é uma participação na realeza de Cristo
e este tem domínio total e universal sobre toda a criação. Os teólogos ainda não
explicaram todas as diferentes maneiras como Maria governa juntamente com Cristo Rei.
Mas é claro que a sua realeza é um princípio de ação e que os efeitos desta ação atingem
os confins do universo visível e invisível. Rege os espíritos bons e controla os maus.
Através dela realiza-se aquela inquebrável aliança das sociedades humana e angélica,
pela qual toda a criação será conduzida ao seu verdadeiro fim, a glória da Santíssima
Trindade. A sua realeza é nosso escudo, pois a nossa Mãe e Protetora tem poder para
140
[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 141]
ordenar aos anjos que venham em nosso auxílio. Para ela, a realeza significa uma
associação ativa com seu Filho, na desagregação e destruição do império de Satanás
sobre os homens” (Michael O’Carroll, C. S. Sp.).
7. S. João Batista
O fato de só a 18 de dezembro de 1949 se ter introduzido oficialmente S. João
Batista entre os Padroeiros da Legião é sem dúvida um fato estranho e de explicação nada
fácil. Com efeito, se tirarmos S. José, nenhum outro Santo Padroeiro está mais intimamente
ligado ao programa legionário de piedade.
a) João Batista foi o primeiro de todos os legionários, o precursor de Jesus, – indo à
sua frente preparar os caminhos e endireitar os atalhos. Foi um modelo de inabalável
firmeza e dedicação à sua causa, pela qual estava disposto a morrer e morreu de verdade.
b) Foi preparado e formado para a sua missão pela Santíssima Virgem, como todos
os legionários o devem ser. Declara S. Ambrósio que o principal intento da estada de Nossa
Senhora em casa de Isabel foi formar e estabelecer no seu cargo o Grande Profeta ainda
criança. O momento desta preparação é celebrado pela Catena, a oração central da Legião,
imposta como obrigação diária a todos os membros.
c) O episódio da Visitação apresenta-nos Nossa Senhora, pela primeira vez, no
desempenho do seu cargo de Medianeira, e S. João, o primeiro beneficiado. Por isso, desde
o início se exibiu S. João como Padroeiro especial dos legionários e de todos os contatos
legionários; do trabalho das visitas sob todas as modalidades, e de fato, de toda a atividade
legionária – esforço de colaboração com Maria, no seu ofício de Mediadora.
d) João foi um dos elementos mais importantes da missão do Salvador. Ora, todos
os elementos desta missão devem estar presentes no sistema que procura reproduzi-la. O
Precursor não pode faltar. Quereriam Jesus e Maria aparecer em cena, faltando João para os
apresentar? Reconheçam os legionários o lugar especial de S. João e permitam-lhe
continuar a sua missão por uma ardente confiança na sua proteção, “Sendo Jesus para
sempre “Aquele que vem”, João será também o seu Precursor de sempre, por que a
economia da Encarnação histórica de Cristo se continua no seu Corpo Místico” (Daniélou).
141
[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 142]
e) A invocação de S. João Batista segue a dos Anjos nas Orações Finais. Estas
orações apresentam-nos a Legião em marcha, protegida do alto, pelo Espírito Santo que se
revela através de Nossa Senhora, como Coluna de Fogo; apoiada pela Legião dos Anjos e
por seus Chefes, S. Miguel e S. Gabriel, precedidos pelo Precursor S. João, no
cumprimento, hoje como antigamente, da sua missão providencial e levando como
Generais os Santos Pedro e Paulo.
f) S. João Batista tem duas festas: a da Natividade, a 24 de junho, e a do Martírio, a
29 de agosto.
“Creio que o mistério de João se efetua ainda no mundo de hoje. Antes de alguém
acreditar em Cristo Jesus, tem de descer, sobre a sua alma, o espírito e a virtude de João
para preparar ao Senhor um povo perfeito e endireitar e aplanar os ásperos caminhos do
seu coração. Até nossos dias, sempre o espírito e a virtude de João preparam a vinda do
Senhor e Salvador” (Orígenes).
8. S. Pedro
“Como Príncipe dos Apóstolos, S. Pedro é, por excelência, o padroeiro de uma
organização apostólica. Foi o primeiro Papa, mas representa toda a ilustre série de
Pontífices até ao Santo Padre atual. Invocando S. Pedro, expressamos uma vez mais a
fidelidade da Legião a Roma, centro de Fé, fonte da autoridade, da disciplina e da unidade”
– (Decisão da Legião, colocando o nome de S. Pedro na lista das invocações).
A festa de S. Pedro e S. Paulo celebra-se a 29 de junho.
“E eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo
o que ligares sobre a terra será também ligado nos Céus; e tudo que desligares sobre a
terra será desligado também nos Céus” (Mt 16, 18-19).
9. S. Paulo
Uma alma que pretende ganhar as outras deve ser grande, imensa como o oceano:
para converter o mundo é necessário ter
142
[Capítulo 24 Padroeiros da Legião página 143]
uma alma maior que o mundo. Tal era S. Paulo desde o dia em que uma luz celeste
repentinamente o envolveu, lhe penetrou na alma e o inflamou no desejo ardente de encher
a terra com a fé e o nome de Cristo. O seu nome resume a sua obra – Apóstolo dos Pagãos.
Trabalhou incansavelmente até que a espada do carrasco entregou o seu espírito incansável
nas mãos de Deus; mas os seus escritos sobreviveram e para sempre hão de viver,
continuando a sua missão.
É costume da Igreja colocá-lo sempre junto com S. Pedro nas suas orações, o que
para ele constitui grande glória. Nada mais justo, pois ambos consagram Roma com o seu
martírio.
A Igreja celebra a Festa de S. Pedro e S. Paulo no mesmo dia.
“Cinco vezes recebi dos Judeus os quarenta açoites menos um; três vezes fui
açoitado com varas, uma vez apedrejado; três vezes naufraguei e passei no abismo uma
noite e um dia. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores,
perigos da parte dos meus concidadãos, perigos dos pagãos, perigos no mar, perigos entre
os falsos irmãos e irmãs. Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, como fome e sede,
freqüentes jejuns, frio e nudez” (2 Cor 11, 23-27).
25
O QUADRO DA LEGIÃO
1. O Manual apresenta a reprodução do Quadro da Legião. O original foi pintado
por um jovem e talentoso artista de Dublin e oferecido à Legião. Como era de esperar de
obra animada por tal intenção, o quadro é cheio de inspiração e beleza, evidentes até nas
mais pequenas produções.
2. O quadro apresenta, de forma admirável e completa, os pontos fundamentais da
espiritualidade legionária.
3. As orações da Legião estão postas em evidência. As orações iniciais – invocação
e oração ao Espírito Santo e o Terço – são representadas pela pomba que paira sobre Maria,
cobrin-
143
[Capítulo 25 O Quadro da Legião página 144]
do-a com a sua sombra, e enchendo-a da Luz e do Fogo do seu Amor. Com estas orações a
Legião honra o ponto alto e central de todos os tempos. O consentimento de Maria na
Encarnação do Verbo fez dela Mãe de Deus e Mãe da Divina Graça; por isso, os
legionários, seus filhos, a Ela se unem fervorosamente, pelo Terço, levando a sério as
palavras de Pio IX: “Se eu tivesse um exército que rezasse o Terço, conquistaria o Mundo
inteiro”.
Refere-se também a Pentecostes, em que Maria foi o canal desta nova infusão do
Espírito Santo, que pode ser chamada a Confirmação da Igreja. Ele a tornou pública com
sinais visíveis, enchendo-a do fogo apostólico que havia de renovar a face da terra. “Foi
Maria quem obteve, por sua poderosa intercessão, para a Igreja recém-nascida, a milagrosa
abundância do Espírito do Divino Redentor” (MC 110). Sem ela, nunca este fogo divino
inflamaria os corações dos homens.
4. A Catena está representada, quanto ao nome, pela cadeia que emoldura o quadro.
A Antífona está figurada, e com a maior propriedade, pela imagem de Maria, que avança
como aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército em
ordem de batalha. Na sua fronte brilha uma estrela – para significar que Ela é a verdadeira
Estrela da Manhã, banhada desde o primeiro instante do seu ser no brilho da Graça
Redentora, anunciando o começo da salvação.
O Magnificat está representado pelo seu primeiro versículo, cujas palavras sempre
presentes no espírito de Maria estão escritas em letras de fogo à volta da sua cabeça. É o
cântico de vitória da sua humildade. Agora, como desde aquele momento, Deus quer
depender nas suas conquistas, da humilde Virgem de Nazaré. Por intermédio daqueles que
a Ela estão unidos, continua o Onipotente, para glória do Seu nome, a realizar grandes
coisas.
O versículo e a respectiva resposta são da Festa da Imaculada Conceição, devoção
principal da Legião expressa pelo esmagamento da serpente e pelas palavras do Gênesis
que contornam o quadro: “Eu porei inimizades entre ti e a mulher e entre a tua
descendência e a dela; Ela te esmagará a cabeça ao tentares mordê-la no calcanhar” (Gn
3,15).
A oração da Catena é a da Festa de Maria Medianeira de todas as Graças, Mãe de
Deus e Mãe de todos os homens.
144
[Capítulo 25 O Quadro da Legião página 145]
O quadro mostra a luta perpétua entre Maria e a serpente, entre os filhos daquela e a
raça maldita desta, entre a Legião e as forças do Mal que fogem em debandada.
Na parte superior do quadro está o Espírito Santo, Doador de todos os bem; em
baixo, o globo terrestre rodeado de bons e maus – figurando o mundo das almas; ao meio,
entre uns e outros, Maria, cheia de Graça, abrasada em caridade, canal universal de
intercessão e distribuição dos favores celestes. Se é certo que Ela quer enriquecer todos os
homens, a sua preferência vai para os filhos mais fiéis que, como S. João, se reclinaram no
Coração de Jesus e A aceitaram amorosamente como Mãe. Esta Maternidade Universal de
Maria, proclamada entre as inconcebíveis dores do Calvário, está indicada pelas palavras
que emolduram o quadro: “Mulher, eis aí o teu Filho; eis aí a tua Mãe” (Jo 19, 26-27).
