quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

CAPITULOS DE 10 A 16

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O LEGIONÁRIO E A SANTÍSSIMA TRINDADE
Não deixa de ser significativo o fato de o primeiro ato coletivo da Legião ter sido a
invocação e a oração ao Espírito Santo, logo seguidas do Terço à Virgem e a seu Divino
Filho.
Quando alguns anos mais tarde, se decidiu modelar o Vexillum, o Espírito Santo
passou a ser a característica predominante do novo emblema. O projeto (coisa estranha!)
havia sido fruto, não de uma preocupação teológica, mas artística. Tratava-se de
transformar o estandarte da Legião Romana, que não tinha nenhum sentido religioso, em
estandarte da Legião de Maria. A pomba substituiria a águia e a imagem de Nossa Senhora
substituiria a do Imperador ou do Cônsul. Daí a representação final, em que o Espírito
utiliza Maria como canal das Suas influências vivificadoras e toma posse da Legião.
A pintura da Tessera, mais tarde, veio ilustrar a mesma atitude de devoção: o
Espírito Santo aparece pairando sobre a Legião. Por Seu poder onipotente se trava um
combate sem fim: a Virgem esmaga a cabeça da Serpente, enquanto os seus batalhões
avançam, vitoriosos, sobre as forças adversas.
Secundária, mas interessante, é a circunstância de a cor da Legião ser a cor
vermelha e não a cor azul, como era lícito esperar. Assim foi decidido, em relação à cor do
halo da imagem de Nossa Senhora, no Vexillum e na Tessera. Requeria o simbolismo a
representação da Virgem, cheia do Espírito Santo e, por conseqüência aureolada de
vermelho. Daqui surgiu a idéia de a cor da Legião ser a cor vermelha. A Tessera, em que a
Senhora aparece radiante como a bíblica Coluna de Fogo e envolta nas chamas do Espírito
Divino, sublinha ainda o mesmo pensamento.
Assim, ao compor a fórmula do Compromisso, impunha-se logicamente – embora
de início causasse surpresa – que ela fosse dirigida ao Espírito Santo e não à Rainha da
Legião. Batia-se assim na mesma tecla: o Espírito Santo é o regenerador do mundo, não
havendo graça concedida aos indivíduos, por mínima que escape à Sua ação e Maria é
sempre a Sua Medianeira. Por virtude do Espírito, o Eterno Filho de Deus faz-se homem no
seio de Maria. O gênero humano uniu-se desta forma à Santíssima Trindade e Maria passou
a ligar-se, por uma relação única e distinta, a cada uma das Pessoas Divinas. É um dever
para nós procurar entrever esta tríplice relação. A compreensão
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[Capítulo 7 O Legionário e a Santíssima Trindade página 42]
do Plano Divino é sem dúvida uma grande graça, que não está fora do nosso alcance.
Insistem os Santos na necessidade de bem distinguir as Três Divinas Pessoas e de
prestar a cada uma delas a devida atenção. A este respeito, o Credo Atanasiano (1) é
absoluto e estranhamente ameaçador, pois se trata do fim último da Criação e da
Encarnação – a glória da Santíssima Trindade.
(1) Profissão de Fé cuja forma surgiu com o I Concílio Ecumênico (Nicéia – ano 325);
quando Santo Atanásio defendeu brilhantemente a divindade de Jesus contra aqueles que o
consideravam uma simples criatura do Pai, inferior a Ele e não o Filho de Deus.
Mas como poderemos nós penetrar, embora obscuramente, em tão incompreensível
mistério? Com certeza, só pela luz divina, que podemos solicitar confiadamente da Virgem
Maria, a quem pela primeira vez foi exposto, com clareza o mistério da Trindade. A
revelação teve lugar no momento histórico da Anunciação. Pelo seu Arcanjo, a Trindade
Santíssima assim se manifestou a Maria: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra. E, por isso mesmo, o Santo que há de nascer de ti
será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35).
Aparecem nesta revelação de modo evidente as Três Divinas Pessoas. Primeiro, o
Espírito Santo, a quem é atribuída a obra da Encarnação; em seguida, o Altíssimo,o Pai
d’Aquele que há de nascer; e finalmente a Criança que “será grande e chamada Filho do
Altíssimo” (Lc 1,32).
A consideração das diferentes relações da Virgem com as Divinas Pessoas vai nos
ajudar a distingui-las de maneira mais perfeita.
A relação de Maria com a Segunda Pessoa Divina – a maternidade – é a mais
acessível ao nosso entendimento. A sua maternidade, porém, é de natureza mais íntima,
mais contínua e infinitamente mais elevada que a maternidade humana normal. No caso de
Jesus e de Maria, a união das almas ocupa o primeiro plano, e a da carne, o segundo; de tal
forma que, embora se tenham separado fisicamente na ocasião do nascimento de Jesus, a
união dos dois não só não se interrompeu, como progrediu até, por graus incompreensíveis
de intensidade, a ponto de Maria poder ser declarada pela Igreja, não apenas “aliada” da
Segunda Pessoa Divina – Correndentora na obra da Salvação, Medianeira da Graça – mas
de fato, “semelhante a Ele”.
Do Espírito Santo, Maria é comumente chamada, o templo ou o santuário.
Semelhantes termos, todavia, não exprimem
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[Capítulo 7 O Legionário e a Santíssima Trindade página 43]
totalmente a realidade, a união íntima e profunda do Espírito Santo com a Virgem, união
que a elevou à dignidade tão sublime que só Ele a excede. O Espírito Divino apossou-se de
Maria, fez uma só coisa com ela, e animou-a de tal sorte que pode ser considerada a sua
verdadeira alma. Maria não é um mero instrumento ou canal da Sua atividade divina; é,
antes, a Sua Cooperadora inteligente, consciente, a ponto de se poder afirmar que a ação de
Maria é a ação do Espírito Santo e que a rejeição da intervenção de Maria é a rejeição
simples da intervenção do Espírito Divino.
O Espírito Santo é Amor, Beleza, Poder, Sabedoria, Pureza e tudo quanto é divino.
Quando desce em plenitude a uma alma, desaparecem as dificuldades e os mais graves
problemas encontram solução de acordo com a Vontade Divina. Aceitando a Sua
colaboração, o homem entra no domínio da onipotência (Sl 77). Ora, uma das condições
para O atrair a nós é a compreensão da relação da Virgem com Ele. Outra, porém, existe e
vital, uma especial consideração pelo Espírito Santo como Pessoa real e distinta, com a Sua
missão específica junto do gênero humano. Um tal apreço não conseguirá manter-se sem
que o nosso espírito se volte com freqüência para Ele. Se lançarmos mão desta prática nas
nossas devoções à Santíssima Virgem, todas elas se poderão orientar para o Espírito Santo.
O Rosário, por exemplo, é uma oração que os legionários poderão utilizar especialmente
desta forma. É que o Rosário constitui uma excelente devoção ao Espírito Santo, não só por
ser a principal forma de oração a Nossa Senhora, como também pelo fato de conter os
quinze mistérios em que se celebram as mais importantes intervenções do Espírito de Deus,
no drama da Redenção.
A relação de Maria com o Eterno Pai é usualmente definida como a de Filha.
Semelhante título propõe-se designar:
a) a posição de Maria como “a primeira de todas as criaturas, a mais grata Filha de
Deus, a mais próxima e a mais querida”. (Newman);
b) a plenitude da sua união com Jesus, pela qual contraiu uma nova relação com o
Pai (1), que lhe dá direito a ser chamada misticamente, a Filha do Eterno Pai;
(1) “Como Mãe de Deus, Maria contrai uma certa afinidade com o Pai” (Lépicier).
c) a semelhança sublime com o Pai, que a tornou capaz de dar ao mundo a Luz
Eterna que nasce do seio deste Pai amoroso.
A designação de “Filha” talvez não nos dê a entender bastante, a influência que a
sua relação com o Pai lhe permite exer-
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[Capítulo 7 O Legionário e a Santíssima Trindade página 44]
cer em nós, filhos d’Ele e dela. “Deus Pai comunicou a Maria a Sua fecundidade, tanto
quanto era possível comunicar a uma simples criatura, para lhe dar o poder de produzir Seu
Filho e todos os membros do Seu Corpo Místico” (S. Luís Maria de Montfort). A sua
relação com o Pai é um elemento fundamental, sempre presente, no fluxo de vida que verte
para as almas. Deus exige que os Seus dons ao homem se traduzam, por parte deste, em
apreço e cooperação. Por conseguinte, esta união vivificante deve ser objeto freqüente dos
nossos pensamentos. O Pai Nosso, que os legionários repetem tantas vezes, rezado com esta
especial intenção, dará satisfação plena a este dever. Composto por Jesus Cristo, nele
pedimos o que nos é mais necessário e do modo mais perfeito. Rezado com inteira
consciência e no espírito da Igreja Católica, realizará perfeitamente o propósito de
glorificar o Eterno Pai e de prestar-Lhe a homenagem do nosso reconhecimento, pelo dom
superabundante com que nos presenteou, por Maria.
“Recordemos para confirmar a dependência que devemos ter da Santíssima
Virgem, o exemplo que nos deram as Pessoas da Santíssima Trindade.
O Pai não deu e não dá o Seu Filho senão por Maria; não adota filhos senão por
ela, nem comunica as Suas graças senão por ela. Deus Filho não foi formado para todo o
mundo, senão por Maria, nem é formado e gerado todos os dias senão por ela, em união
com o Espírito Santo e só por meio dela comunica os seus merecimentos e virtudes. O
Espírito Santo não formou Jesus Cristo senão por ela, e só por meio dela distribui os Seus
dons e favores. Depois de tantos e tão manifestos exemplos da Santíssima Trindade,
poderemos nós, sem uma cegueira extrema, dispensar-nos de Maria, não nos
consagrarmos a ela, nem dela depender?” (S. Luís Maria de Montfort: Tratado de
Verdadeira Devoção, 140).
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O LEGIONÁRIO E A EUCARISTIA
1. A Santa Missa
Como já acentuamos, a santidade dos membros é de fundamental importância para a
Legião. Além disso é também o seu principal meio de ação. É que o legionário não pode ser
canal
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[Capítulo 8 O Legionário e a Eucaristia página 45]
de graças para os outros, senão na medida em que ele próprio as possui. Por isso, ao
ingressar na Legião, cada membro pede insistentemente por intermédio de Maria a
plenitude do Espírito Santo e a graça de ser instrumento do Seu poder divino, que há de
renovar a face da terra.
As graças assim pedidas brotam todas, sem exceção, do Sacrifício de Jesus no
Calvário. É pela Santa Missa que o Sacrifício da Cruz se perpetua entre os homens. A
Missa não é, pois, uma simples representação simbólica do passado: ela torna real e
atualmente presente no meio de nós essa ação sublime que Nosso Senhor consumou no
Calvário e pela qual remiu a humanidade.
A Cruz não vale mais do que a Missa, porque são um e mesmo sacrifício, afastados
o tempo e o espaço pela mão do Onipotente. O Sacerdote e a Vítima são idênticos, difere
apenas o modo de oferecer o Sacrifício. A Missa contém tudo quanto Jesus Cristo ofereceu
a Deus e tudo quanto alcançou para os homens; e o oferecimento dos que participam da
Missa torna-se um só com o próprio sacrifício do Salvador.
O legionário deverá recorrer à Missa, se deseja, para si e para os outros, uma
participação abundante nas riquezas da Redenção. A Legião não impõe aos seus membros
qualquer obrigação concreta sobre a participação na Missa, pois as ocasiões e
circunstâncias da vida de cada membro são muito diferentes. Todavia, preocupada com eles
e com seus trabalhos, insiste com todos e suplica-lhes que tomem parte nela, com
freqüência – diariamente se for possível – e recebam nessa ocasião a Sagrada Comunhão.
Se os legionários são obrigados a agir sempre em união íntima com Maria, é
sobretudo no ato solene da participação na Santa Missa que o devem fazer.
Como sabemos, a Missa compõe-se de duas partes principais, a Liturgia da Palavra
e a Liturgia Eucarística. É importante ter presente que estas duas partes estão tão
intimamente unidas que formam um só ato de culto (SC 56). Por isso, os fiéis devem tomar
parte na Missa inteira, onde estão a mesa da Palavra e a mesa do Corpo de Cristo, para que
por elas sejam instruídos e alimentados (SC 48, 51).
“O sacrifício da Missa não é tão somente uma recordação simbólica da Cruz. Ao
contrário, a Missa torna atualmente presente o sacrifício do Calvário, como uma excelsa
realidade não sujeita a tempo e a espaço. O espaço e o tempo desaparecem, pela mão do
Onipotente. O mesmo Jesus que morreu na Cruz está ali presente. Os participantes unemse
à Sua vontade santíssima e sacrifical; e,
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[Capítulo 8 O Legionário e a Eucaristia página 46]
por Jesus presente no meio deles consagram-se ao Pai celeste como uma viva oblação. A
Santa Missa é, pois, uma tremenda realidade, a realidade do Gólgota: torrente de dor e de
arrependimento, de amor e de devoção, de heroísmo e de espírito de sacrifício, que brota
do altar e corre sobre a comunidade em oração” (Karl Adam: O Espírito do Catolicismo).
2. Liturgia da Palavra
A Missa é, acima de tudo, a celebração da fé, daquela fé que nasceu em nós e foi
alimentada pela audição da Palavra de Deus. Recordemos a este respeito as palavras da
Instrução Geral sobre o Missal (nº 9): “Quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o
próprio Deus que fala ao Seu povo, é Cristo presente na Sua palavra quem anuncia o
Evangelho. Por isso, as leituras da Palavra de Deus, que oferecem à Liturgia um dos
elementos de maior importância, devem ser escutados por todos com veneração”. A
homilia é também de grande importância: parte necessária da Missa nos Domingos e Dias
Santos, e também desejável nos outros dias. Pela homilia, o sacerdote explica o texto
sagrado à luz dos ensinamentos da Igreja, para o crescimento da fé dos presentes.
Nossa Senhora é o modelo da nossa participação na palavra, porque “é a Virgem
que sabe ouvir, que acolhe a palavra de Deus com fé, fé que foi para Ela a preparação e o
caminho para a maternidade divina” (MCul 17).
3. A Liturgia da Eucaristia em união com Maria
Nosso Senhor não começou a obra da Redenção, sem o consentimento de Maria,
solenemente pedido e livremente dado; nem a completou no Calvário, sem a sua presença.
“Por esta comunhão de sofrimentos e de vontades entre Maria e Cristo, mereceu ela, com
justíssima razão, tornar-se a Restauradora do mundo perdido e a Despenseira de todas as
graças, que Jesus alcançou com a Sua morte e com o Seu sangue” (AD 9). Junto a Cruz do
Salvador esteve Maria, representando o gênero humano; também agora, em cada Missa está
presente, cooperando com Jesus, como sempre, ela, a Mulher anunciada desde o princípio,
Aquela que esmaga a cabeça da Serpente infernal. Por isso, uma amorosa união a Maria
deve fazer parte de toda a Missa bem participada.
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[Capítulo 8 O Legionário e a Eucaristia página 47]
Com Maria, no Calvário, estiveram também os representantes de uma Legião – o
centurião e a sua coorte – que desempenharam um fúnebre papel no oferecimento da
Vítima, embora não soubessem que estavam crucificando o Senhor da Glória (1Cor 2, 8). E
ó maravilha! a graça desceu, em torrentes, sobre os seus corações. “Contemplai e vede”, diz
S. Bernardo, “como a fé tem o olhar penetrante. Reparai bem nos seus olhos de lince! Por
ela, no Calvário, o Centurião reconheceu a vida na morte; e, num último suspiro, o Espírito
soberano”. Contemplando a sua Vítima morta e desfigurada, os legionários romanos
proclamaram-na Verdadeiro Filho de Deus (Mt 27, 54).
A conversão destes homens grosseiros e cruéis foi o fruto repentino e inesperado
das orações de Maria. Estranhos filhos, os primeiros que a Mãe dos homens recebeu no
Calvário e que lhe tornaram para sempre tão querido, o nome de legionários. Depois disto,
quem poderá duvidar de que ela, quando os seus legionários – unindo-se às suas intenções,
elemento integrante da sua cooperação – participam todos os dias da santa Missa, os reúna
à volta de si e lhes dê aqueles olhos penetrantes de fé e o seu Coração transbordante para
que, assim, tomem parte de maneira mais íntima e proveitosa na continuação do sublime
sacrifício do Calvário?
Quando virem levantar o Filho de Deus, os legionários hão de unir-se a Ele, para
com Ele formarem uma só Vítima. A Missa, sacrifício de Jesus Cristo, é também o deles.
Deveriam, em seguida, receber o Corpo adorável do Senhor: para obter a plenitude dos
frutos do Divino Sacrifício é absolutamente necessário que os participantes comunguem
com o sacerdote a carne da Vítima imolada.
Hão de compreender então, a parte essencial de Maria, a nova Eva, nestes mistérios
sagrados – parte e cooperação tão íntima que, “quando o seu amado Filho consumava a
Redenção do gênero humano no altar da Cruz, lá estava a Seu lado, sofrendo e remindo
com Ele” (Pio XI). Ao se retirarem, Maria acompanhará os legionários, dando-lhes parte
das suas graças e da distribuição que se segue, derramando através deles, em todos quantos
encontrarem ou, naqueles por quem trabalharem, os infinitos tesouros da Redenção.
