1 INTRODUÇÃO
Existem vários métodos para fazer pastoral. O método trabalhado pela PJMP, é o VER-JULGAR-AGIR-REVER-CELEBRAR.
Foi adotado no início do século passado pela Ação Católica, recomendado pelo Concílio Vaticano II (AA nº 29) e utilizado no Documento de Medellín (1968), de Puebla (1979) e nos documentos da CNBB.
O método VER-JULGAR-AGIR-REVER-CELEBRAR é um método prático de formação na ação que nos tira da acomodação, despertando a consciência crítica e levando-nos a assumir compromissos na transformação da sociedade.
Este método ajuda o jovem:
· a situar-se diante da realidade concreta;
· a confrontar a realidade com a Palavra de Deus;
· a encaminhar uma ação transformadora para melhorar, corrigir e até transformar uma realidade;
· a avaliar a caminhada e o engajamento de um grupo;
· a celebrar liturgicamente essa realidade.
Na Pastoral, esse método:
· parte das reais necessidades dos jovens;
· clareia o conteúdo que se transmite;
· permite vincular a teoria à pratica;
· envolve as pessoas, exigindo a participação nos encontros;
· dá vida e significado ao conteúdo (doutrina);
· alegra o ambiente, provocando a participação de todos/as;
· desenvolve a capacidade de observação e compromisso;
· ajuda a diminuir os gastos, o tempo e a aproveitar melhor os recursos;
· estimula a criatividade, o trabalho grupal e a co-responsabilidade;
· dá mais segurança diante dos desafios e barreiras;
· evita a improvisação;
As etapas deste método não acontecem separadamente. Uma etapa depende da outra.
2 VER: INFORMAR SOBRE A REALIDADE
A realidade humana é muito complexa. É um mistério: nunca acabamos de conhece-la. Por isso, convém aproximar-se dela com:
· Respeito: lembrando que o mais importante é a dignidade da pessoa;
· Olhar crítico: discernindo as forças de vida e de morte que atuam na realidade observada.
Mas, não se trata de observar a realidade de modo passivo. Trata-se de mergulhar na realidade, ou seja, inserir-se, encarnar-se, tendo como modelo Jesus Cristo que:
· Encarnou-se, quer dizer assumiu a pessoa humana;
· Viveu a vida dos seres humanos, sendo Deus;
· Assumiu nossas fraquezas, limitações e problemas, ajudando-nos a supera-las.
E o jovem, como Jesus, deve:
· Mergulhar na realidade da juventude;
· Observar atentamente os fatos, procurando ver o sentido profundo deles;
· Amar o jovem e deixar-se a amar por ele (amizade);
· Antes de tudo, é preciso delimitar a realidade a ser observada. Exemplos: No país, na região, no bairro, no grupo familiar ou de pessoas...
Para a abordar a realidade é necessário partir dos 4 (quatro) aspectos principais: Campo Econômico, Político, Social e Ideológico.
CAMPO POLÍTICO À igualdade formal que é própria do ordenamento liberal se opõe uma desigualdade de acesso real ao campo.
W*Há uma minoria que participa do campo e uma massa de “profanos” que não encontra legitimidade social para a ação política e tende a interiorizar e naturalizar sua própria impotência. No entanto, o campo político nunca pode se autonomizar por inteiro, uma vez que, em suas lutas internas, remete permanentemente às clientelas que lhe são externas e que, em certo sentido, são capazes de ter a palavra final
a necessidade de uma relação íntima entre a ética - a busca de felicidade e justiça - e a política, em seu sentido superior.
CAMPO IDEOLÓGICO * uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais qualidades.
Para Paulo Freire, a ideologia tem a ver com a ocultação da verdade dos fatos, com o uso da linguagem para encobrir a realidade.
2 JULGAR: FORMAR NOVOS PARADIGMAS
Tem o sentido de iluminar, criticar, de confrontar a realidade a luz da ótica cristã, exigindo fidelidade a Deus e aos irmãos.
Trata-se de:
· Analisar as causas e conseqüências dos fatos observados;
· Questionar criticamente o que se vê;
· Captar o sentido profundo dos fatos;
· Discernir o que está a serviço da vida ou da morte;
O “Julgar” na pastoral deve ter como critérios:
· O respeito e a dignidade humana;
· O bom senso;
· Os valores evangélicos;
O “Julgar” exige:
· Conhecimento da realidade humana e social (ver);
· Discernimento crítico a luz da fé;
· Intimidade com a palavra de Deus;
· Uma leitura contextualizada da Bíblia (o contrario da leitura fundamentalista);
· Conhecimento da doutrina da igreja;
· Escuta da palavra de Deus que se revela nos acontecimentos de hoje (espiritualidade-mística);
· Humildade: está sempre disposto a aprender algo novo;
· Capacidade de superar preconceitos e mudar de opinião;
· Ninguém consegue avaliar uma realidade com total acerto. Estamos sempre nos aproximando da verdade, mas não somos donos dela.