5. As Orações Finais refletem-se em cada traço do quadro. A Legião apresenta-se
como um exército inumerável que avança em ordem de batalha sob o comando da sua
Rainha, levando à frente os seus estandartes: “O Crucifixo, na mão direita; o Rosário, na
esquerda; os sagrados Nomes de Jesus e de Maria no coração, e a modéstia e a mortificação
de Jesus Cristo em todo o seu modo de ser” (S. Luís Maria de Montfort). A oração que
brota dos seus lábios tem como objeto uma fé ardente que sobrenaturaliza todos os
impulsos e ações da vida e os torna capazes de tudo ousar e fazer por Cristo-Rei. Esta fé é
representada pela Coluna de Fogo que funde todos os corações legionários num só coração
e os conduz a vitória e à Terra de Eterna Promessa, espalhando, na sua passagem, as
chamas vivificantes do Divino Amor. A Coluna é Maria, que salvou o mundo pela sua fé –
“Feliz a que acreditou” (Lc 1, 45), lê-se na moldura – e leva, infalivelmente, aqueles que A
bendizem, até o encontro definitivo com Deus.
6. As orações terminam, elevando-nos em espírito, dos trabalhos legionários à
chamada da Eternidade, em que todos os legionários fiéis, sem desistência alguma,
formarão ombro a ombro para receber a coroa que jamais poderá ser destruída, prêmio do
seu serviço.
Entretanto, não nos esqueçamos de orar por aqueles que terminaram já o combate e
esperam a glória da ressurreição. Podem talvez precisar das orações dos companheiros.
145
[Capítulo 25 O Quadro da Legião página 146]
“Lemos no Antigo Testamento que o povo de Deus foi guiado pelo Senhor, do Egito
à Terra Prometida, de dia por uma coluna de nuvem, e de noite por uma coluna de fogo
(Ex 13, 21). Esta coluna maravilhosa, ora de nuvem, ora de fogo, simbolizava Maria
Santíssima e as funções que Ela desempenha em nosso proveito” (Santo Afonso de
Ligório).
26
A TESSERA
Será entregue a todos os legionários Ativos e Auxiliares uma folhinha chamada
Tessera, que contém as orações da Legião e reproduz o respectivo quadro.
Entre os romanos, a palavra Tessera designava a ficha ou senha que os amigos
entregavam uns aos outros, como sinal de identificação entre eles e os seus descendentes.
Como expressão militar, significava a tabuazinha que circulava na Legião Romana como
senha do dia.
A Legião de Maria aplica a palavra Tessera à folhinha que contém as suas orações e
o seu quadro, pois reúne estas propriedades:
a) Circula entre todos os legionários;
b) exprime a verdadeira senha da Legião: – as orações;
c) é o símbolo de unidade e fraternidade entre os legionários onde quer que se
encontrem.
Por acaso, esta mesma idéia de universalidade aplica-se a uma dúzia de termos
latinos usados para designar certos elementos característicos do sistema. Facilitam de tal
modo a intercomunicação que se tornam indispensáveis. A objeção de que constituem
elementos estrangeiros na Legião é inaceitável, pois enraizaram-se de tal maneira que
presentemente são palavras legionárias. Seria uma grande injustiça para com a Legião
privá-la de uma marca tão útil e característica.
“Companheiros de viagem nesta terra miserável, somos tão fracos que precisamos
todos do braço do nosso irmão, para nos apoiarmos e não fraquejarmos na jornada. Mas é
sobretudo no domínio da salvação e da graça que Deus quer que estejamos unidos. A
oração é o laço que une todos os corações num só coração, todas as vozes numa só voz. A
nossa força reside na oração unida. Só
Vexillum Legionis Modelo de Mesa Modelo para Acies ou Procissão
146
[Capítulo 26 A Tessera página 147]
assim nos tornaremos invencíveis. Apressemo-nos, pois, a unir as nossas orações, esforços
e desejos, na certeza de que esses meios, por si mesmos poderosos, hão de tornar-se, pela
união, irresistíveis” (Ramière).
27
VEXILLUM LEGIONIS
O “Vexillum Legionis” é uma adaptação do estandarte da Legião Romana. A águia
que ficava em cima deste último foi substituída pela pomba – símbolo do Espírito Santo.
Por baixo desta, exibe-se com orgulho a legenda: “Legio Mariae” (Legião de Maria). Entre
esta e a haste do Vexillum (e unida à primeira por uma rosa e um lírio) há uma moldura
oval com a imagem da Imaculada Conceição, copiada da Medalha Milagrosa. A haste
firma-se num globo que, nos modelos de mesa, assenta numa base quadrada. O conjunto
exprime a idéia da conquista do mundo pelo Espírito Santo, atuando por Maria e seus
filhos.
a) O papel destinado à correspondência oficial da Legião deve ser timbrado com a
gravura do Vexillum.
b) Sobre a mesa de reunião deve-se colocar o Vexillum, situando-o quinze
centímetros à frente da imagem, com o desvio de quinze centímetros para a direita. O
modelo de mesa, comumente usado, tem trinta e dois centímetros de altura, incluindo a
base. Numa página próxima damos o desenho do Vexillum. Na impossibilidade de se
conseguir obtê-lo na localidade, pode-se pedir ao Concilium, o qual dispõe de exemplares
em metal e ônix.
c) Na Acies e nas procissões, usar-se-á um modelo em ponto grande, com dois
metros de altura, sendo cerca de 60 centímetros para a haste que sustenta o globo. A parte
restante será de acordo com o desenho da página anterior à escala de 12/1. A haste assenta
numa base (não faz parte do Vexillum), para o manter erguido durante a cerimônia da Acies
e sempre que não for levado por alguém.
147
[Capítulo 27 Vexillum Legionis página 148]
Este Vexillum de grande formato não é fornecido pelo Concilium, mas pode ser
feito ou pintado localmente, com facilidade. Os que desejarem uma reprodução mais
trabalhada, recorrerão a outro material e não à madeira. O desenho permite ampla liberdade
para arranjo artístico.
d) O Vexillum tem direitos reservados e só pode ser reproduzido com licença formal
do Concilium.
“Que belo e sugestivo é o estandarte da Legião de Maria” (Pio XI).
148
[Capítulo 27 Vexillum Legionis página 149]
Vexillum Legionis
O Estandarte da Legião
S. Luís Maria de Montfort compreendeu com admirável clareza que não pode haver
separação entre a Virgem Maria e o Espírito Santo. A Legião de Maria fez penetrar em sua
doutrina uma completa convicção a respeito deste laço de união; por este motivo procura
séria e ardentemente um conhecimento cada vez mais profundo da doutrina do Espírito
Santo” (Laurentin).
149
[página 150]
28
ADMINISTRAÇAO DA LEGIÃO
1. Normas gerais para todos os Conselhos Administrativos
1. A administração da Legião, tanto local como central, está confiada aos seus
diversos Conselhos. A estes cabe, dento da esfera da sua jurisdição, assegurar a unidade,
defender os ideais primitivos da Legião de Maria, guardar puros o seu espírito, os seus
regulamentos e os seus costumes – conforme o Manual Oficial da Legião – e, finalmente,
tratar da sua expansão.
Onde quer que esteja fundada, a Legião terá o valor que os seus Conselhos quiserem
que ela tenha.
2. Todo o Conselho deve se reunir regular e freqüentemente, em regra, ao menos
uma vez por mês.
3. As orações, a disposição e a ordem das reuniões de todo e qualquer Conselho da
Legião, são as mesmas já estabelecidas para a reunião do Praesidium, exceto quanto: a) à
duração das reuniões que não tem limite determinado; b) à leitura da Ordem Permanente
que não é obrigatória; c) à coleta que é livre.
4. O dever principal de todo o Conselho é obedecer ao Conselho Superior imediato.
5. Nenhum Praesidium ou Conselho pode ser fundado sem a licença expressa do
Conselho Superior imediato ou do Concilium Legionis e sem a aprovação da autoridade
eclesiástica competente.
6. Ao Bispo da Diocese e ao Concilium Legionis, individualmente considerados, é
reservado o direito de dissolver qualquer Praesidium ou Conselho. Estes deixam, por esse
motivo, de pertencer à Legião de Maria.
7. Cada Conselho terá como Diretor Espiritual um sacerdote nomeado pela
autoridade eclesiástica competente, o qual exercerá o seu cargo enquanto a esta interessar.
A ele cabe a última palavra em todos os assuntos de ordem moral e religiosa que surgirem
nas reuniões do Conselho e o direito de interromper a discussão sobre questões que possam
surgir, a fim de obter da autoridade eclesiástica que o nomeou a decisão definitiva.
150
[Capítulo 28 Administração da Legião página 151]
O Diretor Espiritual é Oficial do Conselho, cumpre-lhe defender toda a autoridade
legionária legitimamente constituída.
8. Além do Diretor Espiritual, cada Conselho terá um Presidente, um Vice-
Presidente, um Secretário e um Tesoureiro, e ainda outros Oficiais, caso a sua necessidade
seja reconhecida e aprovada pelo Conselho superior imediato. São eleitos para um cargo
por três anos, tendo porém o direito de se reelegerem por mais três. O Oficial cujo tempo de
mandato terminou não pode continuar a exercer os deveres do mesmo cargo.
Quando um Oficial, por qualquer motivo, não completa o primeiro mandato de três
anos, deve ser considerado como se o tivesse cumprido por inteiro na data em que deixa o
cargo. Durante o tempo do primeiro mandato que ele não terminou, pode ser reeleito para o
mesmo cargo por outros três anos, considerando-se estes um segundo período. Se ele não
completa o segundo período de três anos, deve considerar-se como tendo servido seis anos,
no momento em que abandona o cargo.