“A sua maternidade é particularmente notada e vivida pelo povo cristão no
Banquete Sagrado – celebração litúrgica do mistério da Redenção – no qual se torna
presente Cristo, no seu verdadeiro Corpo, nascido da Virgem Maria.
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[Capítulo 8 O Legionário e a Eucaristia página 48]
Com muita razão, a piedade do povo cristão percebeu sempre uma ligação
profunda entre a devoção à Virgem Santíssima e o culto da Eucaristia: pode-se comprovar
este fato, na liturgia tanto ocidental como oriental, na tradição das Famílias religiosas, na
espiritualidade dos movimentos contemporâneos, mesmo dos movimentos juvenis e na
pastoral dos santuários marianos: Maria conduz os fiéis à Eucaristia (RMat 44).
4. A Eucaristia, nosso tesouro
A Eucaristia é o centro e a fonte da graça: por isso, deve constituir também a pedra
angular do sistema legionário. A mais ardente atividade não fará nada que preste, se
esquecer, por um só momento, que o seu motivo principal é o estabelecimento em todos os
corações do reino da Eucaristia. Deste modo será atingido o fim para que Jesus veio ao
mundo: comunicar-se às almas, para as fazer uma só coisa com Ele. Ora, o meio principal
para conseguir tal união é a Eucaristia. “Eu sou”, diz Jesus “o pão vivo que desceu do Céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente; e o pão que Eu darei é a minha carne, para a
salvação do mundo” (Jo 6, 51-52).
A Eucaristia é o bem infinito. Neste sacramento, com efeito, está o próprio Jesus tão
presente como outrora em Nazaré ou no Cenáculo de Jerusalém. A Sagrada Eucaristia não é
o símbolo da Sua pessoa ou um instrumento do Seu poder: é o mesmo Jesus, vivo e inteiro.
Por isso, Aquela que O concebeu e nutriu “encontrava na hóstia adorável o fruto bendito do
seu ventre, e renovava na sua vida de união com Jesus Sacramentado os ditosos dias de
Belém e Nazaré” (S. Pedro Juliano Eymard).
Muitos, para quem Jesus não passa de um homem inspirado, O honram e imitam; e
maiores homenagens Lhe renderiam, se n’Ele vissem algo de mais elevado. Como
deveríamos nós nos comportarmos, visto possuirmos o inestimável benefício da fé? Como
são indesculpáveis os católicos que crêem mas não praticam. Aquele Jesus, que os outros
tanto admiram, possuem-n’O os católicos, vivo, na Eucaristia. Têm livre acesso a Ele;
podem e devem recebê-l’O, mesmo todos os dias, como alimento das suas almas.
À vista disto, como é triste verificar a vergonhosa negligência com que é tratada tão
rica herança e como pessoas que crêem na Sagrada Eucaristia, por pecados e desleixos, se
privam deste alimento vital da alma, que Jesus, desde o primeiro instante da
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[Capítulo 8 O Legionário e a Eucaristia página 49]
Sua existência terrestre, pensava em dar-lhes. Logo em Belém (Casa do Pão) foi reclinado
na palha de que Ele era o Trigo Divino, destinado a tornar-se em breve o Pão Celeste que
havia de unir a Ele todos os homens (e uns aos outros), no seu Corpo Místico.
Maria é a Mãe deste Corpo Místico. E assim como outrora cuidava dedicadamente
de todas as necessidades de Jesus Menino, assim deseja agora ardentemente nutrir o Corpo
Místico, do qual é Mãe, tanto quanto o é de Jesus. Que angústias para o seu Coração
maternal, ao ver a fome – às vezes extrema – de seu Filho, no Seu Corpo Místico, porque
poucos se alimentam como devem do Pão Divino, e muitos, absolutamente nada. Que todos
quantos desejam de fato unir-se a Maria, para participar dos seus cuidados maternais para
com as almas, partilhem também das suas angústias e se esforcem, com ela, por matar a
fome do Corpo Místico de Jesus. O legionário deve aproveitar todos os recursos para
despertar nas pessoas com quem realiza o seu apostolado, o conhecimento e o amor ao
Santíssimo Sacramento, e também aproveitar para destruir o pecado e a indiferença que
d’Ele afastam tanto, os homens. Cada comunhão obtida representa um lucro
incomensurável, porque, alimentando a alma individual, nutre todo o Corpo Místico de
Cristo e o faz crescer em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens
(Lc 2, 52).
“Esta união da Mãe com o Filho na obra da Redenção alcança o ponto culminante
no Calvário, onde Cristo ‘se ofereceu a si mesmo, vítima sem mácula, a Deus’ (Hb 9, 14),
e onde Maria esteve de pé, junto à Cruz (Cf. Jo 19, 15), ‘sofrendo profundamente com o
seu Unigênito e associando-se com ânimo maternal ao seu sacrifício, consentido
amorosamente na vítima que havia gerado’, e oferecendo-a também ela, ao eterno Pai.
Para perpetuar ao longo dos séculos o Sacrifício da Cruz, o divino Salvador instituiu o
Sacrifício Eucarístico, memorial da sua Morte e Ressurreição, e confiou-o à Igreja, sua
Esposa, a qual, sobretudo aos domingos, convoca os fiéis para celebrar a Páscoa do
Senhor, até que ele volte: o que a mesma Igreja faz em comunhão com os Santos do céu e,
em primeiro lugar, com a bem-aventurada Virgem Maria, de quem imita a caridade
ardente e a fé inabalável” (MCul 20).
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O LEGIONÁRIO E O CORPO MÍSTICO DE CRISTO
1. O serviço legionário é baseado nesta doutrina
Já na primeira reunião de legionários ficou bem claro o caráter sobrenatural do
serviço a que iam se dedicar. A sua convivência com o próximo devia transparecer
cordialidade, não por motivos meramente naturais, mas porque deveriam ver nesse próximo
a mesmíssima Pessoa de Cristo, tendo sempre presente que tudo o que fizessem aos outros,
ainda que de maneira fraca ou desprezível, o faziam Àquele mesmo Senhor que afirmou:
“Em verdade vos digo que o que fizestes ao mais pequeno dos meus irmãos, a mim próprio
o fizestes” (Mt 25, 40).
Ora, o que se deu com a primeira reunião tem-se dado com todas as que se lhe
seguiram. Nenhum esforço tem sido poupado na intenção de fazer ver aos legionários que
tal critério deve ser, não só a pedra basilar do seu serviço, mas o alicerce da disciplina e da
harmonia na vida interna da Legião. O legionário deve ver e respeitar nos Oficiais e nos
companheiros, o próprio Cristo. Que ele tenha sempre presente esta verdade
transformadora. Para ajudá-lo a atingir tal fim é que se inscreve esse princípio na Ordem
Permanente, lida mensalmente na reunião do Praesidium. Essa Ordem insiste ainda neste
outro princípio fundamental da Legião: devemos trabalhar em tão estreita união com Maria
que seja ela quem de fato, por meio do legionário, execute a sua obra.
Estes princípios básicos da Legião não são mais, afinal, do que a conseqüência da
Doutrina do Corpo Místico de Cristo, doutrina que constitui o tema principal das Epístolas
de São Paulo: e isto nada tem de singular, sabendo-se que a conversão do Apóstolo se deve
à declaração dessa doutrina. Perante o clarão que baixara do céu, o grande perseguidor dos
cristãos caiu por terra, cego, e ouviu estas aterradoras palavras: “Saulo, Saulo, porque me
persegues?” E Saulo interrogou: “Quem é tu, Senhor?” E uma voz respondeu-lhe: “Eu sou
Jesus, a quem tu persegues” (At 9, 4-5). Que maravilha que estas palavras ficassem
gravadas a fogo vivo na alma do Apóstolo e que este se sentisse a todo momento compelido
a falar e a escrever sobre a verdade nelas contida.
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[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 51]
São Paulo compara a união entre Cristo e os batizados àquela que existe entre a
cabeça e os outros membros do corpo humano. Neste, cada membro tem a sua finalidade, a
sua função especial; uns são mais nobres, outros menos, mas todos, dependendo uns dos
outros, são animados pela mesma vida. Deste modo, o dano sofrido por um deles reflete-se
em todos; mas, se um recebe benefício, todos dele participam.
A Igreja é o Corpo Místico de Cristo e a Sua plenitude (Ef 1, 22-23); Cristo é a
Cabeça, a parte principal, indispensável e perfeita, onde todos os membros vão buscar as
suas energias e a sua própria vida. O batismo une-nos a Cristo com laços de tal forma
estreitos, que ninguém poderá imaginá-los. O termo “místico” não significa, de forma
alguma, irreal. De acordo com as vibrantes palavras da Sagrada Escritura – “somos
membros do Seu corpo, formados da Sua carne e dos Seus ossos” (Ef 5, 30). Daqui
resultam certos deveres sacratíssimos de amor e de serviço, não só entre os membros e a
Cabeça, mas entre os próprios membros (1Jo 4, 15-21). A comparação do corpo ajuda-nos
poderosamente a compreender esses deveres, e tal conhecimento constitui já meio caminho
andado para o seu cumprimento.
Com razão se tem afirmado ser este o dogma central do Cristianismo. De fato, toda
a vida sobrenatural, todas as graças concedidas ao homem são fruto da Redenção. Esta se
baseia no fato de Cristo e a Sua Igreja constituírem uma única pessoa mística; e assim é que
as reparações operadas por Cristo, a Cabeça, e os méritos infinitos da Sua Paixão pertencem
também aos Seus membros, os fiéis. Deste modo se explica como é que Nosso Senhor pôde
sofrer pelo homem, conseguindo o perdão de culpas que não cometera. “Cristo é a Cabeça
da Igreja, Seu Corpo, do qual ele é o Salvador” (Ef 5, 23).
A atividade do Corpo Místico é a do próprio Cristo. Os fiéis são n’Ele incorporados
e n”Ele vivem, sofrem e morrem, e, em Sua Ressurreição, ressuscitam. O batismo santifica,
precisamente, porque estabelece, entre Cristo e a alma, essa comunicação de vida, por onde
flui, da Cabeça para os membros, a santidade. Os outros Sacramentos, sobretudo a Divina
Eucaristia, destinam-se a estreitar a união entre o Corpo Místico e a Cabeça. Tal união,
entre a cabeça e os membros, intensifica-se ainda pelo exercício da fé e da caridade, pelos
vínculos da autoridade e do serviço mútuo na Igreja, pelo trabalho e pelo sofrimento,
aceitos com resignação; resumindo: por qualquer ato de vida verdadeiramente cristã. Tudo
isto, porém, será mais eficaz, se a alma atuar decididamente sob a proteção de Maria
Santíssima.
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[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 52]
Maria, pelo seu privilégio de Mãe da Cabeça e dos membros, passa a ser um
eminente laço de união do Corpo Místico. Se é certo que “somos membros do Seu Corpo,
formados da Sua carne e dos Seus ossos”, somos também, com igual verdade e plenitude,
filhos de Maria, Sua Mãe. A Santíssima Virgem foi criada para conceber e dar à luz o
Cristo total, quer dizer, o Corpo Místico com todos os seus membros, perfeitos e ligados
entre si (Ef 4, 15-16), e unidos com a Cabeça, Jesus Cristo; e ela cumpriu seu destino, em
colaboração e mediante o poder do Espírito Santo, que é a vida e a alma do Corpo Místico.
No seio maternal de Maria, e dócil aos seus cuidados, a alma irá crescendo em Cristo, até
chegar à idade perfeita (Ef 4, 13-15).
“Maria desempenha um papel único e sem igual na economia divina. Ela preenche,
entre os membros do Corpo Místico, um lugar à parte – o primeiro depois da Cabeça.
Neste organismo divino do Cristo Total, a sua função está intimamente ligada à vida de
todo o Corpo. É o Coração... Servindo-nos de uma imagem mais popular, ela assemelhase,
por motivo da sua função – é o que diz S. Bernardo – ao pescoço, que liga a cabeça aos
membros do Corpo. A figura suficientemente clara demonstra o porquê da mediação
universal de Maria, entre Cristo – a Cabeça Mística – e os Seus membros. No entanto, a
comparação do pescoço é menos vigorosa que a do coração, para significar a enorme
importância da influência de Maria e do seu poder, o maior depois de Deus, nas operações
da vida sobrenatural; e isto, porque o pescoço não passa de simples ligação, nada fazendo
para iniciar ou influenciar a vida. O coração, pelo contrário, é um centro de vida, o
primeiro a receber os tesouros que imediatamente distribui a todo o organismo” (Mura: O
Corpo Místico de Cristo).
2. Maria e o Corpo Místico
Os cuidados postos por Maria na alimentação, no cuidado e no carinho do Corpo
físico do seu Divino Filho, continuam a ser dispensados agora, em favor de todos e de cada
um dos membros do Corpo Místico, dos mais humildes aos mais nobres. E assim é que,
“agindo os membros com mútua solicitude” (1Cor 12, 25), jamais o fazem
independentemente de Maria, mesmo quando deixem, por descuido ou ignorância, de
reconhecer a sua presença. Nada mais fazem do que unir os seus esforços aos esforços de
Maria. É uma
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[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 53]
obra que lhe pertence e à qual se tem entregado por completo desde a Anunciação até hoje.
Considera-se, assim, que não são propriamente os legionários que se valem do auxílio da
sua Rainha para melhor servir os restantes membros do Corpo Místico, mas é ela que se
digna utilizá-los. E, por tratar-se de uma obra que pertence a Maria, ninguém pode cooperar
nela, sem que a Senhora benevolente, se digne permiti-lo. Tal fato, conseqüência lógica da
doutrina do Corpo Místico, deve ser meditado por todos os que se dedicam ao serviço do
próximo, mas não reconhecem o lugar e os privilégios de Maria. Constitui, além disso, uma
boa lição para os que confessam acreditar nas Escrituras, mas desconhecem e menosprezam
a Mãe de Deus. Cristo – fiquem todos sabendo – amou Sua Mãe, sujeitando-se a ela (Lc 2,
51); e o seu exemplo obriga todos os membros do Seu Corpo Místico a fazerem o mesmo:
“Honrarás... tua Mãe” (Ex 20, 12). Por mandamento divino, cabe a nós amá-la filialmente.
Todas as gerações hão de bendizer tão boa Mãe (Lc 1, 48).
Portanto, assim como ninguém poderá pensar em colocar-se a serviço do próximo a
não ser com Maria, assim também não poderá realizar dignamente tal missão, se não tiver ,
ainda que imperfeitamente, as mesmas intenções de Maria. Quanto maior for a nossa união
com ela, tanto mais perfeitamente cumpriremos o divino preceito de amar a Deus e de
servir o próximo (1Jo 4,19-21).
A função própria dos legionários dentro do Corpo Místico é guiar, consolar e
esclarecer os outros. Tal missão, note-se, só será devidamente cumprida, quando os
legionários se compenetrarem por completo, da doutrina do Corpo Místico e da
identificação deste com a Igreja. A posição e os privilégios da Igreja, a sua unidade, a sua
autoridade, o seu desenvolvimento, padecimentos, milagres, triunfos, o seu poder de
conferir a graça e o perdão dos pecados: tudo isto não será apreciado no seu justo valor, se
não se compreender que Cristo vive na Igreja e que é por intermédio dela, que continua a
Sua missão na terra. A Igreja reproduz verdadeiramente a vida de Cristo.
Cada membro da Igreja é intimado por Cristo, sua Cabeça, a desempenhar
determinada missão dentro do Corpo Místico.
“Jesus Cristo” – lemos na Constituição Lumen Gentium – “comunicando o Seu
Espírito, fez dos Seus irmãos, chamados de entre todos os povos, o Seu Corpo Místico.
Nesse corpo a vida de Cristo difunde-se naqueles que nEle crêem...” Como todos os
membros do corpo humano, apesar de serem muitos, formam, um só corpo, assim também
os fiéis em Cristo”
53
[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 54]
(Cf. 1Cor 12, 12). “Na organização do Corpo Místico de Cristo existe igualmente
diversidade de membros e funções. É um único Espírito que distribui os seus vários dons
para bem da Igreja, na medida das riquezas e exigências dos serviços” (Chl 20).
Para saber a forma de serviço que deve caracterizar os legionários na vida do Corpo
Místico, fixemos os olhos em Maria. Ela foi-nos apresentada como o coração do Corpo
Místico. A sua função, como a do coração humano, é fazer circular o sangue de Cristo,
levando às diversas partes do corpo, a vida e o crescimento. Acima de tudo, é um trabalho
de amor. Por conseguinte, os legionários, ao exercerem o seu apostolado em união com
Maria, são chamados a fazer uma só coisa com Ela, no Seu papel vital de coração do Corpo
Místico.
“Não pode dizer a vista à mão: não preciso da tua ajuda; nem a cabeça aos pés: não
me sois necessários” (1Cor 12, 21). Tais palavras revelam ao legionário, a importância da
sua cooperação na obra do apostolado. E isto, não devido apenas à sua união com Cristo,
com o qual forma um só Corpo e de quem depende, mas ainda porque o próprio Cristo, que
é a cabeça, depende verdadeiramente do legionário a quem bem poderia se dirigir nestes
termos: “Eu necessito da tua ajuda na Minha obra de santificar e salvar as almas”. São
Paulo destaca, a propósito, a dependência em que se encontra a cabeça em relação ao corpo,
quando fala de completar em sua carne, o que falta à Paixão de Cristo (Cl 1, 24). A frase,
estranha, não significa de modo algum que a obra de Cristo ficasse imperfeita; ela salienta
apenas a idéia de que, cada membro do Corpo Místico tem de contribuir, na medida do
possível, para a própria salvação e para a salvação dos restantes membros (Fl 2, 12)
Essa doutrina instrui o legionário sobre a sublime vocação, a que foi chamado,
como membro do Corpo Místico: a de completar o que falta à missão de Nosso Senhor.