Sendo assim, se tem três pontos de apoio para o julgar: O bom senso, a palavra de Deus na Bíblia e a doutrina da igreja.
3 AGIR: TRANSFORMAR A REALIDADE
O Agir é o momento de encaminhar uma ação transformadora da realidade constatada e criticada.
Quando falamos de Agir, não se trata meramente de fazer coisas. O “Agir” pastoral:
· É uma nova atitude diante da vida;
· É uma transformação pessoal e integral – atinge todos os níveis da pessoa;
· Tem conseqüências diretas e indiretas na sociedade;
· É o resultado natural do “Ver” e “Julgar”;
· Compromete não os indivíduos isolados, mas toda a comunidade eclesial;
· Abre os olhos para ver melhor a realidade, a partir dos novos critérios (Julgar);
· Contagia o grupo inteiro, por se tratar de conversão autentica.
Por isso, o “Agir” depende profundamente das fases anteriores do método. Muitas vezes, o “Agir” deve esperar o momento oportuno para acontecer. Ninguém planta uma roseira hoje, esperando que hoje mesmo dê rosas...
O “Agir” na pastoral tem um significado profundo que vai além das aparências. É importante lembrar que através de nossa ação, é o próprio Deus que age na história.
Somos as “mãos” de Deus! Deus socorre os aflitos e necessitados, convocando-nos para nos juntar a sua ação salvadora. É o verdadeiro “Agir”: atuar no mundo a partir do projeto de Deus.
4 REVER: AVALIAR, VER DE NOVO
Avaliar é tomar consciência hoje do que fizemos ontem para melhorar o Agir de amanhã. A revisão serve para ver o envolvimento de cada um. Ema cada ação devemos parar para fazer revisão da caminhada, valorizando as conquistas, mesmo que pequenas e assumindo os erros.
Esta é a parte mais importante do método e normalmente é esquecido. Ao rever (= ver novamente) podem ser aprofundadas as seguintes etapas do planejamento, através do método:
· O plano em geral, com seus programas e projetos;
· O que foi feito para atingir os objetivos;
· As pessoas envolvidas, atingidas pelo e no trabalho;
· Os meios usados no processo.
O Avaliar é um novo ponto de partida do método, por que é um novo VER que exige um novo JULGAR para dar seqüência a AÇÃO. Vemos que este método é um método dinâmico e forma um aspiral que nos lança sempre para frente numa caminhada continua na construção do reino.
5 CELEBRAR: DEUS CAMINHA COM A GENTE
Como cristãos a Fé e Vida são integradas, por isso celebramos nossas vitórias, conquistas, fracassos, alegrias, esperanças e tristezas, nossa união e organização.
Celebrar também a conversão de nossa omissão, injustiças, opressão e exploração. Pois é celebrando a vida concreta que reconhecemos a presença do Deus libertador em nossa caminhada.
É importante para o grupo rezar o acontecimento. É momento de uma oração, de uma reflexão. Celebração é a ocasião que:
· Louvamos a Deus pela sua presença libertadora nas vitórias do povo;
· Agradecemos pelo seu amor gratuito;
· Reconhecemos as limitações e infidelidades a seu plano de amor;
· Nos comprometemos com a vivencia da fraternidade e da justiça;
É momento de:
· Vida: celebramos a nossa vida e a vida do nosso grupo. Fonte onde bebemos para restaurar nossas forças;
· Festa: ambiente de alegria, descontração, partilha abundante e generosa;
· Dança: Comunicação integral, envolvendo o corpo e alma da pessoa no diálogo com Deus.
Celebrar é também comemorar os frutos da caminhada. A Celebração tem 2 (dois) elementos essenciais:
A. O Rito: Atos que se repetem a cada celebração, fazendo-nos sentir o rito da vida. Demonstram acontecimentos que precisam ser continuamente renovados em nosso dia-a-dia. Exemplo: A partilha eucarística, o perdão, a escuta da palavra...
B. A Espontaneidade: Atitudes que nascem das necessidades imediatas da comunidade que celebra. Exemplo: A oração por algum doente, o agradecimento por alguma vitória popular, a acolhida de novos participantes...
A Celebração é como uma dança. Nós somos os dançarinos e temos liberdade para danças de acordo com o nosso prazer. Mas, para o prazer ser maior, dançamos no ritmo da música. O rito é o que dá ritmo para a dança da celebração.
A Pastoral precisa integrar a celebração no método. Sem o diálogo amoroso com o Pai, todas as lutas são em vão. Permanecemos incapazes de reconhecer o verdadeiro autor de toda a nossa vitória.
Não se trata de terminar cada encontro com missa! A Celebração deve estar integrar no ritmo do próprio encontro.
FONTE BIBLIOGRÁFICA:
DONZELLINI, Mary (Coord.). O método ver-julgar-agir-rever-celebrar. In ___. Metodologia fé e vida caminham juntas em comunidade: subsídio de reflexão para a formação dos catequistas. 2. ed. São Paulo: PAULUS, 1998. (Caderno Catequético, v.9)