Tendo completado um segundo período de três anos, requer-se um intervalo de três
anos, antes de poder ser eleito para o mesmo cargo no mesmo Conselho. Este intervalo não
é exigido, quando se trata de um cargo diferente no mesmo Conselho ou de um cargo em
qualquer outro Conselho.
Todo o Oficial de um Conselho deve ser membro ativo de um Praesidium e cumprir
as exigências da Instrução Permanente.
9. A elevação de categoria de um Conselho (de Curia a Comitium, etc.) não afetará
o limite de duração dos cargos dos Oficiais existentes.
10. Os Oficiais de um Conselho serão eleitos numa reunião normal do Conselho,
pelos membros do mesmo Conselho (isto é, pelos Oficiais dos Praesidia e dos Conselhos a
ele diretamente filiados e quaisquer Oficiais eleitos do Conselho) que estiverem presentes.
Qualquer legionário pode ser eleito. Se o eleito não for membro do Conselho, ficará sendo
a partir desse momento. Todas as eleições de Oficiais estão sujeitas à aprovação pelo
Conselho Superior imediato, podendo os eleitos, entretanto, desempenhar as funções dos
respectivos cargos.
11. Deve-se dar conhecimento, antecipadamente, a todos os membros, das
nomeações e eleições que deverão ser realizadas,
151
[Capítulo 28 Administração da Legião página 152]
se possível, na reunião, que as precede. É para desejar que os candidatos tenham perfeito
conhecimento dos deveres dos respectivos cargos.
12. É permitido comentar, com as reservas impostas pela conveniência, a idoneidade
dos candidatos. Podem também os Oficiais do Conselho, na sua qualidade de corpo
diretivo, e conhecendo as condições favoráveis de um determinado candidato, recomendálo
aos votantes. Tal recomendação, porém, não se opõe à proposta de outros candidatos e à
forma perfeita de eleição.
13. A eleição será feita por votação secreta. Poderá ser da seguinte forma: a eleição
de cada Oficial deve ser feita separadamente, por ordem decrescente. Cada nome sugerido
deve ser formalmente proposto e apoiado. No caso de haver um só candidato, a votação
não é necessária. Se, porém, forem apresentados e apoiados dois ou mais nomes, deverá
proceder-se à votação. A cada membro do Conselho (incluindo os Diretores Espirituais)
que estiver presente com direito a voto, será entregue uma ficha de voto. Preste-se a
máxima atenção a esta última exigência: só os membros do Conselho têm direito a voto.
Uma vez preenchidas, as cédulas devem ser dobradas cuidadosamente e recolhidas pelos
que vão contar os votos. O nome do votante não deve aparecer na cédula.
Se a contagem dos votos revelar que um candidato obteve a maioria absoluta, isto é,
um número de votar maior que a soma dos votos dos outros, ele será declarado eleito. Se
nenhum candidato obtiver a maioria absoluta, dar-se-á conhecimento do resultado da
votação, e se fará nova votação sobre os mesmos candidatos. Se essa repetição não der uma
maioria absoluta a um candidato, será eliminado o que tiver menor número de votos e se
votará pela terceira vez sobre os candidatos restantes. Se esta terceira votação ainda não der
resultado, deverão ser feitas novas eliminações e revotações, até um dos candidatos obter a
maioria necessária de votos.
O fato de se tratar da escolha de Dirigentes de uma organização religiosa não
justifica métodos menos sérios de eleição. Esta deve ser feita de forma correta e exata,
conforme os estatutos, respeitando ao mesmo tempo o caráter secreto do voto individual.
É necessário que se registre na ata da reunião o processo completo das eleições,
incluindo nome dos proponentes e dos
152
[Capítulo 28 Administração da Legião página 153]
seus apoiantes, com o número de votos recebidos por cada candidato (quando há mais de
um), e que tal ata seja enviada ao Conselho Superior imediato, para este decidir da sua
possível aprovação.
14. Compete aos Oficiais de um Praesidium ou de um Conselho representá-lo no
Conselho Superior imediato.
15. A experiência já comprovou que a designação de correspondentes é o meio mais
eficiente para um Conselho Superior exercer as suas funções de supervisão dos Conselhos
distantes, a ele filiados. O correspondente mantém um contato regular com o respectivo
Conselho e, a partir da ata recebida mensalmente, prepara o relatório que deve apresentar
ao Conselho Superior, quando solicitado. Assiste às reuniões do Conselho Superior e toma
parte no debate dos assuntos ali apresentados, mas não tem direito a voto, a não ser que seja
membro do respectivo Conselho.
16. Qualquer pessoa, faça ou não parte da Legião, pode assistir às reuniões de um
Conselho, com autorização deste, a título de visitante, mas sem direito a voto. Tais pessoas
são obrigadas a guardar segredo sobre o que se passa na reunião.
17. Os Conselhos da Legião são os seguintes: Curia, Comitium, Regia, Senatus,
Concilium e quaisquer outros que venham a ser fundados, em conformidade com os
Estatutos.
18. Os nomes latinos dos vários Conselhos concordam admiravelmente com as
funções que desempenham.
Dentro da Legião, Maria é Rainha. É Ela quem convoca o exército legionário para as suas
gloriosas campanhas, dirige-o no campo de operações, anima-o ao combate e,
pessoalmente, o conduz à vitória. Depois da Rainha, vem naturalmente o seu Conselho
Supremo – ou Concilium – que a representa visivelmente e participa com Ela da direção de
todos os outros Conselhos Legionários.
Os Conselhos regionais são de caráter essencialmente representativos, menos,
porém, os Conselhos mais elevados, por causa da impossibilidade prática de garantir o
comparecimento às reuniões regulares dos Conselhos centrais, representativos de áreas
muito extensas. Deste modo, os nomes de Curia, Comitium, Regia
153
[Capítulo 28 Administração da Legião página 154]
e Senatus destacam a função própria e a posição de um em relação ao outro, definindo a
área de atuação de cada um.
19. Um Conselho superior pode combinar as funções próprias com as funções de
um Conselho a ele subordinado. O Senatus, por exemplo, pode atuar também como Curia e,
de fato, é o que acontece invariavelmente.
Tal combinação de funções é vantajosa pelas seguintes razões:
a) Em geral, as mesmas pessoas estão encarregadas da administração do Conselho
superior e do Conselho inferior. Se uma reunião pode servir a dois propósitos haverá
economia de tempo e energia.
b) Há, porém, uma consideração mais importante. Vivendo os representantes do
Conselho superior muito afastados da sede, seria muitas vezes impossível a estes participar
das reuniões regulares e freqüentes com a assiduidade devida. Conseqüência inevitável e
evidente: alguns legionários zelosos ficariam sobrecarregados com pesadas
responsabilidades e inúmeros trabalhos, que muitas vezes não serão feitos ou ficarão
descuidados, com sério prejuízo para a Legião.
A combinação de funções do Conselho superior com as do inferior assegurará uma
assistência mais numerosa e mais regular às reuniões. Os membros, além de cumprirem os
deveres próprios do Conselho inferior, ainda serão iniciados e interessados nos trabalhos do
Conselho superior. Torna-se assim possível associá-los aos importantíssimos serviços de
inspeção, expansão e secretaria do Conselho superior.
Pode-se objetar que tal procedimento significa entregar a direção de uma grande
área a um Conselho que na verdade não é local. Isto é um engano, pois é somente o núcleo
daquele Conselho superior que é local. Os representantes de cada um dos Conselhos
filiados têm o dever de assistir às reuniões e, sem dúvida, de o fazer conscienciosamente
da melhor forma possível. A solução proposta é a de que o Conselho superior funcione
separadamente, contentando-se, digamos, com quatro reuniões por ano. Deste modo estaria
assegurada uma grande representação. Tal proposta a favor dos interesses de uma
administração representativa não corresponde à realidade dos fatos, pois, nos intervalos das
reuniões, o Conselho em questão seria forçado a entregar aos Oficiais a resolução dos seus
problemas, e a exercer as suas funções administrativas apenas nominalmen-
154
[Capítulo 28 Administração da Legião página 155]
te. Resultado: os membros perderiam o sentido da responsabilidade e todo o interesse real
pelo seu trabalho.
Além disso, a reunião tão espaçada de um grupo de dirigentes se pareceria mais com
um Congresso do que com um Conselho. Não possuiria as características de um corpo
governativo, a principal das quais é o sentido de continuidade e um conhecimento íntimo
do trabalho administrativo e dos seus problemas.
20. Todo o legionário tem o direito de se comunicar confidencialmente com a Curia
de que depende ou com qualquer outro Conselho Superior da Legião. Ao tratar de um
assunto conhecido de maneira sigilosa, tal Conselho atuará com a máxima prudência e
evidentemente, com o devido respeito pela posição e pelos direitos de qualquer Conselho
ou Praesidium subordinado. Alguns poderiam pensar que a comunicação com os
Conselhos, por fora das vias normais, isto é, por fora do Praesidium ou do Conselho de que
dependem imediatamente os legionários, constitui um ato de deslealdade. Ora, não é assim.
Temos de encarar o fato de, por vezes e por motivos vários, os Oficiais dos Conselhos
Superiores desconhecerem assuntos que lhes deviam ser relatados. Se não houvesse outros
meios de informação, tais Conselhos ficariam privados de conhecimentos indispensáveis.
Todo o Conselho tem o direito – sem o qual não poderia funcionar convenientemente – de
tomar conhecimento daquilo que realmente se passa na área confiada aos seus cuidados.
Este direito essencial tem de ser garantido.
21. Todo o Conselho legionário tem o dever de ajudar economicamente o Conselho
Superior imediato. Vejam-se a este respeito os capítulos 34 e 35, sobre as Receitas e
Despesas e a Coleta Secreta.