Maravilhoso pensamento este: Jesus Cristo necessita de mim para levar a luz e a esperança
aos que vivem nas trevas, o consolo aos aflitos, a vida aos mortos no pecado. Inútil seria
acrescentar, conseqüentemente, que o legionário tem de agir dentro do Corpo Místico,
copiando de modo singular o amor e a obediência incomparáveis que Cristo, a Cabeça,
dedicou à Sua Mãe; amor que o Seu Corpo Místico tem de reproduzir.
“Assim como São Paulo nos assegura completar em seu próprio corpo a medida
dos sofrimentos de Cristo, assim podemos afirmar que um verdadeiro cristão, membro de
Jesus e a Ele unido pela grã-
54
[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 55]
ça, continua e vai até o fim, através do seu trabalho comprometido com o espírito de Jesus,
as ações do próprio Salvador, durante a Sua vida mortal. E isto de tal forma que, quando
um cristão reza, dá continuidade à oração iniciada por Jesus sobre a terra; quando
trabalha, completa o que faltou à vida apostólica de Jesus. Temos de ser assim outros
tantos Cristos sobre a terra, continuando-O na Sua Vida e nas suas ações, agindo e
sofrendo tudo, no espírito de Jesus, isto é, com santas e divinas disposições” (São João
Eudes: O Reino de Jesus).
3. O sofrimento no Corpo Místico
A missão dos legionários coloca-os em íntimo contato com todos os homens,
especialmente com os que sofrem. Necessário é, pois, que conheçam a fundo aquilo que o
mundo é inclinado a chamar, o problema do sofrimento. Ninguém pode fugir nesta vida à
sua Cruz. A maior parte revolta-se contra ela, procurando desviá-la dos seus ombros, e,
porque isso é impossível, ficam esmagados sob o seu peso. Inutilizam assim os planos da
Redenção, que exigem o complemento da dor para que a vida resulte frutuosa, do mesmo
modo que, qualquer tecido exige o cruzamento de fios para se obter o tecido. A dor só
aparentemente contraria e impossibilita a vida do homem. Na realidade, ela a favorece e a
aperfeiçoa. Assim o ensina a Sagrada Escritura, em cada uma das suas páginas, quando
proclama a necessidade “não só de crer em Cristo, mas também a de sofrer por Ele” (Fl 1,
29); e ainda: “Se morrermos com ele, com Ele viveremos; se com Ele padecermos, com Ele
reinaremos” (2Tm 2, 11-12).
A nossa morte em Cristo, de que fala o Apóstolo, está representada por uma cruz
salpicada de Sangue – aquela em que Cristo, nossa Cabeça, acaba de consumar a Sua obra.
Ao pé da Cruz e imersa em tal desolação que parecia impossível continuar a viver, estava a
Mãe do Redentor e dos remidos, aquela de cujas veias tinha vindo o sangue que tão
abundantemente molhava a terra, para resgate da humanidade. Este Sangue Precioso é o
mesmo que é destinado a circular pelo Corpo Místico, conduzindo a vida até as mais
pequenas células; levando à alma a perfeita imagem de Cristo, de um Cristo completo; não
apenas do de Belém e do Tabor, feliz e refulgente de glória, mas também do Cristo
doloroso, do Cristo vítima, do Cristo do Calvário. Para que os maravilhosos frutos desta
torrente redentora possam ser aplicados às almas devemos conhecê-los.
55
[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 56]
Saibam todos os cristãos que não podem selecionar em Cristo o que agrada e rejeitar
o restante. Saibam-no tão bem como o soube Maria nas alegrias da Anunciação. Ela já
então sabia que não era convidada a ser somente mãe venturosa, mas também mãe
dolorosa; tendo-se entregado a Deus sem a menor reserva desde sempre, aceita o Cristo
completo. Ao acolher o Menino no seu seio, ela tinha perfeito conhecimento de tudo
quanto estava contido no mistério; estava disposta tanto a esgotar com o seu Filho o cálice
da amargura, como a compartilhar com Ele, as Suas glórias. Nesse momento, se uniram
aqueles dois Corações Sacratíssimos tão estreitamente, que chegaram quase a identificar-se.
Foi, então, que começaram a pulsar em conjunto dentro do Corpo Místico e em seu
benefício; e, Maria se tornou a Medianeira de todas as Graças, o Vaso Espiritual que recebe
e espalha o Precioso Sangue do Senhor. Ora, o que aconteceu à Mãe, acontecerá com aos
filhos. O homem será tanto mais útil a Deus, quanto mais íntima for a sua união com o
Sagrado Coração, a fonte, onde ele irá beber o Sangue Redentor, para o derramar com
grande fartura sobre as almas. É necessário porém, que esta união com o Sangue e o
Coração de Cristo, abranja totalmente a vida de Jesus; não basta que se aproprie de uma ou
de outra fase. Seria tão leviano como indigno receber de braços abertos o Rei da Glória e
rejeitar o Homem das Dores, porque Um e Outro são o mesmo Cristo. Aquele que não
acompanhar o Cristo sofredor, não tomará parte na Sua missão junto das almas nem
participará da Sua glória.
Conclui-se, portanto, que sofrer é sempre uma graça: graça que, quando não cura,
fortifica. Nunca podemos conceber o sofrimento como castigo do pecado. “Fica sabendo”
diz S. Agostinho, “que as aflições do gênero humano não são uma lei penal, pois o
sofrimento tem caráter terapêutico”. Por outro lado, a Paixão do Senhor transborda, por
privilégio todo especial, sobre os santos e os justos, a fim de os tornar mais semelhantes ao
Redentor. Este intercâmbio e esta fusão de sofrimentos é a base de toda a mortificação e
reparação.
Uma simples comparação com a circulação do sangue no corpo humano dá a idéia
perfeita da função e da finalidade do sofrimento. Tomemos para exemplo a mão. A
pulsação que ali se nota corresponde ao bater do coração – fonte do sangue quente que nela
circula. É que a mão está unida ao corpo de que faz parte. Se a circulação diminui, as veias
se encolhem e o sangue encontra maior dificuldade em correr; e essa dificuldade aumenta à
medida que o frio se torna mais intenso. Se o frio for de tal
56
[Capítulo 9 O Legionário e o Corpo Místico de Cristo página 57]
intensidade que faça cessar a pulsação, a mão gelará e os seus tecidos morrerão. Ficará
caída, sem sangue e não tardará a surgir a gangrena, caso esta situação se prolongue.
Estes diversos graus de frio ajudam-nos a compreender melhor as possíveis
situações espirituais do Corpo Místico. Em alguns a capacidade de receber o Precioso
Sangue é tão limitada, que correm perigo de morte, como membros gangrenados que têm
de ser amputados. O remédio para um membro gelado é evidente: provocar de novo a
circulação para que recupere a vida. Introduzir o sangue à força, nas veias e artérias
constitui, sem dúvida processo doloroso, mas a dor é anúncio de futura alegria. Acontece
que a maioria dos católicos praticantes não são de fato membros gelados; contentes
consigo, dificilmente se considerarão até membros frios. No entanto, o Precioso Sangue
não circula neles no grau desejado pelo Senhor, o que o obriga a introduzir neles à força, a
Sua vida.
O Sangue Divino, circulando e dilatando as veias endurecidas, causa dores ao
paciente: são os sofrimentos da vida. Estas dores, porém, bem compreendidas, não
deveriam constituir uma fonte de alegria? A consciência da dor converte-se, então, na
consciência da presença real e íntima de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Jesus Cristo sofreu tudo quanto tinha de sofrer, nada faltou para fazer
transbordar a medida dos Seus padecimentos. No entanto, a Sua Paixão não terminou
ainda... Terminou, sim, no que ser refere à Cabeça, mas continua nos membros do Seu
Corpo. Com muita razão, pois, Nosso Senhor, que ainda sofre no Seu Corpo, deseja vernos
tomar parte no seu sacrifício redentor. Exige-o a nossa união com Ele: porque, se
somos o Corpo de Cristo e membros uns dos outros, tudo quanto sofra a Cabeça, os
membros também deveriam sofrer em solidariedade com ela” (Santo Agostinho).
10
APOSTOLADO DA LEGIÃO
1. Dignidade do Apostolado
Para descrever a dignidade do apostolado, para o qual a Legião convida os seus
membros, e demonstrar a sua importância para a Igreja, não podemos encontrar palavras
mais expressivas do que a seguinte declaração:
57
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 58]
“O dever e o direito dos leigos ao apostolado, se originam da sua mesma união com
Cristo Cabeça. Com efeito, pertencendo pelo Batismo ao Corpo Místico de Cristo e
robustecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, é pelo Senhor mesmo que
são destinados ao apostolado. São sagrados em ordem a um sacerdócio real e a um povo
santo (cf. 1 Pd 2, 4-10) para que todas as suas atividades seja oblações espirituais e por toda
a terra dêem testemunho de Cristo. E os Sacramentos, sobretudo a Sagrada Eucaristia,
comuniquem e alimentem neles, aquele amor que é a alma de todo o apostolado” (AA 3).
Pio XII dizia: “Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais
avançada da vida da Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por
isso, eles devem ter consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas
de serem a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra, sob a orientação do chefe
comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja” (ChL 9).
“Maria exerce sobre o gênero humano uma influência moral que não podemos
definir melhor, senão comparando-a às forças físicas de atração, afinidade e coesão, que
na Natureza unem entre si, os corpos e as partes componentes... Parece-nos ter
demonstrado que Maria tomou parte em todos os grandes movimentos, que constituem a
vida das sociedades e a sua verdadeira civilização” (Petitalot).
2. Absoluta necessidade do Apostolado dos Leigos
Não temos dúvida em afirmar que a saúde moral de uma comunidade católica
depende da presença no seu seio de um grupo numeroso de apóstolos que, embora formado
por leigos, partilha do espírito do sacerdote, assegurando-lhe estreito contato com o povo e
constante controle da realidade. A segurança resulta desta perfeita união entre o sacerdote e
o povo.
Ora, o apostolado exige ardoroso interesse pela prosperidade da Igreja e pela sua
obra, interesse que dificilmente existirá sem o desejo de trabalhar pessoalmente, na
extensão do Reino de Deus. A organização apostólica torna-se assim o molde de
verdadeiros apóstolos.
Onde estas qualidades de apostolado não forem cuidadosamente cultivadas, a nova
geração terá de enfrentar inevitável-
58
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 59]
mente um sério problema: a falta de sincero interesse pela Igreja e a ausência de sentido de
responsabilidade. Deste Catolicismo infantil, o que se poderá esperar? Só está seguro, em
tempo de tranqüilidade. A experiência ensina-nos que, ao menor sinal de perigo, o rebanho
sem energia se deixa dominar pelo desespero, pisoteando, na fuga, até o próprio pastor, ou
é devorado pela primeira alcatéia de lobos que aparece. “Em todos os tempos” – diz um
princípio formulado pelo Cardeal Newman – “os leigos têm sido a justa medida do espírito
católico”.
“Fomentar entre os leigos o sentido de uma vocação própria – eis o
importantíssimo papel da Legião de Maria. Nós, os leigos, corremos o risco de identificar
a Igreja com o clero e os religiosos, a quem Deus concedeu o que chamamos, em sentido
demasiadamente exclusivo, uma vocação. Somos tentados, inconscientemente a olhar-nos
como multidão anônima, salvando-nos por grande sorte, se cumprirmos o mínimo exigido.
Esquecemo-nos de que o Senhor chama as suas ovelhas pelo nome (Jo 10, 3) e que –
usando as palavras de S. Paulo (Gl 2, 20), que como nós não esteve fisicamente presente
no Calvário: – “O Filho de Deus amou-me e se entregou a Si mesmo por mim”. Cada um
de nós, seja ele carpinteiro de aldeia como o próprio Jesus ou uma humilde dona de casa,
como a Virgem Maria, tem uma vocação; é chamado individualmente por Deus a amá-lO e
a servi-lO, a fazer um trabalho particular que outros poderão talvez, realizar melhor, mas
nunca substituir. Só eu e mais ninguém posso dar o meu coração a Deus ou executar o meu
trabalho. Ora, a Legião de Maria cultiva exatamente este sentido pessoal da religião. O
legionário não se contenta com uma atitude passiva ou irresponsável: homem ou mulher,
tem de ser e de fazer alguma coisa por Deus. A religião não é coisa de menor importância,
mas a inspiração da vida inteira, por mais simples que ela seja aos olhos humanos. A
convicção de uma vocação pessoal cria, inevitavelmente, o espírito apostólico, o desejo de
prosseguir a obra de Cristo, de ser outro Cristo, de servi-lO no mais pequenino de seus
irmãos. A Legião é assim o substituto leigo de uma ordem religiosa, a tradução da idéia
cristã de perfeição, na vida dos leigos; a expansão do Reino de Cristo no mundo do dia-adia”
(Alfredo O’Rahilly).
59
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 60]
3. A Legião e o Apostolado dos Leigos
Como tantos outros grandes princípios, o apostolado é em si mesmo uma teoria fria
e abstrata. Daí o perigo real de não exercer atração sobre as pessoas, de tal maneira que
poderão não corresponder ao elevado destino que lhes foi imposto ou, pior ainda, poderão
ser julgados incapazes de lhe corresponder. O resultado desastroso seria o abandono do
esforço exercido, para levar os leigos a desempenharem, na batalha da Igreja, a sua parte
própria e indispensável.
Ora, – diz um qualificado juiz, o Cardeal Riberi, então Delegado Apostólico nas
Missões da África e depois Internúncio na China: “A Legião de Maria é o apostolado
apresentado de forma atraente e fascinante; tão palpitante de vida que a todos
encanta; realizado conforme o desejo de Pio XI, isto é, em inteira dependência da
Virgem Mãe de Deus; exigindo a qualidade como elemento básico para o
recrutamento; protegido pela oração assídua, pelo sacrifício de si próprio, por uma
organização perfeita e por uma estreita cooperação com o sacerdote. A Legião de
Maria é um milagre dos tempos modernos”.
A Legião respeita o sacerdote e obedece-lhe com acatamento que deve aos legítimos
superiores. Mais ainda: o seu apostolado baseia-se no fato de que os principais canais da
graça são a missa e os sacramentos, de que o sacerdote é o ministro oficial. Todos os
esforços e trabalhos deste apostolado devem dirigir-se para este elevado fim: levar o
alimento divino à multidão doente e esfomeada. Isso significa que um dos objetivos
principais da ação legionária é conduzir o sacerdote ao meio do povo, se não em pessoa, o
que às vezes é impossível, ao menos tornando compreensível a sua função e valorizando a
sua influência.
Esta é a idéia essencial do apostolado da Legião. Apesar de leiga na massa dos seus
membros, trabalhará em união com o sacerdote, sob a sua direção e em plena identificação
de interesses. Procurará ardentemente apoiar os seus esforços e conseguir-lhe um lugar
mais vasto na vida dos homens, de sorte que, recebendo-o, recebam Aquele que o enviou.
“Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que Eu enviar recebe-Me
a Mim, e o que Me recebe, recebe Aquele que Me enviou” (Jo 13, 20).
60
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 61]
4. O Sacerdote e a Legião
A idéia do sacerdote, assistido por um grupo dedicado de apóstolos que participa
dos seus trabalhos, tem a mais santa das aprovações: o exemplo do próprio Jesus Cristo
que, preparando-se para converter o mundo, rodeou-se de homens escolhidos aos quais
instruiu e encheu do Seu espírito.
Esta divina lição aprenderam-na e aplicaram-na os Apóstolos, chamando em seu
auxílio todos os fiéis para os ajudarem na conquista dos seres humanos. Como muito bem
disse o Cardeal Pizzardo, é possível que os estrangeiros vindos de Roma (At 2, 10) que
ouviram a pregação dos Apóstolos no dia de Pentecostes, fossem os primeiros a anunciar
Jesus Cristo naquela cidade, lançando assim as sementes da Igreja-Mãe, que São Pedro e
São Paulo haviam de fundar oficialmente. “Que teriam feito os Doze, perdidos na
imensidão do mundo, se não estivessem rodeado de colaboradores – homens e mulheres,
velhos e novos – dizendo-lhes: Trazemos conosco o tesouro do Céu, ajudai-nos a repartilo”
(Pio XI).
A estas palavras de um grande Pontífice podem ajuntar-se as de um outro, como
demonstração de que o exemplo de Nosso Senhor e seus Apóstolos, na conversão do
mundo foi dado por Deus como modelo a seguir por cada sacerdote (um outro Cristo) no
seu pequenino mundo, paróquia, bairro ou obra especial.
Falando um dia o Papa S. Pio X com um grupo de cardeais, dizia-lhes: “Que coisa é
mais necessária nos tempos presentes para a salvação da sociedade?” – “Levantar escolas
católicas”, respondeu um. – “Não”, retorquiu o Papa. – “Multiplicar as igrejas”, tornou
outro. – “Também não”. – “Intensificar o recrutamento sacerdotal”, sugeriu um terceiro. –
“Não, não”, replicou o Papa: “O que há de mais necessário é a existência em cada paróquia
de um grupo de leigos que sejam ao mesmo tempo virtuosos, instruídos, resolutos e
verdadeiramente apostólicos”.
No fim da vida, este santo Pontífice contava, para a salvação do mundo, com grupos
de católicos convenientemente treinados por um clero zeloso, que se entregaram ao
apostolado pela palavra e pela ação, mas sobretudo, pelo exemplo. Nas dioceses em que
exerceu o sagrado ministério antes de ser Papa, dava menos importância ao recenseamento
dos paroquianos do que à relação dos católicos, capazes de irradiar a sua fé, dedicando-se
ao apostolado. Era de opinião que em todas as classes, podia haver um grupo de especial
destaque. Por isso, ele classificava os sacerdotes de acordo com os resultados obtidos nesta
matéria,
61
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 62]
pelo seu zelo e pelos seus talentos (Chautard: A alma de todo o apostolado, 4).
“A missão de pastor não se limita ao cuidado singular dos fiéis, mas estende-se
também propriamente à formação da verdadeira comunidade cristã. Para que seja cultivado
devidamente o espírito de comunidade, deverá abraçar não só a Igreja local, mas também a
Igreja inteira. A comunidade local, porém, não deve se preocupar somente com o cuidado
pelos seus fiéis, mas também, cheia de ardor missionário, deve preparar, para todos, o
caminho para Cristo. Considere, todavia, como recomendados de modo especial, os que
estão se preparando para o Batismo e os recém-batizados, que devem ser educados
gradualmente, no conhecimento e na vivência da vida cristã” (PO 6).
“Deus feito homem achou necessário deixar o Seu Corpo Místico na terra. Se não o
tivesse feito, a Sua obra teria terminado no Calvário. A Sua morte teria merecido a
salvação para o gênero humano, mas como é que tantos homens teriam ganho o Céu sem a
Igreja para lhes comunicar a vida da cruz? Cristo identifica-se, de modo especial, com o
sacerdote. O sacerdote é como um coração a mais, que abre caminho para os corações, ao
sangue da vida sobrenatural. É uma parte essencial do sistema de transmissão espiritual
no Corpo Místico de Cristo. Se ele falha, o sistema é bloqueado, e aqueles que dele
dependem não recebem a vida que nos planos de Cristo deveriam receber. O sacerdote,
dentro dos devidos limites, deveria ser para o seu povo o que Cristo é para a Igreja. Os
membros de Cristo são um prolongamento d’Ele mesmo e não simplesmente empregados,
agregados, partidários. Os membros de Cristo possuem a vida de Cristo. Partilham da
atividade de Cristo. Deveriam ter a maneira de ver de Cristo. Os sacerdotes, por sua vez,
deveriam ser uma só coisa com Cristo, sob todos os aspectos possíveis. Se Cristo achou
necessário formar um Corpo espiritual para si, o sacerdote deveria fazer o mesmo.
Deveria formar, para si, membros que fossem uma só coisa com ele. Se um sacerdote não
tiver membros vivos, formados por ele, unidos a ele, o seu trabalho se reduzirá a
dimensões insignificantes. Ficará só e desamparado. “O olho não pode dizer à mão: não
necessito do teu serviço; nem a cabeça pode dizer aos pés: vós não me sois necessários”
(1Cor 12, 21).
De sorte que, se Cristo fez do Seu Corpo Místico o princípio do Seu caminho, da
Sua verdade, da Sua vida para os homens, isto tudo vai agir, exatamente, através do novo
Cristo, o sacerdote. Se ele não exerce a sua função de modo que ela seja verdadeiramente
a
62
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 63]
perfeita construção do Corpo Místico, a que se refere a Carta aos Efésios (4, 12 – texto
habitualmente traduzido por “edificação dos fiéis”), a vida divina só em pequena
quantidade penetrará nos corações e neles frutificará. Além disso, o sacerdote ficará
empobrecido, porque, embora a missão da cabeça seja ministrar a vida ao corpo, não é
menos verdade que a cabeça vive pela vida do corpo, crescendo com o seu crescimento,
partilhando da sua fraqueza se ele perde as forças.
O sacerdote que não compreende esta lei da missão sacerdotal, avançará pela vida
afora, realizando apenas uma pequena parte das suas possibilidades, quando o seu
verdadeiro destino em Cristo é abraçar os horizontes” (Padre F.J. Ripley).
5. A Legião na Paróquia
“Nas atuais circunstâncias, os fiéis leigos podem e devem fazer muitíssimo para o
crescimento de uma autêntica comunhão com a Igreja no seio das suas paróquias e para o
despertar do impulso missionário com relação aos que em nada acreditam e também com
relação àqueles que por ventura abandonaram ou diminuíram a prática da vida cristã” (ChL
27). Logo se perceberá que, com a fundação da Legião de Maria se desenvolverá
enormemente um verdadeiro espírito de comunidade. Através da Legião, os leigos
acostumam-se a trabalhar na paróquia em íntima união com os sacerdotes e a participarem
das responsabilidades pastorais. A regulamentação das várias atividades paroquiais,
mediante uma reunião regular semanal, traz vantagens evidentes. Todavia uma
consideração mais elevada se impõe: as pessoas envolvidas nas atividades paroquiais,
pertencendo à Legião, receberão uma formação espiritual que as ajudará a compreender que
a paróquia é uma comunidade Eucarística e que por meio de um sistema bem organizado,
se tornarão capazes de atingir cada um dos paroquianos, com o objetivo de elevar a
comunidade. Alguns dos trabalhos em que a Legião pode se empenhar na paróquia, são
apresentados no capítulo 37: Sugestões de Trabalhos.
“O apostolado dos leigos deve ser considerado pelos sacerdotes como parte
integrante do seu ministério, e pelos fiéis, como uma exigência da vida cristã” (Pio XI).
63
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 64]
6. Um idealismo forte e uma ação intensa, frutos da Legião
Se a Igreja se prendesse a uma rotina demasiadamente cautelosa, colocaria a
Verdade de que é guarda, em situação desfavorável. A natureza generosa necessita de um
ideal de ação; e se a juventude se acostumar a procurá-lo nas organizações ou sistemas não
religiosos, isso constituirá uma desgraça terrível, cujas conseqüências atingirão as gerações
futuras.
A Legião pode remediar este mal, realizando os seu programa de iniciativa, de
esforços e de sacrifícios, ajudando a Igreja a apropriar-se destas duas palavras que dão vida:
“Idealismo” e “Ação”, de modo a torná-las preciosas auxiliares da sua doutrina.
No dizer do historiador Lecky, o mundo é governado pelos ideais. Sendo assim,
aqueles que criam um ideal mais alto, arrastam por ele, o gênero humano. Trata-se, é
evidente, de um ideal prático e suficientemente claro, que possa ser atingido por todos.
Admitamos que os ideais apresentados pela Legião correspondam a estas duas exigências.
Uma das mais importantes características da Legião será o desabrochar de
numerosas vocações religiosas entre os legionários e os seus filhos.
Alguém poderá apresentar a objeção de que ninguém quererá assumir, no egoísmo
universal em que vivemos, o “pesado” compromisso de membro da Legião. É um erro. A
multidão daqueles que preferem uma vida vulgar passa sem deixar rastro. Pelo contrário, os
poucos que correspondem, enérgicos, ao esforço exigido por um ideal mais elevado,
permanecerão, transmitindo lentamente o seu ardor a outros.
Um Praesidium da Legião pode constituir um meio poderoso para ajudar o
sacerdote no recrutamento cada vez maior de leigos que colaborem na evangelização dos
que estão confiados aos seus cuidados. Deste modo, uma hora e meia, despendida por
semana, a guiar os membros de um Praesidium, a encorajá-los, a sobrenaturalizá-los, vai
lhe permitir estar em toda a parte, ouvir tudo, exercer influência em cada um, ultrapassando
as possibilidades das suas forças físicas. Com efeito, a direção de vários Praesidia parece
constituir uma das melhores aplicações do zelo de um pastor do rebanho.
O sacerdote, armado assim com os seus legionários, – armas humildes, como o
bastão e a bolsa, a atiradeira e as pedras, mas tornados por Maria, instrumentos do Céu –
pode avançar,
64
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 65]
como outro David, com a certeza antecipada da vitória, contra os mais provocadores Golias
da descrença e do pecado.
“É a força moral e não a material que manterá o seu apostolado e assegurará o
seu triunfo. Não são os gigantes os que mais fazem. Como era pequenina a Terra Santa!
Todavia conquistou o mundo. E que insignificante não era a Ática! Não obstante formou o
espírito humano. Um só era Moisés; um só, Elias; um só, David; um só, Paulo; um só,
Atanásio; um só, Leão! A graça atua sempre por intermédio de poucos. Os instrumentos do
Céu são: visão penetrante, convicção firme, resolução que não se deixa dominar; o sangue
do mártir; a prece do santo, a ação heróica, a crise momentânea, a energia concentrada
numa palavra ou num olhar. Não tenham medo, pequeno rebanho, porque é onipotente
Aquele que está no meio de vocês e por vocês realizará prodígios” (Newman: A posição
atual dos católicos).
7. Formação apostólica pelo método mestre e aprendiz
A formação de apóstolos é para a maior parte das pessoas um problema de fácil
solução, mediante uma série de conferências e o estudo de livros de texto. A Legião julga,
pelo contrário, que não pode haver formação efetiva sem trabalho correspondente que a
acompanhe. A palestra sobre o apostolado, sem a realização de um trabalho real, levaria,
talvez, a resultados apostos. Notemos que, ao expor o processo de concluir o trabalho,
torna-se necessário descrever as suas dificuldades e apresentar motivos ou normas
superiores para a sua perfeita realização. Falar desta maneira aos candidatos sem lhes
mostrar ao mesmo tempo, de modo concreto, que o trabalho é fácil e está ao alcance das
próprias forças, serviria apenas para intimidar e afastar. O sistema de conferência produz o
teórico e também os homens que pensam converter o mundo com a atividade da
inteligência. Tais pessoas perderiam o desejo de se consagrar aos serviços humildes e ao
prosseguimento dedicado dos contatos individuais dos quais tudo depende, e que o
verdadeiro legionário, diga-se de passagem, abraça prontamente.
A formação, no entender da Legião, deverá ser feita conforme o método mestre e
aprendiz. É este o processo ideal de formação usado em todas as profissões e artes, sem
exceção. Em vez de longas conferências, o mestre coloca a obra dian-
65
[Capítulo 10 Apostolado da Legião página 66]
te do aprendiz e, por demonstração prática, indica-lhe como se faz, explicando cada ponto à
medida que o trabalho prossegue. Depois, sob o olhar do mestre que lhe corrige os
desacertos, o aprendiz tenta por si mesmo, o trabalho. De tal método de formação surge o
homem competente, o profissional. As palestras hão de basear-se, por conseqüência, no
próprio trabalho, e cada uma das palavras se referirá a uma ação concreta, senão pouco
fruto se há de colher. É estranho, mas há pouco aproveitamento de conferências, mesmo
por parte de estudantes, regularmente aplicados!
Acrescente-se que, propor a pessoas desejosas de se iniciar numa organização
apostólica, o sistema de conferências, seria afastar inúmeros candidatos. Poucos estariam
dispostos a sujeitar-se a semelhante prova. A maior parte, ao deixar os bancos escolares,
prometeu a si mesma, não voltar. Gente simples do povo fica apavorada diante da idéia de
ter que voltar às aulas, mesmo “santas”. Daqui, a fraca atração exercida sobre as almas
pelos métodos de estudo da estratégia apostólica. O processo legionário é mais simples e
psicológico. “Venham conosco e trabalharemos juntos” – dizem os legionários. Convidamnos
não para uma aula, mas para o trabalho que eles mesmos estão fazendo. Certos de que a
tarefa não excederá as suas energias, os novos operários alistam-se com entusiasmo na
organização, tornando-se em breve apóstolos competentíssimos. Além de verem como os
outros membros trabalham, os candidatos tomam parte nas atividades comum, e aprendem
pelos relatórios e respectivos comentários, o melhor meio de os levar a bom fim.
“A Legião é muitas vezes criticada por falta de membros especializados ou por não
insistir a que se dediquem a longos períodos de estudo. Digamos pois a este respeito: a) A
Legião utiliza sistematicamente a contribuição dos seus membros mais bem qualificados.
b) Evitando, embora, dar extrema importância ao estudo, esforça-se por preparar cada um
dos seus membros, por métodos apropriados, para o seu apostolado particular. c) O
objetivo dominante, porém, é apresentar uma estrutura com a qual a Legião possa dizer ao
católico comum: ‘Venha, traga seu pouco talento e nós lhe ensinaremos a desenvolvê-lo e
a usá-lo, por intermédio de Maria, para glória de Deus’. Não devemos esquecer que a
Legião existe tanto para os humildes e desvalidos, como para os sábios e poderosos”
(Padre Tomás O’Flynn, C.M., antigo Diretor Espiritual do Concilium Legionis Mariae).
66
[página 67]
11
O PLANO DA LEGIÃO
1. A santificação pessoal: fim e meio
O meio comum e essencial de que a Legião de Maria se serve para atingir o seu fim,
consiste na execução de um serviço pessoal sob o impulso do Espírito Santo, isto é, tendo
como princípio motor e apoio, a graça divina e como último objetivo, a glória de Deus e a
salvação das almas.
A santificação pessoal é assim não só o fim da Legião de Maria, mas, também o seu
principal meio de ação: “Eu sou a videira, vós os ramos. O que permanece em Mim e Eu
nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).
“A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério, o sagrado Concílio expõe, é
infalivelmente Santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai “o único santo”,
amou a Igreja como esposa, entregou-se por ela, para a santificar (cf. Ef 5, 25-26) e uniua
a Si como Seu corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para glória de Deus.
Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia ou quer por ela sejam pastoreados,
são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: “esta é a vontade de Deus, a
vossa santificação” (1Ts 4, 3; cf. Ef 1, 4). Esta santidade da Igreja incessantemente se
manifesta, e deve manifestar-se, nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis;
exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que, no seu estado de vida, tendem à
perfeição da caridade, dando bom exemplo ao próximo; aparece de um modo especial na
prática dos conselhos chamados evangélicos. A prática destes conselhos, abraçados sob o
impulso do Espírito Santo por muitos cristãos, quer particularmente, quer nas condições
ou estados aprovados pela Igreja, leva e deve levar ao mundo, admirável testemunho e
exemplo desta santidade” (LG 39).
2. Um sistema perfeitamente organizado
As grandes fontes de energia natural, se não forem canalizadas, perdem-se. De
modo semelhante, o zelo sem método e o entusiasmo sem direção nunca produzem grandes
resultados, quer interiores quer exteriores, e mesmo assim, a maior parte das vezes, são de
pouca duração. Consciente disso, a Legião apresenta aos seus membros mais um modo de
vida do que uma simples tarefa a realizar. Baseia-se, para tal, num sistema perfeitamente
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[Capítulo 11 O Plano da Legião página 68]
organizado, no qual, tem força de regra aquilo que em outras organizações é apenas
aconselhado ou simplesmente sugerido, impondo, mesmo no que se refere a cada
pormenor, a mais exata observância. Promete, como prêmio, a perseverança e um visível
progresso nas virtudes da perfeição cristã, especialmente a fé, o amor a Maria, a intrepidez,
a imolação de si próprio, a fraternidade, o espírito de oração, a prudência, a paciência, a
obediência, a humildade, a alegria e o espírito apostólico.
“O desenvolvimento do que comumente chamamos apostolado dos leigos é uma das
manifestações especiais do nosso tempo, tendo por si, se atendermos unicamente ao
número dos que a ele se podem dedicar, possibilidades ilimitadas de expansão. Apesar
disso, como nos parecem insuficientes as disposições tomadas para a manutenção e
progresso deste movimento colossal! Quando se compara o grande número de
congregações religiosas tão admiravelmente concebidas para atender às necessidades
daqueles que abandonam o mundo, com a maneira pela qual estão organizados os que no
mundo permanecem, – que contraste impressionante! De um lado, que escrupuloso
cuidado e que sábia precisão – para fazer render ao máximo a atuação de cada um! Do
outro, como são elementares e superficiais as disposições empregadas! A organização
exige dos seus membros, inegavelmente, a realização de uma tarefa; mas esta, para a
maior parte deles, não passa, na roda da semana, de simples distração, que dificilmente
chegará a representar algo mais importante. Devemos ter, quanto a este serviço, o mais
elevado conceito. Não deveria ele constituir, para cada um dos membros, a base de toda a
sua vida espiritual, e ainda ser o seu bordão de peregrino na caminhada para o céu?”
Sem dúvida, as congregações religiosas devem servir de modelo aos leigos que
trabalham em comum. Não é ousado afirmar que, em igualdade de circunstâncias, a
qualidade de trabalho realizado aumentará na medida em que mais se aproximar dos
métodos das congregações. Surge, porém, uma dificuldade: até que ponto se deve impor
uma regra? Por mais desejável que seja a disciplina para se trabalhar com eficácia, correse
constantemente o perigo de exagerar, diminuindo assim o poder de atração do
organismo. Nunca devemos esquecer que se trata de uma organização permanente de
leigos. Não equivale, de forma alguma, a uma nova ordem religiosa, nem pretende vir a
ser, como outrora aconteceu, e muitas vezes, com outras organizações.
68
[Capítulo 11 O Plano da Legião página 69]
“O fim que se pretende atingir é este e não outro: levar a uma organização
eficiente as pessoas que têm uma vida comum – como nós a conhecemos – e nas quais
devemos ter em conta as diferenças de gostos e ocupações, que nem sempre são de caráter
puramente religioso. A regulamentação a impor não deve ultrapassar aquilo que possa ser
aceito pela maior parte das pessoas, a que a organização é destinada, mas, também não
deve ficar aquém” (Padre Miguel Creedon, primeiro Diretor Espiritual do Concilium).