22. Pertence à essência de um Conselho legionário a franca e livre discussão dos
assuntos e problemas que lhe dizem respeito. Não se trata apenas de um grupo diretivo,
encarregado de supervisionar e de tomar decisões, mas de uma escola de Oficiais. Mas,
como poderão estes formar-se se não houver debate e não se puserem em destaque os
princípios e ideais legionários? Além disso, o debate deve ser geral. O Conselho não deve
se assemelhar de modo algum a um teatro, em que uma pequena minoria representa para
um auditório silencioso. O Conselho só funcionará plenamente, se todos os seus membros
para isso contribuírem. Um membro do Conselho não funciona, se não
155
[Capítulo 28 Administração da Legião página 156]
toma parte ativa nos seus trabalhos. Enquanto ouve, pode receber alguma coisa do
Conselho, mas não dá nada. Pode mesmo acontecer de sair da reunião com o cérebro vazio,
em virtude do fato psicológico de a inércia enfraquecer a memória. O membro do Conselho
habitualmente silencioso é como a célula parada do cérebro ou do corpo humano, que retém
o que dela é exigido, atraiçoa o propósito da sua existência e se torna, para a pessoa, um
perigo constante. Seria triste que alguém se tornasse um perigo para o Conselho legionário
a que deseja servir. A passividade, onde vitalmente se requer a atividade, conduz à
decadência, e a decadência tende a se alastrar.
Por conseguinte, é princípio indiscutível que nenhum membro pode ser passivo.
Deve contribuir plenamente para a vida do Conselho, não só com a sua presença, não só
ouvindo, mas falando. Parece ridículo dizê-lo e, no entanto, tem um sério alcance: cada
membro de um Conselho deve contribuir para os seus trabalhos, ao menos, com uma
observação anual. Há pessoas tímidas, para as quais, falar significa uma dificuldade muito
grande. Vençam esse problema e mostrem um pouco daquela coragem que a Legião exige
de seus membros em todas as circunstâncias.
Tais pessoas respondem prontamente que é impossível falarem todos no pouco
tempo disponível e, na realidade, assim é. Deixemos, porém, a solução desse problema para
quando o mesmo se apresentar. O problema que quase sempre se tem de enfrentar é
precisamente o contrário: participação imperfeita dos membros nos debates, que resultam
apenas das contribuições de um pequeno grupo de enérgicos faladores. Por vezes, o silêncio
do conjunto é disfarçado pela eloqüência de uns poucos.
Acontece também, com demasiada freqüência, que o Presidente fala em excesso e
elimina os outros. É muito preocupante o efeito desanimador de uma só voz. Desculpa-se o
Presidente explicando que se ele não fala, se estabelece um silêncio de morte. Se isso
acontecer, não tema o momento de silêncio. Este é um eloqüente convite a todos os
membros para darem vida ao Conselho com as transfusões das suas vozes. Os mais tímidos
estarão certos de que chegou o seu momento: não impedirão ninguém de falar, tomando a
palavra.
Seja esta uma norma inabalável: o Presidente não pronunciar uma só palavra inútil.
Examine a este respeito o modo como dirige as reuniões.
23. Para ajudar a reunião, não se deve falar numa atitude de desafio; não se faça
uma pergunta sem ajuntar uma idéia como
156
[Capítulo 28 Administração da Legião página 157]
resposta; não se apresente uma dificuldade sem tentar resolvê-la. Uma atitude puramente
negativa está apenas a um pequeno passo desse silêncio destruidor.
24. Ganhar o outro convencendo-o, e não à força de votos, será a nota dominante de
toda a reunião legionária. As decisões forçadas e precipitadas levariam à formação de
partidos: uma maioria vencedora e uma minoria vencida, ambas irritadas e fechadas no seu
próprio parecer. Pelo contrário, as decisões que são fruto de paciente exame, de ampla
discussão de pontos de vista, serão aceitas por todos e com tal espírito, que o vencido
ganhará méritos com a derrota e o vencedor não os perderá com o triunfo.
Por isso quando existirem diferenças de opinião, os que têm uma clara maioria a seu
favor não se precipitem, tenham paciência. Podem não ter razão e vencer; isto seria
sumamente grave. Se é possível, adie-se a decisão para reunião seguinte ou mesmo para
mais tarde, de maneira a permitir um exame cuidadoso e um perfeito conhecimento de
causa. Entretanto, faça-se esforço por estudar o assunto sob todos os pontos de vista,
recorrendo à oração, a fim de serem iluminados. Convençam-se bem de que o importante
não é a vitória de uma opinião, mas a investigação humilde da vontade de Deus. Deste
modo se verificará que em breve se chega à perfeita unidade de pensamento.
25. Se os interesses da harmonia devem ser guardados, com toda a vigilância, dentro
do Praesidium, onde as ocasiões de choque das diversas opiniões são tão raras, com que
cautela não se deverá proceder nos Conselhos!
Porque:
a) Os membros estão aqui menos acostumados a trabalhar juntos.
b) As divergências de opinião são muitas, sendo um dos principais cuidados dos
Conselhos tentar harmonizá-las. Exame de novos projetos, esforços para conseguir padrões
mais elevados, questões sobre a disciplina geral, deficiências que é preciso eliminar: tudo
isto tende necessariamente a criar desentendimentos que podem tornar-se fontes de
discórdia.
c) Onde os membros são numerosos, é fácil encontrar algumas pessoas, que embora
excelentes, acabam “aparecendo” demais. Exercem sobre as outras uma negativa
influência; com o seu jeito destacado de ser, formam um grupo de seguidores e criam um
ambiente de discussão e mal-estar. Resultado: o Con-
157
[Capítulo 28 Administração da Legião página 158]
selho, que deveria ser para os inferiores, um modelo de fraternidade e de método de
direção dos negócios, torna-se um mau exemplo para todos os legionários. É um coração a
espalhar veneno no aparelho circulatório da Legião.
d) Como conseqüência de uma falsa lealdade, nasce muitas vezes, a tendência para
atacar o Conselho vizinho ou Superior, acusando-o – (quão fácil é elaborar uma acusação e
conseguir que os demais a aprovem!) – de passar dos limites dos seus poderes ou de se
portar indignamente.
e) “Nunca os homens se reúnem em grande número, sem que a paixão, a teimosia, o
orgulho e a incredulidade, mais menos adormecida em cada um deles, brotem em chamas e
se tornem elemento constitutivo da sua união. Mesmo quando têm fé e se unem para fins
piedosos, uma vez associados, não tardam a evidenciar a fragilidade própria da natureza
humana. No espírito e no procedimento, no falar e no agir estão em grave contraste com a
retidão e a simplicidade cristãs. É isto que os escritores sagrados entendem por “mundo”, e
a razão por que contra eles nos pedem prudência. A descrição do “mundo”, que eles nos
deixaram, aplica-se, em grau diverso, a todas as sociedades humanas, das classes elevadas
ou baixas, de caráter nacional ou profissional, leigo ou eclesiástico” (Cardeal Newman: No
Mundo).
Palavras chocantes, sem dúvida, mas de um grande pensador. S. Gregório
Nazianzeno diz a mesma coisa com outras palavras. O que à primeira vista parece uma
afirmação estranha, reduz-se, em simples e clara análise, ao seguinte: o “mundo” é a falta
de caridade. Em cada um de nós esta caridade é fraca, e a sua fraqueza esconde-se, até certo
ponto, sob os laços do parentesco, da intimidade, da amizade, tudo isto limitado a poucas
pessoas; mas, quando os homens se associam em maior número, surge a crítica e a
discórdia, e essa caridade mostra imediatamente as suas fraquezas com as suas péssimas
conseqüências. “Deus e a caridade são uma e mesma coisa” – diz S. Bernardo. “Onde não
reina a caridade, dominam as paixões e os apetites da carne. A chama da fé, se não se
acende na fogueira da caridade, se apagará antes de conseguirmos alcançar a felicidade
eterna... Não há verdadeira virtude sem caridade”.
Estas graves advertências pouco aproveitam aos legionários se, depois de as lerem,
se contentarem com este protesto: “Entre nós nunca tal acontecerá”. Pode e há de acontecer,
se nas reuniões houver falta de caridade e se esfriar o espírito sobrenatural. Temos de estar
sempre alerta.
158
[Capítulo 28 Administração da Legião página 159]
A história relata-nos que a Legião Romana nunca deixou passar uma noite, mesmo
nas marchas forçadas, sem montar acampamento, abrir trincheiras e fortificar
cuidadosamente o campo; e isto mesmo que o acampamento durasse uma só noite e o
inimigo estivesse longe. Mais: mesmo em tempo de paz!... Tendo como modelo esta
disciplina, aplique-se a Legião de Maria a defender os seus espaços (isto é, as suas
reuniões) contra possíveis invasões deste destruidor espírito do “mundo”, excluindo todas
as palavras e atitudes inimigas da caridade e, em geral, preenchendo as reuniões de
profundo espírito de oração e de perfeita piedade legionária.
“A graça como a natureza tem os seus sentimentos e afetos: o seu amor, o seu zelo,
as suas esperanças, as suas alegrias e as suas penas. De todos estes sentimentos gozava
plenamente a Santíssima Virgem, pois vivia mais da vida da graça que da vida da
natureza. A maior parte dos fiéis encontram-se mais em estado de graça do que na vida da
graça. Muito ao contrário a Santíssima Virgem, enquanto viveu na terra, esteve sempre em
graça e, mais que isso – na vida da graça, na perfeição desta grandiosa vida” (Gibieuf:
Da Virgem Dolorosa ao pé da Cruz).
2. A Curia e o Comitium
1. Logo que numa cidade ou região se fundem dois ou mais Praesidia, deve formarse
também um Conselho diretivo chamado Curia. Esta será constituída por todos os Oficiais
(incluindo os Diretores Espirituais) dos Praesidia da respectiva área.