3. A perfeição dos membros
Segundo a Legião, a perfeição dos seus membros deve avaliar-se, não pelo prazer
causado pelos êxitos reais ou aparentes, mas pela fidelidade exata ao seu método. Só
merecem o nome de legionários na medida em que obedecem ao sistema.
Exortam-se os Diretores Espirituais e os Presidentes dos Praesidia a relembrar
constantemente este ideal de perfeição àqueles que lhes foram confiados. Constitui o ideal
que todos podem atingir e que não está no êxito nem na consolação conquistada pelo
trabalho. Só na sua realização encontrar-se-á o remédio eficaz contra a monotonia, o
trabalho enfadonho, a falta de êxito real ou imaginário que, aliás, podem reduzir a nada, no
campo do apostolado, as mais prometedoras esperanças.
“Devemos notar que os nossos serviços à Sociedade de Maria se avaliam, não pela
importância do cargo que nessa sociedade desempenhamos, mas pelo grau de espírito
sobrenatural e de zelo por Maria, com que nos dedicamos ao dever que nos é imposto pela
obediência, – por mais humilde e apagado que seja” (Pequeno Tratado de Mariologia, por
um Marianista).
4. A obrigação principal
Como primeira obrigação e a mais importante no seu sistema, a Legião de Maria
impõe aos seus membros a participação das reuniões. O que a lente é para os raios solares é
a reunião para os membros: foco que os concentra, os incendeia, e inflama tudo quanto dele
se aproxima. É a reunião que faz a Legião. Ela é o vínculo: se esse vínculo for partido ou
relegado ao abandono, os membros desertam pouco a pouco e a obra desmorona.
69
[Capítulo 11 O Plano da Legião página 70]
Pelo contrário, quanto mais a reunião for respeitada, tanto mais se intensificará o benéfico
poder da organização.
As seguintes palavras, traçadas nos primeiros tempos da Legião, representam ainda
hoje, como outrora, o seu modo de pensar sobre o organismo e, conseqüentemente, sobre a
importância fundamental da reunião, – foco, como acima se disse, do sistema: “Numa
organização, o indivíduo, por mais categorizado que seja, desempenha o papel de dente
numa roda. Cede, em parte, a sua independência à máquina, isto é, ao conjunto dos seus
associados que deste modo produzem cem vezes mais. Um sem-número de indivíduos que,
de outra maneira, permaneceriam inativos ou inferiores à sua tarefa, entram em movimento;
e cada um deles trabalha, não mais com a sua reduzida força pessoal, mas com o ardor e a
potência incalculáveis que lhe são transmitidos pelas melhores qualidades de cada
associado. Reparem em um bocado de carvão caído por terra, e o imaginem depois,
transformados em brasa, em uma fornalha ardente. Assim é com os homens.
A organização possui, desta maneira, independentemente dos indivíduos que a
compõem, uma vida própria. Mais que a beleza ou a necessidade do trabalho realizado, esta
característica parece ser, na prática, o ímã que atrai os novos legionários. O organismo
estabelece uma tradição, gera a lealdade, impõe o respeito e a obediência, e inspira
poderosamente todos os membros. Interroguem-nos e verão que eles confiam na Legião
como em uma mãe cheia de sabedoria e de prudência. E tem razão. Não é ela que os
defende de todas as armadilhas: das imprudências do zelo, do desânimo nas dificuldades,
do orgulho no êxito, da hesitação na defesa de idéias rejeitadas por todos, da timidez na
solidão e, em geral, da areia movediça onde se afunda a inexperiência? É ela que se apodera
da matéria bruta da boa intenção, trabalha-a e a transforma; é ela, enfim, que empreende a
ação num plano regular e lhe assegura a expansão e a continuidade” (Padre Miguel
Creedon).
“Considerada em relação a nós, seus membros, a Sociedade de Maria é a extensão,
a manifestação visível de Maria, nossa Mãe Celeste. Maria recebeu-nos na Sociedade,
como em seu amoroso seio maternal, para nos formar à imagem e semelhança de Jesus e
assim nos tornar seus filhos prediletos; para distribuir a cada um de nós uma tarefa
apostólica, e associar-nos dessa maneira à sua missão de corredentora das almas. Para
nós, a causa e os interesses da Sociedade identificam-se com a causa e os interesses de
Maria” (Pequeno Tratado de Mariologia, por um Marianista).
70
[Capítulo 11 O Plano da Legião página 71]
5. A reunião semanal do Praesidium
O Praesidium reúne-se semanalmente, numa atmosfera sobrenatural de oração, de
práticas de piedade e de suave espírito fraterno. Nesta reunião, é marcada uma tarefa
especial a cada membro e recebido o relatório do trabalho realizado. A reunião semanal é o
coração da Legião, de onde jorra, para as veias e artérias, o sangue, que garante a vida, a
fonte da luz e da energia; é um tesouro inesgotável que provê a todas as necessidades. É o
grande exercício de comunidade, onde o Salvador, segundo a Sua promessa, assiste
invisível, no meio dos Seus, e onde graças especiais são derramadas sobre o trabalho de
cada um. É aí que os legionários são formados no espírito de religiosa disciplina que os
leva, primeiro, a agir no propósito de agradarem a Deus e de se santificarem a si próprios;
em seguida, a recorrer à organização como o meio mais apropriado para atingirem estes
fins; e, por último, a entregar-se inteiramente à tarefa que lhes foi confiada, sem jamais a
subordinar aos seus gostos pessoais.
Considerem os legionários a assistência à reunião semanal do Praesidium como o
primeiro e mais sagrado dever para com a Legião. Nada a pode substituir. Sem ela, o
trabalho será como um corpo sem alma. A razão mostra e a experiência comprova que o
descuido no cumprimento deste dever primordial será seguido de um trabalho ineficaz e,
em breve, de inevitáveis desistências.
“Àqueles que não marcham com Maria aplicam-se as palavras de Santo Agostinho:
‘Bene curris, sed extra-viam’: corres bem, mas por fora do caminho. Aonde irás assim
parar?” (Petitalot)
12
FINS EXTERNOS DA LEGIÃO
1. O trabalho atualmente em curso
A Legião não se propõe este ou aquele trabalho especial: tem como objetivo
principal a santificação dos seus membros. Para atingir esta finalidade apóia-se, em
primeiro lugar, na assistência às diversas reuniões, em que a oração e outras práticas de
71
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 72]
piedade estão tão unidas e entrelaçadas que moldam com suas características toda a
atividade legionária. Mas a Legião procura desenvolver a santidade de um modo peculiar,
dando-lhe o caráter de apostolado, aquecendo-a até o ponto de sentir a necessidade de se
comunicar. Esta difusão não é apenas o aproveitamento de uma força em desenvolvimento,
mas, por uma espécie de reação, é um elemento necessário ao desenvolvimento dessa
mesma força: nada contribui mais para o progresso do espírito apostólico do que o
exercício do apostolado. Daí, o motivo por que a Legião impõe a cada membro uma
obrigação essencial da máxima importância: a de realizar semanalmente um trabalho ativo,
determinado pelo Praesidium. A execução desta tarefa constitui um ato de obediência ao
Praesidium. Salvas as exceções adiante indicadas, o Praesidium pode aprovar qualquer
trabalho ativo que satisfaça a referida obrigação. Todavia, a Legião exige que o trabalho
obrigatório seja orientado para reais necessidades e, entre estas, as mais graves, pois a
intensidade do zelo que a Legião se esforça por inflamar nos seus membros exige um
objetivo digno. Um trabalho insignificante provocará reações desfavoráveis: corações
prontos a sacrificar-se pelo próximo, a pagar a Jesus Cristo amor com amor e, em
reconhecimento pelos Seus trabalhos e por Sua morte, prontos a dar-Lhe o seu esforço e o
seu sacrifício – acabarão por instalar-se na pobreza de uma rotina e na perda de entusiasmo
pelo trabalho apostólico.
“Eu não fui recriado com a mesma facilidade com que fui criado. Deus disse uma
palavra – e tudo foi feito; mas, se isto bastou para me criar, já para me recriar disse
muitas palavras, obrou muitas maravilhas e sofreu muitas dores.” (São Bernardo).
2. O fim mais remoto e mais elevado: o fermento da comunidade
Por mais importante que seja o trabalho que esteja sendo realizado, a Legião não o
considera como o fim último ou mesmo principal do apostolado de seus membros. O
trabalho pode consumir uma, duas ou mais horas da semana do legionário; para a Legião,
porém, que olha mais longe, cada hora deve constituir a irradiação do fogo apostólico aceso
no seu lar. O sistema que inflama assim as pessoas lançou no mundo uma força poderosa. O
espírito apostólico domina como senhor e tudo governa: pensamentos, palavras e ações. As
suas manifestações externas não
72
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 73]
são limitadas pelo tempo nem pelo espaço. Os indivíduos mais tímidos e os menos dotados
adquirem uma capacidade especial para influenciar os outros, de modo que, onde quer que
estejam, e mesmo sem terem a intenção de exercer apostolado, conseguem dominar o
pecado e a indiferença. É a experiência universal que no-lo ensina. Tal como o general que
contempla, satisfeito, a sólida ocupação dos pontos estratégicos, a Legião vê com alegria os
lares, as oficinas, as escolas, os estabelecimentos comerciais e os lugares dedicados ao
trabalho e ao recreio, onde um verdadeiro legionário foi colocado pelas circunstâncias.
Mesmo onde a falta de religião e o escândalo se encontram fortemente entrincheirados, a
presença desta nova Torre de David impedirá o seu avanço e fará com que recuem. A
Legião nunca dará seu apoio à corrupção: antes, deverá se esforçar em remediá-la,
tornando-a objeto das suas orações, lamentando-a com mágoa, combatendo-a contínua e
decididamente, em busca de um êxito que certamente há de alcançar.
Assim, pois, a Legião começa por reunir os seus membros a fim de que, perseverem
em oração, juntamente com a sua Rainha. Envia-os em seguida aos lugares de pecado e de
aflição, para aí praticarem o bem e para que fazendo-o, se inflamem na vontade de realizar
maiores coisas; e, finalmente, estende o seu olhar para os largos caminhos e pequenos
atalhos da vida de cada dia, a fim de neles descobrir campo de ação para missões, cada vez
mais gloriosas. Conhecedora das realizações operadas por pequeninos núcleos legionários;
ciente das possibilidades ilimitadas de recrutamento; e convicta de que o seu sistema, se
vigorosamente utilizado pela Igreja, constitui um meio extraordinariamente eficaz para
purificar o mundo pecador, a Legião deseja ardentemente que os seus membros se
multipliquem e se tornem Legião no número, como o são no nome.
Unindo os legionários ativos, os auxiliares e aqueles que estão sob sua influência, a
Legião conseguirá abranger uma população inteira e erguê-la do nível de negligência e da
rotina a uma entusiasmada fidelidade à Igreja. Imagine-se o que isto significa numa aldeia
ou cidade! Os fiéis deixam de ser um peso morto na Igreja, para constituírem uma força
motriz, cujos impulsos, diretamente ou através da comunicação dos Santos, atingem os
confins da Terra e, até os lugares mais sombrios. Uma população inteira organizada pela
causa de Deus – que ideal sublime! Ideal não apenas teórico, mas possível e prático no
mundo dos nossos dias, se todos resolverem levantar os olhos para o alto e a pôr mãos à
obra.
73
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 74]
“Sim, o laicado é uma ‘raça escolhida, um sacerdócio santo’, chamado a ser o ‘sal
da terra’, e a ‘luz do mundo’. A sua missão específica é exprimir o Evangelho na vida
pessoal e, desta forma, colocá-lo como fermento, na realidade do mundo, em que vive e
trabalha. As grandes forças que moldam o mundo – a política, os meios de comunicação
social, a ciência, a tecnologia, a cultura, a educação, a indústria e o trabalho – são
precisamente as áreas em que os leigos gozam de uma especial competência no exercício
da sua missão. Se estas forças forem guiadas por verdadeiros discípulos de Cristo, que
sejam ao mesmo tempo inteiramente competentes nos conhecimentos humanos, podemos
estar seguros de que o mundo será transformado, a partir de dentro, pelo poder redentor
de Cristo.” (João Paulo II, Irlanda, Limerick, outubro de 1979).
3. A união de todos os homens
“Procurar primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça” (Mt 6, 33), ou seja, trabalhar
diretamente na salvação das almas, eis a preocupação maior da Legião de Maria. Não se
deve esquecer, no entanto, que outras coisas lhe foram dadas por acréscimo, como, por
exemplo, o seu valor como elemento social. Torna-se, assim, a Legião de Maria um tesouro
nacional para o país onde se encontra, e converte-se, para os seus habitantes, em um valioso
elemento de riqueza espiritual.
O exercício frutuoso da máquina social exige, como qualquer outro mecanismo, a
cooperação harmoniosa de todas as suas peças. Cada uma, isto é, cada indivíduo, deve
cumprir rigorosamente a função que lhe foi confiada causando o menor atrito possível.
Aliás, se o indivíduo não cumpre com a sua obrigação, surge o desperdício de energia, o
bom andamento é perturbado e os dentes da roda da máquina social deixam de se ajustar
uns aos outros. Reparar o mal é impossível, pois torna-se dificílimo descobrir-lhe a
extensão ou as causas. Por isso, o remédio a adotar consiste em aumentar a força motriz ou
lubrificar a máquina com mais dinheiro. Este remédio leva a um fracasso progressivo, pois
diminui a noção de serviço ou de colaboração espontânea. Há sociedades com tal vitalidade
que podem continuar a funcionar mesmo quando metade de suas partes se encontram mal
engrenadas. Mas à custa de quanta pobreza, de quanta frustração e infelicidade! Não se
poupam dinheiro nem esforços para pôr em
74
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 75]
ação peças que deviam mover-se sem dificuldade ou ser, até mesmo, fontes de energia.
Resultado: problemas, desordens, crises.
Ninguém ousará negar que isto se passa mesmo nos Estados mais bem governados.
O egoísmo é a regra da vida individual; o ódio converte a existência de muitos em forças
puramente destrutivas, e cada dia que desponta traz consigo uma nova e universal
demonstração da verdade que pode ser expressa rigorosamente nestes termos: “Os homens
que negam Deus, que Lhe são traidores, atraiçoarão igualmente todas as pessoas e tudo
quanto existe abaixo de Deus – no Céu e na Terra” (Brian O’Higgins).
A que alturas podemos esperar que se eleve o Estado, se ele não é mais que a soma
das vidas individuais? Se as são um perigo e um tormento para si próprias, que poderão
oferecer ao mundo senão uma parte da sua própria desordem?
Suponhamos agora que uma força nova surge na sociedade, comunicando-se de
indivíduo a indivíduo, como que por contágio, e converte em centro de atração os ideais
generosos de abnegação e de fraternidade: – que transformação não seria operada! As
chagas vivas cicatrizam-se e a vida passa a ser vivida num nível superior. Imagine-se ainda
o aparecimento de uma nação em que a vida se ajuste por estas elevadas normas e apresente
perante o mundo o exemplo de um povo inteiro que pratica unanimemente a sua Fé, e
resolve, em conseqüência, todos os seus problemas sociais. Quem põe em dúvida que tal
nação passaria a constituir, para o mundo, um farol luminoso, a cujos pés se sentaria a
Terra para alimentar-se da luz dos seus ensinamentos?
Ora é indiscutível que a Legião possui a força capaz de interessar os leigos na sua
própria religião, de forma vital e também de comunicar um idealismo ardente aos que
vivem sob a sua influência, fazendo-os esquecer as divergências, as distinções e as
rivalidades e fazendo com que se resolvam a amar o gênero humano e a servi-lo
devotadamente. Este idealismo, que se encontra enraizado na religião, não é um simples
sentimento, não se evapora: disciplina o indivíduo, educando-lhe a vontade de servir;
anima-o a sacrificar-se e torna-o capaz de maiores heroísmos.
Por quê? A razão está na causa motriz. A energia deve ter uma fonte. A Legião
dispõe de um motivo que força a servir a comunidade. E o motivo é este: Jesus e Maria
eram cidadãos de Nazaré. Amavam a sua aldeia e o seu país com religiosa devoção, pois
para os judeus a fé e a pátria estavam tão divinamente enlaçadas que formavam apenas uma
só coisa. Jesus e Maria viveram perfeitamente a vida comum de sua localidade. Cada
pessoa, cada coisa ali era para eles objeto do mais profundo interesse. Se-
75
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 76]
ria impossível imaginá-los indiferentes ou descuidados sob qualquer aspecto.
Hoje, o seu país é o mundo e cada lugar, a sua Nazaré. Numa comunidade de
batizados, Jesus e Maria estão mais intensamente unidos às pessoas do que outrora aos seus
próprios parentes. Mas o Seu amor tem agora de se exercer por meio do Corpo Místico. Se
os membros deste corpo se esforçarem por servir o lugar em que vivem, Jesus e Maria virão
a esse lugar e derramarão a sua benéfica influência, não só sobre as pessoas como também
no meio-ambiente. Haverá progressos materiais e os problemas hão de diminuir. Nem há
verdadeiros melhoramentos que possam vir de qualquer outra fonte.
A atenção ao nosso dever de cristãos em cada localidade seria mais uma
manifestação de patriotismo. Esta palavra não é bem compreendida: que vem a ser de fato o
verdadeiro patriotismo? Dele não existe no mundo nem mapa nem modelo. Um exemplo
aproximado é a dedicação e o sacrifício pessoal que se desenvolve em tempo de guerra.