2. Onde for necessário conferir a uma Curia, além das funções próprias, certos
poderes de administração sobre uma ou várias Curiae, tal Curia superior tomará a
denominação particular de Comitium.
O Comitium não é um novo Conselho. Continua a agir como Curia em relação à sua
própria área e a governar diretamente os seus próprios Praesidia. Além disso, administra
uma ou mais Curiae.
Cada Curia ou Praesidium diretamente dependentes do Comitium tem nele, direito à
plena representação.
A fim de aliviar os representantes de uma Curia da participação de todas as reuniões
do Comitium (as quais somadas com as reuniões da própria Curia se tornariam um fardo
demasiada-
159
[Capítulo 28 Administração da Legião página 160]
mente pesado) poderão tratar dos assuntos relativos a essa Curia, de duas em duas ou de
três em três reuniões do Comitium, exigindo apenas para essa ocasião, a presença dos ditos
representantes.
O Comitium, em geral, não deverá ultrapassar os limites de uma Diocese.
3. O Diretor Espiritual será nomeado pelo Bispo da Diocese onde a Curia (ou
Comitium) exerce as suas funções.
4. A Curia exercerá autoridade sobre os Praesidia que dela dependem, de acordo
com os Estatutos da Legião. Nomeará os Oficiais, exceto o Diretor Espiritual, e cuidará da
duração dos seus cargos. Quanto à maneira de proceder para a sua nomeação, veja-se o
número 11 do Capítulo “O Praesidium”.
5. A Curia velará pela correta observância dos regulamentos, por parte dos Praesidia
e dos seus membros. Entre as atividades importantes da Curia, deverão contar-se as
seguintes:
a) Formar e vigiar os Oficiais no desempenho dos seus cargos e na maneira de
dirigir os respectivos Praesidia.
b) Receber os relatórios dos Praesidia, ao menos uma vez por ano.
c) Comunicar reciprocamente as experiências.
d) Estudar novos trabalhos.
e) Tender à criação de padrões elevados.
f) Certificar-se de que cada legionário cumpre satisfatoriamente a sua tarefa
semanal.
g) Expandir a Legião e estimular os Praesidia a recrutar Auxiliares, a organizá-los e
a velar por eles.
Em vista disto, torna-se evidente o alto grau de coragem moral que a Legião exige
da Curia, especialmente dos seus Oficiais, a fim de cumprirem convenientemente os
deveres dos seus cargos.
6. A sorte da Legião está nas mãos das Curiae e o seu futuro depende do
desenvolvimento delas. A própria existência da Legião, em qualquer localidade, deve
considerar-se fraca, enquanto não se fundar uma Curia.
7. Os legionários com menos de 18 anos não podem pertencer a uma Curia de adultos; mas,
se houver conveniência, se fundará uma Curia Juvenil, dependente da primeira.
160
[Capítulo 28 Administração da Legião página 161]
8. É absolutamente necessário que os oficiais da Curia, sobretudo o Presidente,
estejam sempre dispostos a atender os legionários, seus subordinados, ansiosos por
solucionar dificuldades, apresentar projetos ou tratar de outros assuntos ainda
insuficientemente amadurecidos para uma discussão pública.
9. É aconselhável que os Oficiais, especialmente o Presidente, dediquem tempo
considerável ao desempenho dos seus cargos. Disso depende muito o bom êxito da obra.
10. Quando numerosos Praesidia dependem de uma Curia, numerosos terão de ser
os representantes na reunião da mesma. Tal fato poderá causar dificuldades de acomodação
e de perfeita administração. Crê, todavia a Legião, que estas dificuldades serão amplamente
compensadas por vantagens de outro gênero.
A Legião espera que as suas Curiae sejam algo mais que simples máquinas
administrativas. Cada uma é o coração e o cérebro do grupo de Praesidia que dela
dependem. Sendo a Curia centro de unidade, quanto mais numerosos forem os laços (isto é,
os representantes) que a unem aos Praesidia, tanto mais forte será esta unidade e,
conseqüentemente, mais seguros estarão os Praesidia de reproduzir o espírito e os métodos
da Legião. Ora só nas reuniões da Curia é que os assuntos relacionados com a essência da
Legião podem ser discutidos e compreendidos completamente. Daí serão transmitidos aos
Praesidia e assim difundidos entre os respectivos membros.
11. A Curia deve providenciar para que cada Praesidium seja visitado
periodicamente duas vezes por ano, se possível, a fim de o estimular e de se assegurar de
que tudo caminha ordenadamente.
É da maior importância que tais visitas não se façam com espírito de censura ou de
fiscalização, o que levaria a temer a presença dos visitantes e a aceitar com desprazer as
suas recomendações; mas num espírito de amor e de humildade, conscientes os visitantes
de que têm tanto ou mais a aprender de qualquer Praesidium visitado, como a ensinar-lhe.
A visita deverá ser notificada ao Praesidium, com uma semana de antecedência,
pelo menos.
Ouvem-se, às vezes, queixas com a justificativa de que a visita representa uma
“interferência estranha”. Tal atitude manifesta pouco respeito para com a Legião, da qual os
Praesidia são simples elementos e à qual devem perfeita lealdade. Dirá a mão à cabeça “não
preciso do teu auxílio?” Além disso, tal atitude é
161
[Capítulo 28 Administração da Legião página 162]
prova de ingratidão, pois que essas unidades, devem sua existência a isso que eles chamam
de “interferência estranha”. São incoerentes consigo mesmos, pois aceitam de bom grado,
da Autoridade Central, toda e qualquer iniciativa ou ordem que julgam úteis à organização.
É também uma atitude insensata, já que a proposta está de acordo com a experiência
universal. Em toda a organização, seja ela religiosa, civil ou militar, o reconhecimento
espontâneo compreensivo e prático da Direção Central é essencial à defesa e salvaguarda
do espírito e do bom funcionamento. A visita regular às unidades da organização é um fator
importantíssimo da aplicação desse princípio, e nenhuma forma competente de governo o
descuida.
Além de as visitas por parte da Curia serem necessárias ao bem-estar do Praesidium,
recorde-se a este que a visita é um ponto estabelecido pelo Regulamento, cumprindo-lhe,
por isso, cuidar para que a Curia não se desleixe no cumprimento desta obrigação.
Desnecessário é dizer que os visitantes devem ser acolhidos cordialmente.
Nesta ocasião, o visitante examinará as listas dos membros, os livros de Secretaria e
de Tesouraria, a Folha de Trabalhos e outros elementos da organização do Praesidium, a
fim de verificar se estão em ordem, e certificar-se de que todos os membros, em condições
de fazer o Compromisso Legionário o fizeram de fato.
A inspeção deve ser feita por dois representantes da Curia. Não se requer que estes
sejam Oficiais da Curia; tal tarefa pode ser confiada a qualquer legionário experiente. Os
visitantes apresentarão aos Oficiais da Curia um relatório escrito sobre o resultado da sua
visita. O Concilium fornece modelos destes relatórios.
Os defeitos verificados não devem ser, logo de início, motivo de observações
públicas, quer no Praesidium quer na Curia. Tratem-se primeiramente com o Diretor
Espiritual e o Presidente do Praesidium. Se não der resultado, submeta-se o caso à Curia.
12. A Curia, em relação aos membros que a compõem, está mais ou menos na
mesma situação que o Praesidium em relação aos seus. Por isso, tudo que o nestas páginas
se expõe com relação à assistência e comportamento dos legionários nas reuniões do
Praesidium aplica-se igualmente aos representantes do Praesidium nas reuniões da Curia. O
zelo manifestado pelos Oficiais em outros serviços nunca compensará o descuido na fiel
participação às reuniões da Curia.
162
[Capítulo 28 Administração da Legião página 163]
13. A Curia se reunirá em tempo e lugar determinados por ela própria, com
aprovação do Conselho Superior imediato. As reuniões deverão fazer-se, se possível, ao
menos uma vez por mês. Vejam-se as razões para esta freqüência no número 19 de “1.
Normas gerais...”, deste capítulo.
14. O Secretário, depois de consultado o Presidente, preparará a agenda da reunião
da Curia e deverá entregá-la, com a devida antecedência, aos Diretores Espirituais e
Presidentes dos Praesidia nela representados. É ao Presidente que cabe avisar os demais
representantes do Praesidium.
O programa proposto tem caráter provisório, devendo dar-se aos membros, a maior
liberdade possível para a apresentação de novos assuntos.
15. A Curia exercerá a máxima vigilância sobre os Praesidia para que estes não se
afastem do seu verdadeiro espírito, distribuindo bens materiais, o que seria o fim de todo o
trabalho legionário verdadeiramente proveitoso.
A inspeção periódica dos livros de contas do Tesoureiro ajudará a Curia a descobrir
os primeiros sinais de qualquer irregularidade.
16. O Presidente – e o mesmo se diz de todos os dirigentes – deve esforçar-se por
não cair numa falta demasiadamente comum: querer assumir a responsabilidade sozinho,
das coisas mínimas. O resultado de semelhante tendência seria o enfraquecimento da ação,
chegando, nos grandes centros, onde existe muito trabalho, a provocar até a paralisação de
toda a máquina legionária. Quanto mais estreito é o gargalo de uma garrafa, tanto mais
lentamente dela escorre o líquido, acontecendo, por vezes, que alguém mais impaciente
acabe por quebrá-la.
Mas eis outro aspecto não menos sério: negar as responsabilidades, a quem pode
honestamente assumi-las, é ser injusto não só para com esses legionários, mas também para
com a própria Legião. O exercício de um certo grau de responsabilidade é condição
indispensável ao desenvolvimento das grandes qualidades do indivíduo. A responsabilidade
é capaz de transformar a simples areia em ouro fino.
O Secretário não deve limitar-se pura e simplesmente ao trabalho de secretaria, nem
o Tesoureiro ao arranjo das contas. A todos os Oficiais, mesmo aos mais experientes e aos
promissores, devem ser confiados cargos em que possam desenvolver o
163
[Capítulo 28 Administração da Legião página 164]
espírito de iniciativa e de controle, pelos quais serão responsáveis, embora sujeitos à
autoridade superior, a quem sempre se subordinarão. Tal procedimento tem como fim
essencial, formar os legionários no sentido da responsabilidade pelo bem-estar e progresso
da Legião, como poderoso meio de contribuir para a salvação do próximo.
“Todas as obras de Deus estão fundamentadas na unidade, pois o fundamento de
todas é Ele mesmo – a mais simples e superior de todas as unidades possíveis. Deus é uno,
por definição; mas, porque, em nosso entender é também multiforme na sua perfeição e
nos Seus atos, segue-se que a ordem e a harmonia são da Sua própria essência”. (Cardeal
Newman: A Ordem, Testemunha e Instrumento de Unidade. Esta e as três citações
seguintes formam no original uma só passagem).
3. A Regia
1. O Conselho escolhido pelo Concilium para exercer autoridade sobre a Legião de
Maria numa região, logo abaixo do Senatus,será chamado Regia. O Concilium decidirá se a
Regia deve estar diretamente filiada ao Concilium ou ao Senatus.
2. Quando a categoria de Regia for conferida a um Conselho já existente, este
continuará a exercer as suas funções originais, a que acrescentará as novas funções (Veja-se
a este respeito o nº 1, parágrafo 19, deste capítulo sobre a Administração da Legião).
A Regia é formada pelos seguintes membros:
a) Os Oficiais de cada um dos ramos legionários diretamente filiados à Regia;
b) E os membros do Conselho, a que foi conferida a categoria de Regia, quando tal
for o caso.
3. O Diretor Espiritual da Regia será designado pelos Bispos das dioceses, sobre as
quais a Regia tem o poder de administração.
4. A eleição dos Oficiais dos Conselhos diretamente filiados à Regia está sujeita à
aprovação pela mesma Regia. Estes Oficiais têm o dever de participar das reuniões da
Regia, a não ser que estejam impedidos por circunstâncias especiais, como por exemplo, a
distância.
164
[Capítulo 28 Administração da Legião página 165]
5. A experiência comprovou já que a nomeação de correspondentes é a forma mais
eficiente de a Regia cumprir as suas funções de controle dos Conselhos distantes, que a ela
estão filiados. O correspondente mantém contato regular com o Conselho e, a partir das atas
recebidas mensalmente, prepara um relatório que apresenta à Regia, quando lhe for
solicitado. Participa das reuniões da Regia e dos debates, mas não tem direito a voto, a não
ser que seja membro da Regia.
6. Um exemplar das atas das reuniões da Regia deve ser enviado ao Conselho
Superior a que está diretamente filiada.
7. Qualquer proposta de modificação da composição da Regia, que provoque grande
alteração na sua reunião, exige aprovação formal por parte do Concilium, quer ela esteja
diretamente filiada ao Concilium, quer a um Senatus.
8. Nos dias da antiga Roma, a Regia era a residência e local de trabalho do Pontífice
Máximo; mais tarde passou a indicar a capital do rei ou a corte.
“Ser múltiplo e distinto e, todavia, ser absolutamente uno – ser a Santidade, a
Justiça, a Verdade, o Amor, o Poder, a Sabedoria, ser cada uma destas qualidades tão
plenamente como se fosse a única – implica na natureza divina uma ordem infinitamente
superior e incompreensível à nossa razão, ordem que é qualidade tão maravilhosa como
qualquer outra e o resultado de todas elas” (Cardeal Newman: A Ordem, Testemunha e
Instrumento de Unidade).
4. O Senatus
1. O Conselho designado pelo Concilium para exercer autoridade sobre a Legião
numa nação será chamado Senatus. Deve estar filiado diretamente ao Concilium.
Nos países, em que, por causa da extensão ou de outros motivos, um único Senatus
não puder desempenhar totalmente as suas funções, serão criados dois ou mais Senatus,
cada um dos quais dependerá diretamente do Concilium e exercerá autoridade sobre a
Legião na área que lhe for confiada.
165
[Capítulo 28 Administração da Legião página 166]
2. Quando a categoria de Senatus for conferida a um Conselho já existente, este
continuará a exercer as suas funções originais, a que se acrescentarão as novas
responsabilidades (Ver nº 1, parágrafo 19, do capítulo Administração da Legião).
Os membros do Senatus são os seguintes: a) os Oficiais de cada um dos Conselhos
filiados ao Senatus; b) os membros do Conselho a que foi conferida a categoria de Senatus,
quando tal for o caso.
3. O Diretor Espiritual será nomeado pelos Bispos das Dioceses sobre as quais o
Senatus tem jurisdição.
4. As eleições dos Oficiais dos Conselhos diretamente filiados ao Senatus estão
sujeitas à sua aprovação. Estes Oficiais têm o dever de participar das reuniões do Senatus, a
não ser que as circunstâncias (por ex., a distância) os impeçam.
5. A experiência já comprovou que a nomeação de correspondentes é a forma mais
eficiente de o Senatus cumprir as suas funções de supervisionar os Conselhos distantes. O
correspondente mantém contato regular com o Conselho e, a partir das atas recebidas
mensalmente, prepara um relatório para apresentar ao Senatus, quando solicitado. Participa
das reuniões e dos debates, mas não tem direito a voto, a não ser que seja membro do
Senatus.
6. O Senatus deve enviar ao Concilium um exemplar das atas das respectivas
reuniões.
7. Qualquer proposta de modificação da composição do Senatus que afete de forma
significativa e fundamental a participação na reunião, exige aprovação oficial do
Concilium.
“Deus é a Lei infinita, bem como o Poder, a Sabedoria e o Amor infinitos. A
própria noção de ordem exige a de dependência. Se existe ordem nas qualidades divinas,
devem relacionar-se mutuamente e, embora perfeitos em si mesmos, cada um deve atuar
sem prejuízo da perfeição dos demais, chegando mesmo, aparentemente, a ceder em
benefício dos restantes, em certas ocasiões” (Cardeal Newman: A Ordem, Testemunha e
Instrumento de Unidade).
166
[Capítulo 28 Administração da Legião página 167]
5. O Concilium Legionis Mariae
1. Haverá um Conselho Central chamado “Concilium Legionis Mariae”, revestido
da suprema autoridade administrativa da Legião. Salvos sempre os direitos da autoridade
eclesiástica, como estão expostos nestas páginas, só a este Conselho pertence o direito de
criar novos regulamentos, alterar ou interpretar os estabelecidos; fundar ou suprimir
quaisquer Praesidia e Conselhos subordinados, no mundo inteiro; determinar o modo de
agir em todas as situações; decidir todas as disputas e apelações, todas as questões de
filiação legionária e tudo o que se refere à oportunidade de empreendimentos ou maneiras
de os realizar.
2. O “Concilium Legionis Mariae” se reúne mensalmente, em Dublim, na Irlanda.
3. O Concilium pode transferir parte das suas funções a Conselhos subordinados ou
a Praesidia individuais e modificar, a qualquer momento, o conjunto desta delegação.
4. O Concilium pode unir às suas funções, as funções de um ou mais Conselhos
subordinados.
5. O “Concilium Legionis Mariae” será constituído pelos Oficiais de todos os
corpos legionários a ele diretamente filiados. Os Oficiais das Curiae de adultos da
Arquidiocese de Dublim formam o núcleo da participação nas reuniões do Concilium. Dada
a distância, a presença regular da maioria dos outros grupos legionários não é possível. O
Concilium reserva-se o direito de variar as representações das Curiae de Dublim.
6. O Diretor Espiritual do Concilium será nomeado pela Hierarquia Eclesiástica da
Irlanda.
7. As eleições dos Oficiais dos Conselhos diretamente filiados ao Concilium estão
sujeitos à sua aprovação pelo mesmo Concilium.
8. O Concilium nomeia correspondentes para exercer as funções de administração
dos Conselhos distantes, de que tem a responsabilidade. O correspondente mantém contato
regular com o respectivo Conselho e, a partir das atas recebidas mensalmen-
167
[Capítulo 28 Administração da Legião página 168]
te, prepara um relatório, a apresentar ao Concilium, quando lhe for pedido. Participa das
reuniões e dos debates, mas não tem direito a voto, a não ser que seja membro de direito do
Concilium.
9. Os representantes do Concilium, devidamente autorizados, podem entrar em
qualquer área da Legião, visitar os grupos e Conselhos, exercer atividades de caráter
promocional e, em geral, quaisquer funções que só ao Concilium competem.
10. Só ao Concilium Legionis Mariae compete, de acordo com os Estatutos e regras
da Legião, o direito de reformar o Manual.
11. A mudança de Estatutos não pode ser feita, sem a concordância da maior parte
dos corpos legionários. Estes devem ser notificados através dos respectivos Conselhos, de
qualquer mudança em vista. Precisam de tempo suficiente para manifestarem os seus
pareceres a respeito do assunto. Estes pareceres podem ser comunicados pelos
representantes presentes na reunião do Concilium ou através de comunicação escrita.
“O Poder de Deus é certamente infinito, mas está, todavia, subordinado à Sua
Sabedoria e Justiça; a Sua Justiça é também infinita, mas está subordinada ao Seu Amor;
infinito é o Seu Amor; mas sujeito à Sua infinita Santidade. Harmonizam-se de tal maneira
as qualidades que, entre eles, nenhum choque é possível, pois cada um é o maior na sua
própria esfera. Deste modo uma infinidade de infinitos, atuando cada um segundo o seu
modo de ser, juntam-se na unidade infinitamente simples de Deus” (Cardeal Newman: A
Ordem, Testemunha e Instrumento de Unidade).