Mas neste caso, a dedicação e o sacrifício são motivados mais pelo ódio do que pelo amor
e, por conseguinte, orientados para a destruição. É imperioso, pois, estabelecer um modelo
correto de patriotismo pacífico.
É este serviço da comunidade, feito por motivos espirituais, que a Legião vem
estimulando com o nome de Verdadeiro Amor à Nação. Não só deve este serviço ser
empreendido por motivos espirituais, mas ele e tudo o que origina nele deve ser utilizado
para promover o bem espiritual. Atividades que só produzissem progressos materiais
falsificariam a idéia do Verdadeiro Amor à Nação. O Cardeal Newman exprime
perfeitamente esta idéia básica, quando diz que um desenvolvimento material, que não é
acompanhado por uma manifestação correspondente de ordem moral é quase para inspirar
medo. É indispensável garantir o verdadeiro equilíbrio.
O Concilium tem à disposição de quem o desejar, um folheto sobre este assunto.
Reparem, povos da Terra! Se assim é a Legião, não parece que ela nos oferece,
pronta para o combate, uma Cavalaria dotada do poder mágico de unir os homens num
sublime empreendimento pela Causa de Deus, serviço que supera infinitamente as lendárias
campanhas do Rei Artur, o qual, segundo Tennyson, “na sua ordem da Távola Redonda,
juntou a Cavalaria Andante de seu reino e de todos os reinos numa Companhia gloriosa,
elite da humanidade, para servir de modelo ao mundo poderoso e constituir o início
sorridente de uma nova era?”
76
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 77]
“A Igreja, que é ao mesmo tempo ‘agrupamento visível e comunidade espiritual,’
caminha juntamente com toda a humanidade, participa da mesma sorte terrena do mundo
e é como que o fermento e a alma da sociedade humana, a qual deve ser renovada em
Cristo e transformada em família de Deus.
O Concílio incentiva os cristãos, cidadãos de ambas as cidades, a que procurem
cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastamse
da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas
que caminhamos em busca da futura, pensam que podem por isso descuidar dos deveres
terrenos, sem atenderem a que a própria fé os obriga ainda mais, a cumprir esses deveres,
segundo a vocação própria de cada um” (GS 40-43).
“Uma resposta prática a esta necessidade e obrigação realçadas na Constituição
Conciliar encontra-se no movimento legionário começado em 1960 e conhecido como o
Verdadeiro Amor à Nação. A medida dos bons êxitos já alcançados mostra as vastas
possibilidades de desenvolvimento. Mas, note-se bem, o que a Legião tem para oferecer à
ordem temporal não é um conhecimento ou competência excepcionais, não é uma
habilidade extraordinária, nem mesmo um grande número de trabalhadores – mas o
dinamismo espiritual que a converteu numa força mundial que pode ser aproveitada para
elevar qualquer setor do Povo de Deus, que tenha a inteligência e o bom senso de
aproveitar essa força. A iniciativa, porém, deve vir da Legião. Afastando embora tudo o
que possa sugerir mundanismo, a Legião há de recordar-se sempre do mundo, no sentido
do Decreto anterior. Tome consciência de que o homem tem de viver no meio das coisas
materiais, das quais depende em larga escala, a sua própria salvação” (Padre Thomas
O’Flynn, C.M., antigo Diretor Espiritual do Concilium Legionis Mariae).
4. A grandiosa campanha pela causa de Deus
Esta é a cavalaria de que a Igreja precisa neste tempo de extraordinário perigo para a
religião. A preocupação com as coisas do mundo e a falta de consciência religiosa,
animados por hábil propaganda, difundem a sua influencia corruptora, em círculos cada vez
mais vastos, ameaçando submergir o mundo.
Comparada com estas forças formidáveis, vemos como a Legião é uma organização
modesta! Não importa. Esse mesmo contraste torna-a mais audaz. A Legião é formada por
almas estreitamente unidas à Virgem poderosíssima; encerra em si gran-
77
[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 78]
des princípios e conhece a forma eficaz de os aplicar. Tudo leva a crer, portanto, que o
Onipotente se digne operar nela e por ela os maiores prodígios.
Os objetivos da Legião de Maria são totalmente opostos aos das legiões que negam
“o nosso único Mestre e Senhor Jesus Cristo” (Jd 1, 4). O objetivo da Legião de Maria é
levar Deus e a religião a todo o indivíduo; o das outras legiões é precisamente o contrário.
Não se pense, no entanto, que o plano da Legião foi idealizado especialmente para opor-se
a este império da descrença. As coisas passaram-se com extrema simplicidade. Um
pequeno grupo de almas reuniu-se em torno de uma imagem de Nossa Senhora e disse-lhe:
“Guiai-nos!” Unidos a Ela, começaram a visitar uma enorme enfermaria, cheia de aflitos,
de doentes e miseráveis, de uma grande cidade, vendo em cada um deles o amado Filho de
Maria. Compreenderam que Jesus estava presente em cada membro da humanidade e que
deviam ajudar Maria na tarefa maternal de cuidar d’Ele. De mãos dadas com Ela, iniciaram
o seu trabalho simples e humilde, e ei-los tornados Legião. Esta Legião entrega-se a atos
simples de amor de Deus, no homem, e de amor dos homens por amor de Deus; em toda a
parte este amor revela o seu poder de ganhar os corações.
Também os sistemas materialistas professam amar e servir o homem. Pregam um
evangelho vazio de fraternidade, em que milhões e milhões de pessoas acreditam. Para o
abraçar abandonam a religião que julgam sem vida. No entanto, esta situação não é
desesperada. Há um meio de trazer de novo à fé estes milhões de homens e de salvar outros
milhões incontáveis. A esperança baseia-se na aplicação de um grande princípio que São
João Maria Vianney, o Santo Cura de Ars, formulava nestes termos: “O mundo pertence a
quem mais o ama e melhor lhe testemunha o seu amor.” As pessoas não deixarão de ver e
de ser impressionadas por uma fé real que atua, movida por um amor heróico a todos os
homens. Convencei-os de que a Igreja os ama mais do que os outros, e hão de regressar à
fé, apesar de todas as dificuldades e, se for preciso, derramar por ela o próprio sangue.
Para realizar uma conquista assim, não basta um amor vulgar, nem um Catolicismo
pobre que dificilmente se agüenta a si mesmo. Tal obra só pode ser levada avante por um
Catolicismo que ame de todo o coração a Jesus Cristo, seu Senhor, e saiba vê-lo e amá-lo
em todos os homens, sem distinção. Mas esta suprema caridade de Cristo deve ser praticada
em tão alto grau que leve os que a observam a considerá-la como uma verdadeira ca-
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[Capítulo 12 Fins Externos da Legião página 79]
racterística da Igreja e não como manifestação isolada de alguns de seus membros. Deve
manifestar-se na vida do conjunto dos leigos.
Não será demasiada ambição querer inflamar toda a Igreja neste sublime ideal? Sim,
a tarefa é heróica. Os horizontes do problema são tão extensos e tão numerosas as hostes
que dominam os povos, que até o coração mais valente pode ser levado a desanimar. Mas
Maria é o coração da Legião, e este coração é fé e amor sem igual. Com esta firme
convicção, a Legião estende os seus olhares sobre o mundo com inabalável esperança: “A
terra pertence a quem mais a ama.” E voltando-se para a sua excelsa Rainha, diz-lhe como
no princípio: “Guiai-nos!”
“A Legião e o materialismo que age na sociedade enfrentam-se mutuamente.
Vamos compará-los. A verdadeira energia motriz do sistema materialista é a sua
disciplina implacável, exercendo-se através de uma rede de espiões e denunciantes. Isto
está de tal modo desenvolvido que os cidadãos em geral sentem que tudo quanto fazem ou
dizem será denunciado. Utilizando este instrumento de terror universal, uma autoridade
que oprime pode impor a sua vontade a uma nação inteira. É um sistema eficiente, mas
horrível. A submissão completa a este controle absoluto significa a extinção da liberdade e
finalmente da própria faculdade moral.
Nada consegue resistir a este domínio a não ser a mobilização total dos católicos.
A Legião possui, para este fim, a engrenagem perfeita, fato admitido pelo exército
contrário. Mas essa engrenagem por si, é inútil se lhe falta uma força que a movimente.
Essa energia motriz reside na espiritualidade legionária, que consiste num real apreço
pelo Espírito Santo e pela Verdadeira Devoção à Sua Esposa, a Bem-aventurada Virgem
Maria, e numa verdadeira confiança nos mesmos, espiritualidade esta que se alimenta do
Pão da Vida, a Eucaristia.
Quando estas duas forças, a Legião e o materialismo, entram em luta, este último
pode matar e perseguir, mas falhará na tentativa de esmagar o espírito da Legião. Os
legionários suportam os maus tratos e, mantendo vivas as chamas da liberdade e da
religião, acabam, finalmente, por triunfar” (Padre Adão MacGrath, S.S.C.).
79
[página 80]
13
CONDIÇÕES DE ADMISSÃO NA LEGIÃO
1. A Legião de Maria está aberta para todos os católicos que:
a) pratiquem fielmente a sua religião;
b) estejam animados do desejo de exercer o seu apostolado na Igreja, como
membros da Legião;
c) e estejam resolvidos a cumprir todas as obrigações impostas aos membros da
organização.
2. Aqueles que desejem ingressar na Legião de Maria devem solicitar sua inscrição
em um Praesidium.
3. Os candidatos com menos de 18 anos só podem ser admitidos nos Praesidia
juvenis (Ver o capítulo 36).
4. Ninguém deve ser admitido como candidato à Legião de Maria antes de o
Presidente do Praesidium, a que é requerida a admissão, se ter certificado através de uma
observação cuidadosa, de que o pretendente satisfaz as condições exigidas.
5. Antes de ser alistado nas fileiras da Legião, o candidato deve submeter-se
satisfatoriamente a uma prova mínima de três meses. Pode, todavia, desde o princípio,
participar plenamente nos trabalhos da Legião.
6. A cada candidato será entregue, um exemplar da Tessera.
7. A admissão propriamente dita consiste essencialmente no Compromisso
Legionário e na inscrição do nome do candidato na lista dos membros do Praesidium. A
fórmula do Compromisso Legionário vem inserida no capítulo 15 e está impressa de forma
a facilitar a leitura.
Monsenhor Montini (mais tarde Papa Paulo VI), escrevendo em nome de Pio XII,
declara: “Este Compromisso Legionário e Mariano tem fortalecido os legionários de todo o
mundo na sua luta por Cristo, especialmente os que estão sofrendo perseguições pela fé”.
Existe um comentário do Compromisso Legionário – “A Teologia do Apostolado” –
devido à pena ilustre de Sua Eminência, o Cardeal Suenens, Arcebispo de Malinas, e
publicado em várias línguas. Obra de incalculável valor, que devia andar nas mãos de todos
os legionários. A sua leitura, no entanto, aproveita também a qualquer católico responsável,
pois encerra uma exposição notável dos princípios diretivos do apostolado cristão.
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[Capítulo 13 Condições de Admissão na Legião página 81]
a) Terminado o período de provação de uma forma satisfatória, deverá o candidato
ser informado com uma semana de antecedência, pelos menos, da sua admissão. Durante
ela, o candidato procurará familiarizar-se com as palavras e o sentido do Compromisso
Legionário, de maneira que, na cerimônia da admissão, o leia com facilidade, compreensão
e fervor.
b) Na reunião semanal do Praesidium, logo após a recitação da Catena e enquanto
todos os membros se conservam de pé, aproxima-se o Vexillum do candidato que, tomando
na mão esquerda uma cópia do Compromisso, recita-o em voz alta, intercalando o seu
próprio nome no lugar respectivo. No início do terceiro parágrafo leva a mão direita à haste
do Vexillum e aí a conserva até o fim da recitação. Depois recebe a bênção do sacerdote (se
este estiver presente) e o seu nome é inscrito na lista dos membros.
c) Em seguida os legionários sentam-se de novo, ouvem a alocução e a reunião
segue o seu curso.
d) Se o Praesidium não possuir ainda o Vexillum, o candidato fará o Compromisso
perante uma imagem do mesmo – a que figura na Tessera, por exemplo.
8. Uma vez aprovado, o candidato deve assumir sem demora, o seu Compromisso
Legionário. Dois ou mais candidatos podem ser recebidos no mesmo dia, o que não é
aconselhável, pois se torna evidente que, quanto mais numerosos, menos solene se torna a
cerimônia para cada um deles.
9. A cerimônia da recepção pode constituir uma difícil prova para as pessoas
extremamente sensíveis; mas tanto melhor: porque a cerimônia ganhará para elas em
solenidade e seriedade – que se refletirão na sua futura vida legionária.
10) Compete ao Vice-Presidente, de maneira especial, o dever de acolher os
candidatos, de os instruir nas suas obrigações, e de os animar durante a provação e depois
dela. É este, porém, um dever em que todos os legionários devem colaborar.
11. Se um candidato, por qualquer motivo, não desejar assumir o Compromisso,
poder-se-á prolongar o período de provação por mais três meses. O Praesidium tem o
direito de adiar o Compromisso até se certificar de que o candidato satisfaz as condições
exigidas. Dê-se a este, de modo semelhante, ampla oportunidade para se decidir. Mas ao
fim dos três meses suplementares, o candidato deverá assumir o Compromisso
incondicionalmente, ou deixar o Praesidium.
81
[Capítulo 13 Condições de Admissão na Legião página 82]
Se um membro, depois de ter assumido o Compromisso, mais tarde o rejeita
interiormente, tem a obrigação moral de deixar a Legião.
A aprovação e o Compromisso são a porta por onde se ingressa na Legião. Não
deve ficar aberta, por negligência, aos indivíduos despreparados que possam baixar o nível
e enfraquecer o espírito da Legião.
12. O Diretor Espiritual não está obrigado à cerimônia do Compromisso. Mas
assumi-lo seria não só legítimo, como agradável e honroso para o Praesidium.
13. Reserve-se esse Compromisso ao seu fim específico. Não é permitido usá-lo
como ato de consagração na Acies ou em outras solenidades. Nada impede, porém, que os
legionários o utilizem nas suas devoções particulares.
14. As faltas dos legionários às reuniões do Praesidium deverão ser consideradas
com justa compreensão, conforme as causas que as motivaram. Não se risquem
levianamente os nomes da Lista Oficial, sobretudo se as ausências se baseiam em doença,
mesmo prolongada. Quando, porém, o nome de um membro foi retirado da lista por haver
faltado de maneira irresponsável, requer-se, para reingressar na Legião, novo período de
provação e novo Compromisso.
15. Em tudo ao que se refere o serviço legionário e só nisso, os membros tratar-seão
por “Irmão” ou “Irmã”.
16. Conforme as necessidades e com a aprovação da Curia, os membros se
agruparão em Praesidia de homens, mulheres, rapazes, moças ou mistos. No seu início, a
Legião foi um organismo puramente feminino. Só oito anos mais tarde se formou o
primeiro Praesidium de homens. Apesar disso, a Legião apresenta base igualmente
apropriada para estes, existindo atualmente em atividade numerosos Praesidia, quer mistos,
quer masculinos. Os primeiros Praesidia da América, da África e da China foram de
homens.
Embora as mulheres ocupem, por isso, lugar de honra na Legião, usamos
sempre nestas páginas o pronome masculino para designar os legionários de um e
outro sexo. Tal é o costume do direito. Evitam-se, assim, repetições cansativas de “ele
ou ela”.
“A Igreja nasceu para tornar todos os homens participantes da redenção salvadora
e, através deles, conduzir efetivamente a Cristo o universo inteiro, dilatando pelo mundo o
seu reino para glória
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[Capítulo 13 Condições de Admissão na Legião página 83]
de Deus Pai. Toda a atividade do Corpo Místico que seja orientada para este fim, chamase
apostolado. A Igreja exerce-o de diversas maneiras, por meio de todos os seus
membros, já que a vocação cristã é também, por sua própria natureza, vocação ao
apostolado. Do mesmo modo que num corpo vivo, nenhum membro tem um papel
meramente passivo, mas antes, juntamente com a vida do corpo, também participa da sua
atividade, assim também no corpo de Cristo, que é a Igreja, todo o corpo “segundo a
função de cada parte, opera o próprio crescimento” (Ef. 4, 16). Mais ainda: é tão
profunda neste corpo a união entre os membros (Ef. 4, 16) que se deve dizer que não
aproveita nem à Igreja nem a si mesmo, aquele membro que não trabalha para o
crescimento do corpo, segundo sua própria medida” (AA2).
14
O PRAESIDIUM
1. O núcleo de Membros Ativos da Legião de Maria chama-se Praesidium. Esta
palavra latina indicava um destacamento da Legião Romana incumbido de determinada
tarefa: um setor da linha de batalha, uma praça forte, uma guarnição. Conseqüentemente, o
termo Praesidium é aplicado, com a máxima razão, à unidade orgânica da Legião de Maria.
2. Cada Praesidium adota como nome um título de Nossa Senhora, por exemplo:
“Nossa Senhora da Misericórdia”, ou o de um dos seus privilégios, como “Imaculada
Conceição”, ou, finalmente, o de algum acontecimento da sua vida, p. ex., “A Visitação”.
Feliz o Bispo que vier a ter na sua Diocese, Praesidia suficientes para formar uma
Ladainha viva de Maria!