29
LEALDADE LEGIONÁRIA
Organizar significa unir num todo, vários elementos espalhados. Desde o simples
membro, passando por todos os graus hierárquicos, até à suprema autoridade da Legião,
deve haver um princípio de intensa unidade. Não levar em conta este princípio pode
ocasionar um afastamento proporcional dos princípios fundamentais da Legião.
168
[Capítulo 29 Lealdade Legionária página 169]
Numa organização de voluntários, o cimento da união é a lealdade: lealdade do
membro ao Praesidium e do Praesidium à Curia, e assim por diante, pelos graus
hierárquicos, até ao Concilium Legionis; e sempre e por toda a parte, lealdade à Autoridade
Eclesiástica.
O verdadeiro espírito de lealdade há de inspirar ao simples legionário, ao
Praesidium e ao Conselho, o temor de uma atuação independente. Em todos os casos
duvidosos ou situações difíceis e tratando-se de novos projetos ou orientações, procure-se a
autoridade competente, em busca de direção e aprovação.
O fruto da lealdade é a obediência, que se manifesta pela aceitação pronta de
situações e decisões desagradáveis; e, convém destacar bem, por uma aceitação alegre. Esta
obediência cordial e pronta é sempre difícil. Às vezes, contraria de tal modo as nossas
inclinações naturais que atinge o heroísmo, pois se transforma numa espécie de martírio. É
assim que Santo Inácio de Loiola a considera: “Aqueles, diz ele, que por um generoso
esforço, tomaram a resolução de obedecer, adquirem grandes méritos: pelo sacrifício que
exige, a obediência assemelha-se ao martírio”. A Legião espera de seus filhos, em toda a
parte, esta docilidade heróica e suave para com a autoridade legítima, seja ela qual for.
A Legião é um exército – o exército da Virgem humílima. Deve, pois, mostrar no
trabalho cotidiano aquele heroísmo e sacrifício – mesmos supremos – que caracterizam os
exércitos da terra. Ninguém duvida de que também aos legionários de Maria serão exigidos
os mais heróicos sacrifícios. Não serão chamados muitas vezes, é certo, a oferecer os
corpos aos ferimentos e à morte, como os soldados da terra, mas, sim, a subir cada vez mais
gloriosamente às regiões do espírito, sempre prontos a oferecer os seus sentimentos, o seu
parecer, a sua independência, o seu orgulho, a sua vontade, aos golpes da contradição e à
própria morte, por uma inteira submissão – quando a autoridade competente o exigir.
“Sendo a obediência a alma de todo o governo, desobedecer é um mal indizível” diz
Tennyson. Mas nem só a desobediência formal quebra o fio da vida legionária: quebram-no
também os Oficiais que se desleixam no cumprimento dos seus deveres de participação nas
reuniões de Praesidium ou nas reuniões de correspondência, isolando assim os Praesidia ou
os Conselhos da grande corrente vital da Legião. Mal semelhante é causado por aqueles
Oficiais ou outros membros que, embora participando
169
[Capítulo 29 Lealdade Legionária página 170]
das reuniões, tomam qualquer atitude, seja qual for o motivo que a provoque, que
propositalmente conduza à desunião.
“Jesus obedecia à sua Mãe. Lestes que tudo quanto os evangelistas nos contam da
vida oculta de Jesus Cristo em Nazaré, com José e Maria, se resume nestas palavras de S.
Lucas: “era-lhes submisso” e “crescia em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2, 51-
52). Haverá nisto alguma coisa que não combina com a Sua divindade? Certamente que
não. O Verbo fez-se carne; desceu até tomar uma natureza em tudo semelhante à nossa,
exceto no pecado; veio, diz Ele, “não para ser servido, mas para servir” (Mt 20, 28), e ser
“obediente até à morte” (Fl 2, 8): eis porque Ele quis obedecer a Sua Mãe. Em Nazaré
sujeitou-se a Maria e a José, as duas pessoas privilegiadas que Deus colocou junto d’Ele.
Maria Santíssima participa, em certa medida, da autoridade do Eterno Pai sobre a
Humanidade de Seu Filho. Jesus podia dizer de Sua Mãe o que disse de Seu Pai do Céu:
“Eu faço sempre aquilo que é do seu agrado” (Jo 8, 29 – Marmion: Cristo, Vida da Alma).
30
SOLENIDADES LEGIONÁRIAS
A Curia tem o dever de reunir de tempos em tempos, os legionários do seu setor, a
fim de se conhecerem mutuamente e fortalecerem entre si o espírito de união.
As solenidades da Legião são as seguintes:
1. A Acies
Dada a importância da devoção à Santíssima Virgem dentro da Legião, os
legionários se consagrarão, todos os anos individual e coletivamente a Nossa Senhora, no
dia 25 de Março ou em outro dia conveniente, nas proximidades desta data, numa
cerimônia que tem o nome de Acies.
Esta palavra latina, que significa um exército em ordem de batalha, designa, com
razão, a cerimônia em que os legionários, como um só corpo, se reúnem para renovar a sua
fidelidade a Maria, Rainha da Legião, e dela receber a força e a bênção para
170
[Capítulo 30 Solenidades Legionárias página 171]
um novo ano de combate contra o exército do mal. Contrasta, além disso, com Praesidium,
que apresenta a Legião, não em formação de combate, mas espalhada em várias seções,
ocupadas cada qual no seu próprio trabalho.
A Acies é a grande solenidade do ano, a festa central da Legião. Insista-se, pois,
com cada legionário, sobre a importantíssima obrigação de a ela assistir. A idéia central,
sobre a qual tudo na Legião se sustenta, é o trabalho em união e sob a dependência de
Maria, sua Rainha. A Acies é a solene declaração desta união e dependência, a renovação –
individual e coletiva – do compromisso de fidelidade da Legião. Por isso, todo o legionário
que, podendo assistir, não o faz, tem pouco ou nenhum espírito da Legião. Não vale a pena
ter tais membros.
Eis o processo a seguir:
No dia fixado para a cerimônia, os legionários se reunirão, se possível, numa igreja.
Em lugar conveniente será colocada a imagem da Imaculada Conceição, condignamente
enfeitada de flores e velas e, em frente, o Vexillum Legionis, modelo grande, conforme
atrás ficou descrito, no capítulo 27.
A cerimônia começa por um cântico, seguido da reza das Orações Iniciais, incluindo
o Terço. Em seguida, um sacerdote falará sobre o significado da Consagração a Nossa
Senhora.
Terminada a alocução, começa o desfile em direção à imagem. À frente vão os
Diretores Espirituais, um a um; atrás, os legionários, um a um, ou dois a dois, se forem
numerosos. Chegando em frente do Vexillum, param e, colocando a mão sobre a haste do
estandarte, pronunciam, (um a um, ou dois a dois), em voz alta e nestes termos, a
consagração individual: “Eu sou todo vosso, ó minha Rainha e minha Mãe, e tudo
quanto tenho vos pertence”. Feito isto, largam o Vexillum, inclinam-se levemente e
afastam-se.
Se os legionários forem numerosos, a consagração individual poderá durar bastante
tempo, mas a cerimônia não deixará de ser, por isso, menos impressionante. O órgão ou
harmônio contribuirá para tornar o desfile mais solene.
Não se pode usar mais do que um Vexillum. Tal processo abreviaria a cerimônia, é
certo, mas destruiria a unidade. A pressa soaria desarmoniosamente no conjunto. A
característica especial da Acies há de ser a ordem e a dignidade.
Logo que todos estejam nos seus lugares, um sacerdote, em nome de todos os
presentes, lerá em alto voz um ato de Consagração a Nossa Senhora. Depois, de pé, rezam a
Catena, finda a
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[Capítulo 30 Solenidades Legionárias página 172]
qual, se é possível, dar-se-á a Bênção do Santíssimo Sacramento. A cerimônia termina com
as Orações Finais da Legião e um cântico.
Pode-se incluir a Missa na Acies. Ocupará talvez o lugar da Bênção do Santíssimo
Sacramento, mantendo sem alteração os outros elementos da cerimônia. A celebração do
Mistério Pascal absorverá em si e apresentará ao eterno Pai, pelo “único Mediador” e no
Espírito santo, as consagrações e ofertas espirituais que acabaram de ser colocadas nas
mãos maternas da “mais generosa cooperadora e escrava humilde do Senhor” (LG 61).
A fórmula da consagração: “Eu sou todo vosso, etc.” não deverá ser pronunciada,
mecânica e irrefletidamente. Cada um deverá concentrar nela o mais perfeito grau de
entendimento e de gratidão. Para conseguirem isto mais facilmente, convém estudar a
“Síntese Marial” que consta do Apêndice 11. Esforça-se esta por mostrar o papel único
desempenhado por Maria na salvação e, por conseqüência, a extensão da dívida de cada um
para com Ela. Talvez a Síntese possa constituir o objeto da Leitura Espiritual e da Alocução
na reunião do Praesidum um pouco antes da Acies. Sugere-se o seu uso também como Ato
Coletivo de Consagração na própria cerimônia.
“Maria é o terror das potestades do inferno. Ela é “terrível como um exército em
ordem de batalha” (Ct 6, 9) porque, como Chefe experimentado, sabe dispor do Seu poder,
da Sua misericórdia e das Suas orações, para confusão dos Seus inimigos e proveito dos
Seus servos” (S. Afonso de Ligório).
2. A Reunião Geral Anual
No dia mais próximo possível da festa da Imaculada Conceição, deverá ser feita a
reunião do todos os membros. Pode-se começar a solenidade, se assim o desejarem, com
uma cerimônia na igreja.
Segue-se um sarau ou encontro festivo. Se as Orações da Legião não tiverem sido
rezadas na cerimônia da igreja. Deverão ser rezadas no sarau, em três vezes distintas, como
nas reuniões.
Convém que na execução do programa tomem parte ativa só os legionários. Após
números mais leves, poderão ser acrescentados alguns pequenos discursos e composições
de interesse legionário.
Torna-se desnecessário recomendar que nesta festa não há lugar para formalidades
cerimoniosas, sobretudo aquelas em que
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[Capítulo 30 Solenidades Legionárias página 173]
os legionários participantes são numerosos. Tenha-se em vista que todos os presente tomem
um maior e mais íntimo conhecimento uns dos outros. Para isso, o programa deve oferecer
oportunidade para se circular e conversar. Os dirigentes terão o cuidado de que os membros
não façam grupinhos à parte, atrapalhando assim o fim principal da festa, que é alimentar o
espírito de união e afeto no seio da família legionária.
“A alegria embebia de um doce encanto a cavalaria espiritual de S. Francisco.
Como verdadeiro cavaleiro de Cristo, Francisco sentia uma indizível felicidade de servir o
Seu Senhor, em segui-lO na pobreza, e em se assemelhar a Ele no sofrimento; e foi esta
ditosa felicidade conseguida no serviço, na imitação e no sofrimento de Cristo, que ele
anunciou a toda a terra, como nobilíssimo cantor e poeta de Deus. Toda a vida de
Francisco foi regulada pela marca da alegria como característica sua. Com calma e júbilo
imperturbáveis, ele cantava para si e para Deus no íntimo do seu coração, cânticos de
alegria. O seu esforço constante tendia a conservá-lo alegre interior e exteriormente. Na
intimidade dos seus irmãos sabia tocar com perfeição a nota da alegria pura e fazê-la
atingir uma tal harmonia que eles sentiam-se elevados a um ambiente quase celeste. A
mesma nota de satisfação tomava conta da conversa do Santo com os homens. Mesmo os
seu sermões, apesar do caráter penitencial, se tornavam hinos de júbilo, e a sua simples
presença era ocasião de alegria profunda para todas as pessoas, qualquer que fosse a sua
condição social” (Felder: Os Ideais de S. Francisco de Assis).
3. Passeio anual
Esta festa data dos primeiros dias da Legião. Não é obrigatória, mas recomendada.
Pode tomar a forma de excursão, peregrinação ou festa ao ar livre. A Curia determinará se
deve ser festa da Curia ou do Praesidium. Neste último caso, poderão reunir-se dois ou
mais Praesidia para esse fim.
4. O Sarau do Praesidium
Todo o Praesidium, assim o recomendamos insistentemente, organizará uma função
recreativa nas proximidades da Festa da Natividade de Nossa Senhora. Nos centros onde
existem vários Praesidia, alguns deles, se o desejarem, podem fazer a festa em conjunto.
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Poderão ser convidadas, para assistir, pessoas idôneas que, não sendo legionárias,
possam deste modo ser levadas a entrar na Legião.
Recomenda-se a reza de todas as Orações Legionárias, incluindo o Terço, em três
partes distintas, como nas reuniões do Praesidium. O tempo gasto com estes atos de piedade
é relativamente pouco; e a homenagem assim prestada a Nossa Senhora será amplamente
compensada por um maior êxito da festa. E, porque a Rainha da Legião é também a “causa
da nossa alegria”, há de ouvir as preces a Ela dirigidas, convertendo essas horas em
momentos de especial felicidade.
Entre as composições musicais deve ser intercalada, ao menos, uma breve palestra
sobre a Legião. Desta maneira, todos serão levados a um mais perfeito conhecimento da
organização e o programa se tornará, eventualmente, mais variado. O simples divertimento,
sem nada que o eleve, torna-se sem sabor.
5. O Congresso
O primeiro Congresso Legionário foi celebrado pela Curia de Clare, na Irlanda, no
Domingo de Páscoa de 1939. E foi tal o êxito obtido que, como acontece sempre, outros
Conselhos o imitaram, sendo hoje uma solenidade firmemente enraizada no sistema da
Legião.
O Congresso deve restringir-se à área de um Comitium ou de uma Curia.
Assembléias de áreas mais extensas não estariam de acordo com a idéia primitiva dos
Congressos e impediriam que fossem atingidos os frutos desejados. Façam-se, embora,
reuniões deste gênero, mas não poderão chamar-se Congressos nem substituí-los. Nada
impede, porém que se convidem visitantes de outras circunscrições.
Decidiu o Concilium que uma determinada área não realize o Congresso senão de
dois em dois anos. Dedique-se para isso, um dia inteiro. A disponibilidade de uma Casa
Religiosa resolverá muitas dificuldades. Se for possível, começará pela Santa Missa,
seguida de uma pequena homilia, feita por um Diretor Espiritual ou outro Sacerdote, e
terminará com a Bênção do Santíssimo.
O dia será ocupado por sessões, cada uma com o seu assunto próprio. Os assuntos
serão expostos, em poucas palavras, por alguém de antemão preparado. Depois segue-se a
discussão, em que todos devem tomar parte. Esta participação geral constitui a verdadeira
vida do Congresso.
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[Capítulo 30 Solenidades Legionárias página 175]
Queremos insistir mais uma vez com os Oficiais encarregados de dirigir os debates,
que tenham o cuidado de não falar demais e não intervenham constantemente nas
discussões. Os Congressos, como as reuniões dos Conselhos, devem correr segundo o
método parlamentar, isto é, com a participação de todos os presentes dirigida pela
Presidência.
Há presidências que tendem a comentar as palavras de cada um dos oradores ou
assistentes. Tal modo de agir vai contra o propósito do Congresso e não deve ser tolerado.
É para desejar a presença de representantes dos Conselhos Superiores. Estes podem
ficar responsáveis por alguns dos encargos do Congresso, tais como presidir e abrir as
discussões, etc.
Evite-se toda e qualquer tentativa de apenas falar bonito. Criariam um ambiente
irreal, detestado pela Legião, em que morreria a inspiração e os problemas não seriam
resolvidos.
O Congresso pode tomar duas feições: ou é a reunião de todos os legionários ou
apenas a dos Oficiais dos Praesidia. No primeiro caso, é possível, desde o início, repartir os
legionários conforme os seus cargos, e formar um grupo com os membros sem cargos
determinados. Em seguida, discutem-se as obrigações e necessidades de cada grupo.
Poderiam também distribuir-se conforme os trabalhos em que estão envolvidos. Tal
divisão, porém, não é obrigatória. Qualquer que seja o modo de os distribuir, devem ser
evitadas outras divisões nas sessões seguintes, pois não teria sentido juntar os membros
para os manter separados a maior parte do tempo. Note-se que as obrigações dos Oficiais
têm um objetivo mais alto do que as funções comuns de cada cargo. O Secretário, por
exemplo, cujo compromisso se restringisse ao livro das Atas, seria, com certeza, um fraco
Oficial. Como todos os Oficiais são membros da Curia, procurarão investigar, nas suas
sessões, os métodos de aperfeiçoamento dos trabalhos, quer no que se refere às suas
reuniões atuais, quer à sua administração, em geral.
O Congresso não deve ser uma reunião de Curia a mais, em que se trata das mesmas
questões e particularidades administrativas. O Congresso ocupa-se do que é fundamental. À
Curia pertence pôr em prática as lições aprendidas no Congresso.
Os assuntos a tratar devem dizer respeito aos princípios básicos da Legião:
a) A espiritualidade da Legião.
A Legião não terá sido compreendida, enquanto os membros não conhecerem, numa
medida satisfatória, os múltiplos aspectos da sua espiritualidade; nem trabalhará como
deve, enquanto esta espiritualidade não tomar conta tão intimamente de
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todos os seus trabalhos, que se possa dizer que são o seu motivo e a sua alma. Por outros
termos, a espiritualidade há de animar o apostolado, como a alma anima o corpo.
b) as qualidades que são exigidas do legionário e as diversas formas de desenvolvêlas.
c) os métodos da Legião, incluindo a direção das reuniões e a questão
importantíssima dos relatórios dos membros, isto é, como apresentá-los e comentá-los.
d) os trabalhos da Legião, incluindo o aperfeiçoamento dos métodos e os projetos de
novas obras que possibilitem à Legião atingir todas as pessoas individualmente.
Não faltará no Congresso uma palestra especial feita por um Diretor Espiritual ou
qualquer legionário qualificado sobre um dos aspectos da espiritualidade, do ideal ou dos
deveres legionários.
As sessões começam e terminam com a oração. As Orações Legionárias serão
distribuídas em três etapas.
Sigam-se com exatidão os horários e diretrizes dos organizadores. O desleixo neste
ponto estragará o dia.
Finalmente, convém variar os programas de Congresso sucessivos, dentro da mesma
área.
1. Embora convenha movimentar, no correr dos anos, o maior número possível de
assuntos pouco conhecidos, de fato, porém, apenas alguns, podem ser tratados, em cada
Congresso.
2. É indispensável tirar a impressão de coisa parada e cansativa. Deve-se variar a
todo o custo.
3. O bom êxito de um Congresso sugere naturalmente a inserção do mesmo
programa no Congresso seguinte. Note-se, porém, que o bom êxito alcançado se deve, em
parte, à novidade de certos assuntos, novidade que se perdeu com a sua apresentação. Em
resumo: tendo a novidade de ser um estimulante necessário em todo o Congresso, espera-se
dos seus promotores um projeto sério e muito bem feito.
“Se queremos saber como a alma fiel deve preparar-se para a vinda do Divino
Paráclito, vamos em espírito ao Cenáculo onde estão reunidos os discípulos. Aí, conforme
a ordem do Mestre, perseveram na oração, esperando o Poder do Alto, que há de vir
revesti-los da armadura necessária para a luta que os aguarda. Nesta sagrada casa de
recolhimento e de paz, o nosso olhar de saudação pára sobre Maria, Mãe de Jesus, a
obra-prima do Espírito Santo, o templo do Deus Vivo. Dela sairá, pela ação do mesmo
Espírito, como de ventre maternal, a Igreja Militante, que esta nova Eva representa e
encerra. (Guéranger: O Ano Litúrgico).
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