3. O Praesidium tem autoridade sobre todos os seus membros e poder para regular
as suas atividades legionárias. Os membros, por seu lado, devem obedecer lealmente a
todas as ordens legítimas do Praesidium.
4. Cada Praesidium, quer diretamente, quer por intermédio de um Conselho
aprovado, deve estar filiado ao Concilium Legionis, sem o que não pertencerá à Legião.
Segue-se que nenhum Praesidium deve ser fundado sem prévia licença de sua Curia ou, à
falta desta, do Conselho Superior imediato, ou ain-
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[Capítulo 14 O Praesidium página 84]
da, em último recurso, do Concilium. O novo Praesidium dependerá diretamente do
Conselho que autorizou a sua fundação.
5. Nenhum Praesidium deve ser fundado em qualquer paróquia, sem o
consentimento do Pároco ou do Ordinário. Um ou outro deve ser convidado a presidir à
cerimônia da inauguração.
6. O Praesidium deve se reunir regularmente, uma vez por semana. A reunião
deverá ser feita conforme o estabelecido no Capítulo intitulado “Ordem a observar na
reunião do Praesidium.”
Esta regra é absolutamente invariável. Haverá quem diga com várias e excelentes
razões que é difícil reunir semanalmente e que uma reunião quinzenal ou mensal bastaria
para os fins em vista.
A tais objeções tenha-se presente que a Legião em circunstância alguma pode
consentir que a reunião deixe de ser semanal, nem concede a nenhum Conselho o direito de
alterar esta norma. Se a regulamentação do trabalho ativo em curso fosse o único assunto a
tratar, talvez bastasse uma reunião mensal, embora seja para duvidar que o referido trabalho
fosse feito semanalmente, como manda o Regulamento. Mas um dos fins essenciais da
reunião é a oração semanal em comum, e será inútil acrescentar que tal fim só pode ser
atingido com a reunião semanal.
É certo que uma reunião semanal acarreta sacrifício. Mas, se a Legião não pode
exigi-lo com confiança aos seus membros, – onde encontraremos a base necessária e firme
para o seu sistema?
7. Haverá em cada Praesidium como Diretor Espiritual, um sacerdote, e também um
Presidente, um Vice-Presidente, um Secretário e um Tesoureiro.
Chamam-se Oficiais do Praesidium e são os seus representantes na Curia. As
obrigações de cada um deles serão tratadas no capítulo 34. A primeira, porém, há de ser a
perfeita execução do trabalho semanal ordinário, de modo a servirem de exemplo aos
restantes membros.
8. Os Oficiais deverão apresentar ao Praesidium um relatório de cada reunião da
Curia, e manter assim o necessário contato entre o Praesidium e a Curia.
9. O Diretor Espiritual é designado para o seu cargo pelo Pároco ou pelo Bispo. A
permanência no cargo dependerá da aprovação dos mesmos.
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[Capítulo 14 O Praesidium página 85]
Um Diretor Espiritual pode encarregar-se, ao mesmo tempo, da direção de mais de
um Praesidium.
Caso ele não possa participar das reuniões do Praesidium, poderá fazer-se substituir
por outro sacerdote ou religioso, ou, em circunstâncias especiais, por um Legionário
competente, chamado Tribuno.
Embora o Diretor Espiritual deva estar a par do que se passa nas reuniões, a sua
presença não é essencial à validade das mesma.
O Diretor Espiritual pertence à categoria dos Oficiais do Praesidium e deve apoiar
toda autoridade legionária legítima.
10. O Diretor Espiritual deverá ter autoridade decisiva nas questões religiosas ou
morais levantadas nas reuniões do Praesidium, cabendo-lhe o direito de suspender qualquer
deliberação até que o Pároco ou o Bispo dêem o seu parecer.
“Este direito é uma arma necessária; mas, como qualquer arma, deve ser usada
discreta e cautelosamente, para que não aconteça tornar-se instrumento de destruição e não
de proteção. Numa associação bem organizada e bem dirigida a sua utilização nunca será
necessária.” (Civardi: Manual da Ação Católica)
11. Os Oficiais do Praesidium, exceto o Diretor Espiritual, serão nomeados pela
Curia, ou, se esta não existir, pelo Conselho imediatamente superior.
É para desejar que se evitem francas discussões a respeito das qualidades ou
defeitos de candidatos a Oficiais, possivelmente presentes. Assim, quando se tem que
preencher qualquer vaga no quadro dos Oficiais, o Presidente da Curia costuma apresentar
a esta, depois de cuidadosa pesquisa (em que deve ser ouvido sobretudo o Diretor Espiritual
do Praesidium) o nome da pessoa que lhe pareça mais idônea, e que a Curia nomeará, se
assim o entender.
12. A duração do mandato dos Oficiais (exceto a do Diretor Espiritual) é de três
anos, prolongável por outro período igual ao primeiro, isto é, seis anos ao todo. Depois de o
seu mandato terminar um Oficial não pode continuar a exercer as suas funções.
A transferência de um Oficial para outro cargo ou para cargo idêntico em unidade
diferente deverá considerar-se como nova nomeação.
Após um intervalo de três anos, um Oficial pode ocupar o mesmo cargo no mesmo
Praesidium.
85
[Capítulo 14 O Praesidium página 86]
Quando, por qualquer motivo, um Oficial não puder completar os três anos de
mandato, deverá considerar-se como tendo servido três anos, na data do abandono do cargo.
Aplicam-se depois as normas gerais da renovação dos mandatos: a) se se tratar de um
primeiro período, pode, dentro do triênio que não completou, ser designado para o mesmo
lugar por um novo período de três anos; b) se se tratar de um segundo período, deve
decorrer três anos entre a saída do cargo e a nova nomeação para as mesmas funções.
“O problema da duração de um cargo deve ser resolvido de acordo com os
princípios gerais. Em qualquer organização – sobretudo numa organização religiosa de
voluntários – nunca devemos perder de vista o grande perigo de acomodação que a ameaça,
no todo ou em qualquer das suas partes, pela diminuição do entusiasmo, pela infiltração do
espírito de rotina, pelo endurecimento dos métodos, diante dos males que surgem
constantemente. Perigo realmente sério, – porque muito humano.
Este processo de deterioração conduz a um trabalho sem vida, a uma completa
indiferença. A organização deixa de atrair ou reter os membros mais qualificados, caindo
numa indiferença aniquiladora. É disto que a Legião tem de se defender a todo o custo. Para
tal, é absolutamente indispensável garantir, em todo e cada um dos Conselhos ou Praesidia,
um perpétuo renovar de entusiasmo. O nosso primeiro cuidado deve recair sobre os Oficiais
– fontes naturais de zelo – esforçando-nos para que não diminua o impulso do seu primitivo
fervor, o que se consegue com a mudança a que acima nos referimos. Se os Oficiais falham,
tudo falha. Se neles se extingue a chama do entusiasmo, vão esfriar, na mesma medida os
grupos que eles dirigem. E o pior é que se contentarão facilmente com o estado de coisas, a
que se habituaram. Para tal situação não há remédio possível a não ser que o socorro venha
de fora. Teoricamente, tal remédio estaria num estatuto que exigisse a renovação periódica
de um cargo. Na realidade, porém, este remédio não seria eficaz, pois que os próprios
conselhos administrativos não se aperceberiam do lento desmoronar e aprovariam
automaticamente a reeleição dos mesmos dirigentes.
Conseqüentemente, parece que a única atitude segura a se tomar é substituir os
Oficiais, sem considerar seus méritos ou outras circunstâncias. O procedimento das ordens
religiosas sugere à Legião, o critério a seguir: “o de limitar a seis anos a duração dos cargos
e exigir a renovação do poder após o primeiro triênio” (Decisão tomada pela Legião,
limitando a duração dos cargos dos Oficiais).
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[Capítulo 14 O Praesidium página 87]
13. “Não há maus soldados,” dizia Napoleão, – “só há maus oficiais”. É esta uma
forma irônica de afirmar que são os oficiais que fazem os soldados. O padrão estabelecido
pelos Oficiais, dentro da organização, em matéria de generosidade e de trabalho, nunca será
ultrapassado pelos Legionários. Daí, a imperiosa necessidade de escolher os Oficiais entre
os melhores elementos. Se o operário deve ser digno de seu salário, o legionário deve ser
digno de ocupar um cargo de direção.
A nomeação sucessiva de bons Oficiais deveria significar o aperfeiçoamento
constante do espírito do Praesidium. Cada novo Oficial, além de velar cuidadosamente pela
manutenção do nível adquirido, há de contribuir com a sua participação pessoal para o
progresso do Praesidium.
14. A nomeação do Presidente, sobretudo, requer madura reflexão. Um erro em tal
matéria pode ser a ruína do Praesidium. A escolha só deve ser feita depois de um sério
exame dos possíveis candidatos, de acordo com os requisitos apontados no capítulo 34, n°
2, relativo ao Presidente. A pessoa que não ofereça garantia de poder satisfazer às normas
ali estabelecidas, deve ser absolutamente posta de lado, por maiores que sejam os seus
méritos, sob qualquer outro ponto de vista.
15. Não havendo razões especiais em sentido contrário, a Curia, sempre que
proceder à reorganização de um Praesidium que esteja em má situação, substituirá o
Presidente. A ruína do núcleo provém, na maior parte dos casos, do desleixo ou
incapacidade do Presidente.
16. Durante o tempo de prova, o legionário só provisória ou temporariamente
poderá exercer um cargo de direção num Praesidium de adultos. Se ele não tiver sido
retirado do cargo, durante o período de prova, ao expirar este torna-se Oficial de pleno
direito, e o tempo decorrido vai ser tomado em conta para o triênio acima referido.
17. Nenhum membro do Praesidium deve sair para entrar em outro, sem prévia
autorização de seu Presidente. A admissão em novo Praesidium será feita de acordo com as
regras e constituições que regulam a admissão de novos membros, podendo estes ser
dispensados da prova e da Promessa. Tal autorização, quando pedida, não deve ser negada
sem razão suficiente. Ao pretendente fica sempre o recurso de apelar para a Curia.
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[Capítulo 14 O Praesidium página 88]
18. O Presidente do Praesidium, depois de consultar os Oficiais, pode suspender
qualquer membro do Praesidium, por motivos que todos considerem suficientes, sem ter de
dar contas ao Praesidium.
19. A Curia tem o direito de expulsar ou suspender qualquer membro de um
Praesidium, ficando a este o recurso de apelar para o Conselho diretivo, imediatamente
superior, cuja decisão será definitiva.
20. Qualquer discordância entre Praesidia, relativa à divisão dos trabalhos, será
solucionada pela Curia.
21. Um dos deveres essenciais do Praesidium é recrutar e manter à sua volta um
sólido grupo de Auxiliares.
Um exército bem comandado, corajoso, perfeitamente disciplinado e armado,
representa uma força irresistível. No entanto, se contar apenas consigo próprio, a sua
eficiência será pouco durável. Ele depende a toda hora de uma grande multidão de
trabalhadores que lhe fornecem munições, víveres, fardas e assistência médica. Vamos
privá-lo de toda essa ajuda e veremos o que acontecerá a esta excelente formação, depois de
alguns dias de combate.
Os Auxiliares são para o Praesidium o mesmo que aquela turma de trabalhadores é
para o exército. Fazem parte integrante da organização. Sem eles o Praesidium é
incompleto.
O verdadeiro método para se manter a comunicação com os Auxiliares é o contato
pessoal. Não bastam cartas para cumprir tão importante dever.
22. Um exército procura sempre assegurar o futuro pelo estabelecimento de escolas
de formação militar. Da mesma maneira, cada Praesidium deve considerar a fundação e
direção de um Praesidium Juvenil como parte essencial do seu próprio sistema. Dois
legionários adultos serão escolhidos para Oficiais do Praesidium Juvenil. Nem todos os
legionários servem para tais cargos. A formação dos jovens exige qualidades especiais do
educador. Que os Oficiais sejam, portanto, escolhidos com muito cuidado. O desempenho
desta tarefa satisfaz a obrigação do trabalho semanal que lhes compete como membros do
Praesidium de adultos a que pertencem. Representarão o Praesidium Juvenil na Curia de
adultos ou na Curia Juvenil, se esta existir.
Os outros dois cargos de Oficiais serão preenchidos por membros juvenis que assim
serão treinados para as responsabi-
88
[Capítulo 14 O Praesidium página 89]
lidades futuras. Representarão o Praesidium na Curia Juvenil, nunca, porém, na Curia de
Adultos.
“Numerosos são os raios do sol, mas uma só a luz; muitos os ramos da árvore, mas
um só o tronco, firmemente seguro por raízes inabaláveis.” (São Cipriano: De Unitate
Ecclesiae).
15
COMPROMISSO LEGIONÁRIO (1)
Espírito Santíssimo, Eu ..... (nome do candidato),
desejando alistar-me hoje nas fileiras da Legião de Maria, e reconhecendo que
não posso, por mim mesmo, prestar serviço digno,
suplico-vos que desçais a mim e me enchais de Vós mesmo,
a fim de que os meus débeis atos sejam sustentados pelo Vosso poder e se
tornem instrumentos dos Vossos soberanos desígnios.
Reconheço também que, tendo Vós vindo regenerar o mundo em Jesus Cristo,
só por Maria o quisestes fazer;
que sem Ela não podemos conhecer-Vos, nem amar-Vos;
que é por Ela que os Vossos dons, virtudes e graças são
distribuídos a quem lhe apraz, quando lhe apraz, e na medida e maneira que lhe
apraz.
Reconheço, enfim, que o segredo do perfeito serviço legionário
consiste na união total com aquela que Vos está inteiramente unida.
Por isso, empunhando o estandarte da Legião que simboliza a nossos olhos
todas estas verdades,
apresento-me diante de Vós como soldado e Filho de Maria,
e proclamo a minha completa dependência d’Ela.
Maria é a Mãe da minha alma.
O Seu coração e o meu fazem um só coração;
89
[Capítulo 15 Compromisso Legionário página 90]
e do fundo deste coração único, Ela repete as palavras de outrora:
“Eis aqui a escrava do Senhor”;
e mais uma vez vindes, Espírito Divino, por Seu intermédio operar grandes
coisas.
Que o Vosso poder me cubra e comunique à minha alma o Vosso fogo e o
Vosso amor,
de modo a fundi-lo com o amor de Maria e a Sua vontade de
salvar o mundo;
para que eu seja puro n’Aquela que fizestes Imaculada;
para que, por Vós, cresça em mim o Cristo, meu Senhor;
para que eu, unido a Ela, Sua Mãe, possa levá-Lo ao mundo e às almas que
d’Ele carecem;
para que estas almas e eu, depois da vitória, possamos reinar com Ela na
glória da Trindade Santíssima.
Confiado em que me acolhereis – e Vos dignareis utilizar os meus serviços – e
que convertereis neste dia, a minha fraqueza em força,
tomo lugar nas fileiras da Legião e ouso prometer um serviço fiel.
Prometo sujeitar-me completamente à sua disciplina,
que me liga a meus irmãos,
e faz de nós um exército,
e nos conserva alinhados na marcha com Maria,
para cumprir a Vossa vontade e operar os Vossos prodígios de graça,
que renovarão a face da Terra,
e estabelecerão o Vosso reino, Espírito Santíssimo, sobre todas as coisas.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
(1) Anteriormente: “Promessa Legionária”.
“Notou-se que o Compromisso Legionário se dirige ao Espírito Santo, a Quem o
comum dos católicos tem muito pouca devoção, e a Quem os legionários devem dedicar
um amor muito especial. O seu trabalho, que é a santificação própria e a dos outros
membros do Corpo Místico de Cristo, depende do poder e da ação do Espírito Santo,
exigindo, por isso, uma íntima união com Ele. Para isto, duas coisas são essenciais:
atenção cuidadosa às inspirações do Espírito Santo e uma terna devoção à Virgem
Santíssima, com quem Ele trabalha em profundíssima união. Foi, provavelmente, a falta
desta última e não da primeira, que fez com que houvesse no mun-
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[Capítulo 15 Compromisso Legionário página 91]
do uma grande ausência da verdadeira devoção ao Espírito Santo, apesar dos numerosos
livros escritos e dos inúmeros sermões pregados sobre este assunto. Os legionários amam
muito, certamente, a Maria – sua Mãe e Rainha; mas, se juntarem este amor a uma
devoção mais ardente e mais esclarecida ao Espírito Santo, entrarão perfeitamente no
plano divino que exigiu a união do Espírito Santo e de Maria na obra de regeneração do
mundo. Conseqüentemente, os legionários não poderão deixar de ver coroados os seus
esforços por um acréscimo de forças e de êxitos.
‘As primeiras orações rezadas pelos legionários foram a Invocação e a Oração ao
Espírito Santo, seguidas do Terço do Santo Rosário.’ Desde então as mesmas preces
abrem cada reunião. Há a maior conveniência em colocar sob a mesma santa proteção, a
cerimônia que incorpora o legionário nas fileiras da Legião. Esta cerimônia traz à
memória o dia do Pentecostes – em que a graça do apostolado foi derramada pelo Espírito
Santo, através de Maria. O legionário, procurando o Espírito Santo, por intermédio de
Maria, receberá d’Ele de maneira abundante os Seus Dons e, entre estes, o de um
verdadeiro e esclarecido amor à Mãe de Deus.
Além disso, a fórmula do Compromisso harmoniza-se com a espiritualidade
legionária simbolizada pelo Vexillum, que nos mostra a Pomba presidindo a Legião e a
sua obra – por Maria, para todos os seres humanos” (Extrato da ata da 88a reunião do
Concilium Legionis). (Estas citações não fazem parte da Promessa Legionária).
16
GRAUS SUPLEMENTARES DA LEGIÃO
Além dos membros ativos comuns a Legião admite duas categorias de membros.
1. Os pretorianos
Os Pretorianos(1) constituem um grau superior nas fileiras dos Membros Ativos.
Compreende aqueles que, além das obrigações próprias de membro ativo, se
comprometem:
(1) A guarda Pretoriana era a ala selecionada, a mais especial do Exército Romano.
91
[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 92]
1º a rezar diariamente todas as orações da Tessera;
2º a participar da Missa e comungar todos os dias. O receio de não poder participar
da Missa e comungar todos os dias, sem exceção, não é motivo para desistir de entrar para
Pretoriano, visto que ninguém pode estar certo de tal regularidade. Quem, normalmente,
não falta mais do que uma vez ou duas por semana a estas obrigações, pode inscrever-se
tranqüilamente como Pretoriano;
3º a reza diária de um ofício aprovado pela Igreja, especialmente o Ofício Divino ou
parte significativa do mesmo; por exemplo Laudes, de manhã, e Vésperas, à tarde. Foi
também aprovado um breviário mais breve, com estas duas partes do Ofício Divino, a que
se acrescentou a oração da noite ou Completas – que também pode ser utilizada.
Tem sido sugerido que se fizesse um dia a reza do Ofício e no outro, uma
meditação. Tal proposta não está de acordo com o fim essencial que levou à criação do
Pretoriano – unir o legionário aos grandes atos oficiais do Corpo Místico. O apostolado
ativo do legionário é uma participação no apostolado oficial da Igreja. O grau de Pretoriano
ajuda a introduzi-lo mais profundamente na vida comunitária da Igreja. Daí, a exigência da
Missa e da Sagrada Comunhão, atos centrais em que se renova diariamente o Ato Supremo
do Cristianismo.
A seguir, na Liturgia, vem o Ofício Divino, a oração coletiva da Igreja, em que
Jesus Cristo reza. Em qualquer Ofício baseado nos Salmos, utilizamos as preces inspiradas
pelo Espírito Santo, unindo-nos, assim, intimamente à voz coletiva, que sobe aos ouvidos
do Pai celeste. Por isso, se impõe ao Pretoriano um Ofício Divino e não a meditação.
“À medida que a graça progride em nós, deve o nosso amor tomar novas formas”,
dizia aos seus legionários o Arcebispo Mons. Leen. A reza do Ofício Divino por inteiro
constituirá, para quem o puder fazer, uma nova manifestação de amor.
Convém notar:
a) Os Pretorianos não constituem uma unidade à parte dentro da Legião, mas um
simples grau do serviço ativo; por isso, não se devem fundar Praesidia especiais para
Pretorianos.
b) O grau de Pretoriano deve ser considerado como um contrato particular
meramente pessoal.
c) É proibido usar de imposição moral por mínima que seja, para recrutar
Pretorianos; e, embora se possam e devam aconselhar freqüentemente os legionários a
tornarem-se pretorianos, não é permitido dar ou citar os nomes em público.
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 93]
d) O legionário torna-se Pretoriano pela inscrição do seu nome numa lista própria.
e) Os Diretores Espirituais e os Presidentes devem esforçar-se por aumentar o
número de Pretorianos, mantendo-se, ao mesmo tempo, em relação com os Pretorianos
atuais, para que não se cansem do seu generoso compromisso.
Se o Diretor Espiritual consentisse na inscrição do seu nome na lista dos
Pretorianos, tal fato fortaleceria a sua qualidade de legionário, estreitaria os laços que o
ligam ao Praesidium e havia de influenciar favoravelmente no aumento do número de
Pretorianos.
A Legião deposita grandes esperanças no grau de Pretoriano. Levará muitos
membros a uma vida de mais íntima união com Deus por meio da oração; introduzirá na
organização legionária um coração, cheio de vida, no qual um número cada vez maior de
legionários procurará envolver-se, influindo deste modo inevitavelmente em toda a
circulação espiritual da Legião. Esta confiará assim cada vez mais no poder da oração, para
conseguir bons resultados em todas as suas obras e se convencerá cada vez mais
profundamente de que o seu principal e verdadeiro destino é aperfeiçoar, na ordem
sobrenatural, todos os seus membros.
“Deveis crescer, bem o sei; é o vosso destino; exige o vosso nome de católicos; é o
privilégio da herança dos Apóstolos. Mas, como admitir uma extensão material, sem o
desenvolvimento moral correspondente? Só o pensar em tal possibilidade causa horror”
(Newman: A Posição Atual dos Católicos).
2. Membros Auxiliares
À Categoria de Auxiliares podem pertencer os sacerdotes, religiosos e leigos. Os
Auxiliares são as pessoas que, não podendo ou não querendo assumir as responsabilidades
de Membros Ativos, se unem à Legião através do compromisso de rezar determinadas
orações em seu nome.
Os auxiliares subdividem-se em duas categorias:
a) uma elementar, cujos membros se chamam simplesmente Auxiliares;
b) e outra, superior, cujos membros recebem o nome particular de Adjutores
Legionis ou Adjutores.
Não há limite de idade para os Membros Auxiliares.
Não é preciso oferecer unicamente pela Legião as orações
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 94]
estabelecidas. Basta oferecê-las em honra da Santíssima Virgem. É possível, por isso, que a
Legião não receba qualquer fruto delas; mas a verdade é que também não deseja receber
nada que possa produzir maior bem em outro lugar. Como, porém, tais orações são um
serviço legionário, é provável que sensibilizem a Rainha da Legião a ter em consideração
as necessidades da mesma Legião.
Recomenda-se insistentemente, no entanto, que este e outros serviços legionários
sejam entregues como oferta à Santíssima Virgem, sem a mínima reserva, para que ela os
administre conforme as suas intenções. Tal modo de agir elevará o nosso serviço a um nível
superior de generosidade e realçará grandemente o seu valor. A reza diária da seguinte
fórmula de oferecimento ou de outra semelhante será suficiente para manter essa intenção:
“Maria Imaculada, Medianeira de toda as graças, a vós entrego a parte das minhas orações,
trabalhos e sofrimentos, de que posso dispor”.
As duas categorias de Auxiliares são para a Legião o que as asas são para a ave.
Com elas bem abertas – e tanto mais quanto maior for o número de Auxiliares – e agitadas
intensamente sob o impulso marcante das orações prescritas, rezadas com fidelidade, a
Legião poderá elevar-se no caminho do ideal e do esforço sobrenaturais. Voará rápida para
onde quiser e nem as mais altas montanhas lhe cortarão a carreira. Fechem-se, porém, e a
Legião arrastar-se-á lenta e penosamente, detendo-se ao menor obstáculo.
Primeiro Grau: Os Auxiliares
Esta categoria, cujos membros são chamados Auxiliares, é a ala esquerda do
exército legionário que reza. O serviço legionário que lhes corresponde consiste na reza
diária de todas as orações da Tessera, a saber: a invocação e oração ao Espírito Santo; o
terço do Rosário e as invocações que se lhe seguem; a Catena e as orações finais. Podem
distribuir-se pelas diferentes horas do dia, como mais convier.
As pessoas que costumam rezar diariamente o terço por qualquer intenção particular
podem ser membros Auxiliares sem a obrigação de acrescentar novo terço.
“Quem reza “presta auxílio a todas as almas. Socorre e ampara seus irmãos, pela
salutar e poderosa força de atração de uma alma que crê, conhece e quer. Cumpre o que
acima de tudo nos pede S.Paulo: orações, súplicas, e ações de graça por todos os homens.
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 95]
“Não cesseis de orar e de suplicar em todos os tempos, no Espírito Santo” (Ef 6,
18). E não vos parece que, se deixais de vigiar, de insistir, de vos esforçar, de vos manter
firmes, tudo há de enfraquecer, o mundo há de recuar e os vossos irmãos hão de sentir em
si mesmos menos força e amparo? Sim, certamente. Cada um de nós, até certo ponto, leva
o mundo aos ombros e os que deixam de trabalhar, de vigiar, sobrecarregam os demais”
(Graty: As fontes).
Grau Superior: Os Adjutores
São eles a ala direita da Legião que reza, formada por todos aqueles que
diariamente: a) rezam as orações da Tessera; b) e participam da santa Missa,
comungam e rezam um ofício aprovado pela Igreja (Veja-se o valor especial de um
Ofício no capítulo sobre o Pretoriano).
Segue-se, portanto, que os Adjutores estão para os simples Auxiliares como os
Pretorianos para os simples membros Ativos. As obrigações acrescentadas são as mesmas.
O fato de alguém falhar a estas obrigações uma ou duas vezes por semana não se
considera falta grave aos seus deveres de membro Adjutor.
Não se exige a reza do Ofício aos Religiosos que não são obrigados a rezá-lo pelos
seus Regulamentos próprios.
Esforcem-se por levar o simples Auxiliar a tornar-se Adjutor, pois esta categoria
oferece-lhe um verdadeiro modelo de vida. O que se diz para os Pretorianos, no que se
refere à união do legionário à oração da Igreja e ao valor especial de um ofício, aplica-se
igualmente aos Adjutores.
Fazemos um apelo especial aos Sacerdotes e Religiosos para que se tornem
Adjutores. A Legião deseja vivamente unir-se a estas almas consagradas, especialmente
dedicadas a uma vida de oração e estreita intimidade com Deus e que constituem na Igreja,
poderosas usinas de energia espiritual. Ligada eficazmente a estas geradoras de força, a
máquina legionária desenvolverá um potencial irresistível.
Se refletirem um pouco, verão como é pequeno o encargo que com isso acrescentam
às suas obrigações de costume; – nada mais do que a Catena, a Oração da Legião e algumas
invocações; uma questão de alguns minutos apenas. Mas, através deste laço com a Legião,
podem tornar-se a sua força motriz.
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 96]
“Dai-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu levantarei a própria Terra”, dizia
outrora Arquimedes. Unidos à Legião, os Adjutores encontrarão nela o ponto de apoio
indispensável da longa alavanca da suas fervorosas orações que, deste modo, se tornarão
suficientemente fortes para levantar as almas oprimidas do mundo inteiro e afastar para
longe, montanhas de dificuldades.
“No cenáculo, onde pela vinda do Espírito Santo a Igreja foi definitivamente
fundada, Maria começa a exercer visivelmente no meio dos Apóstolos e dos discípulos
reunidos, uma função que continuará a exercer pelos séculos afora, de um modo íntimo e
oculto: a de unir corações na oração e de vivificar as almas pelos méritos da sua
intercessão todo-poderosa: “Todos animados de um mesmo espírito perseveravam na
oração com as piedosas mulheres e Maria, Mãe de Jesus e os irmãos d’Ele”(At 1, 14)
(Mura: O Corpo Místico de Cristo).
Observações gerais relativas aos dois graus de Auxiliares
1. Serviço complementar. A Legião suplica aos Auxiliares dos dois graus que
considerem as suas estritas obrigações de membros, não como máximo mas antes como o
mínimo exigido pelo serviço legionário que eles terão a generosidade delicada de completar
com outras orações e boas obras, feitas especialmente nesta intenção.
Sugerimos aos sacerdotes Adjutores um “Memento” especial em todas a missas e o
oferecimento do Santo Sacrifício de tempos a tempos pelas intenções de Maria e da Legião.
Exortamos também os outros Auxiliares a mandarem celebrar de vez em quando uma
missa, ainda que com algum sacrifício, pelas mesmas intenções.
Por mais generoso que se mostre o Auxiliar para com a Legião, recebe dela em
retorno infinitamente mais. O motivo é claro. A Legião dá a conhecer aos Auxiliares –
tanto como aos Membros Ativos – as grandezas de Maria, alista-os como soldados ao
serviço de tão maravilhosa Rainha e leva-os a amá-la como devem. Estas vantagens são tão
elevadas que nenhuma palavra lhes pode traduzir o valor. A Legião eleva a vida espiritual
dos seus membros a um plano superior, garantindo-lhes deste modo uma eternidade mais
gloriosa.
96
[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 97]
2. Quem ousará recusar a Maria este presente? Não esqueçamos que Aquela que é a
Rainha da Legião é igualmente a Rainha do Universo, de todas as suas partes, e de tudo
quanto ao mundo interessa. Dar a Maria, portanto, é ir de encontro às mais urgentes
necessidades, é aplicar as orações onde produzem maior fruto.
3. Na administração dos bens espirituais colocados em suas mãos, Maria Imaculada
nunca esquecerá as numerosas exigências e deveres da nossa vida normal e todas as nossas
obrigações atuais. Poderá desculpar-se: “Eu bem queria ser Auxiliar, mas dei tudo,
desinteressada e completamente, a Maria ou às almas do Purgatório ou às missões. Fiquei
sem nada; não tenho nada para a Legião. Que proveito lhe resultará da minha presença no
Serviço Auxiliar?” A Legião responde: há maior vantagem no alistamento de pessoas tão
generosas. A sua boa vontade em ajudar a Legião é já em si uma oração a mais, uma prova
de especial pureza de intenção, um apelo irresistível à generosidade ilimitada da guardiã
dos divinos tesouros. Fiquem certos de que, se se alistarem como Auxiliares, Maria
corresponderá aos seus desejos: lucrarão suas novas intenções e as antigas não hão de
perder. É que esta maravilhosa Rainha e Mãe tem tal arte que nos enriquece de forma
maravilhosa, ao mesmo tempo que aproveita a nossa oferta para socorrer generosamente os
outros com os nossos tesouros espirituais. A sua intervenção produz um trabalho a mais,
realiza uma maravilhosa multiplicação, que S. Luís Maria de Montfort chama segredo da
graça. É preciso notar – diz ele – que as nossas boas obras, ao passarem pelas mãos de
Maria, aumentam em pureza e conseqüentemente em mérito e valor de reparação e de
súplica. Tornam-se assim mais poderosa para aliviar as almas do Purgatório e converter os
pecadores do que no caso de não passarem pelas mãos virginais e liberais de Maria”.
Todas as vidas necessitam da força que provém desta admirável transação, através
da qual nos é tirado o que temos para ser colocado a juros, transformado em trabalho
proveitoso e devolvido depois com lucro. Esta força encontra-se no dom que fizermos a
Maria, da oração fiel dos Auxiliares.
4. A Legião parece ter recebido de Maria um pouco do seu dom de atrair
irresistivelmente os corações, talvez devido ao grande número de almas aflitas com as quais
está em contato. Os legionários não terão, pois, grandes dificuldades em alistar os
97
[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 98]
seus amigos no Serviço Auxiliar, tão essencial para a Legião e tão vantajoso para os
próprios Auxiliares que, associados à Legião, participam das suas orações e trabalhos.
5. Tem-se verificado que o Serviço Auxiliar da Legião, (a ala que reza), tem a
capacidade de encantar as almas tanto como a qualidade de Membro Ativo. Pessoas que de
outro modo não pensariam em rezar diariamente o terço, cumprem fielmente as obrigações
do Serviço Auxiliar que exige a reza diária de todas as orações da Tessera. Quantas almas
desanimadas, recolhidas em asilos e hospitais ou em outros estabelecimentos, ganham
ânimo e interesse pela vida, entrando como Auxiliares na Legião! Inúmeros católicos,
perdidos nas suas aldeias, vivendo em circunstâncias propícias a tornar a religião sem
gosto, quando não rotineira, compreenderam afinal como Auxiliares que desempenham
papel importante na Igreja; quantos, tendo chamado a si como coisa própria os interesses da
Legião, lêem com grande interesse qualquer escrito que a ela se refira e lhes venha às
mãos! Reconhecem-se como parte nas lutas assumidas ao longe pela Legião em prol das
almas, luta cuja sorte depende das suas orações. As notícias procedentes de diversos lugares
acerca de nobres e emocionantes trabalhos a favor das almas enchem-lhes a vida monótona
de apaixonante interesse por estes atos heróicos. As suas existências acham-se assim
transformadas pelo mais sublime dos ideais: o ideal de cruzado. Mesmo as almas mais
santas precisam de semelhante estímulo.
6. Um dos objetivos do Praesidium será o Alistamento de todos os católicos da sua
área nas fileiras do Serviço Auxiliar. Desta maneira se prepararia um terreno favorável a
outras formas de apostolado legionário. As visitas neste sentido serão por todos recebidas
como uma honra e de antemão podem ser consideradas frutuosas.
7. Na medida em que os membros das outras organizações ou atividades católicas se
alistarem como Auxiliares, conseguir-se-á uma desejável integração das atividades a que
pertencem. Ficariam assim unidos na oração, na simpatia, no ideal, sob a proteção de
Maria, e isto sem nenhum prejuízo da autonomia ou das características próprias dos
diversos organismos e sem retirar deles as orações próprias dos seus membros. Note-se que
as orações dos Auxiliares não são oferecidas nas intenções da Legião, mas simplesmente
em honra de Nossa Senhora.
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 99]
8. Um não-católico não pode ser Membro Auxiliar normal. Se acontecer, porém (e
acontece, de fato, de vez em quando), que uma tal pessoa deseje rezar diariamente as
orações da Legião, entregue-se-lhe a Tessera e anime-se no seu generoso propósito. Tomese
nota do nome para poder manter contato com ela. Nossa Senhora estará atenta, com
certeza, às necessidades dessa pessoa.
9. Mais do que as necessidades locais, devem apresentar-se aos Auxiliares, como
objeto das suas orações, os trabalhos da Legião e as difíceis batalhas por ela travadas a
favor do ser humano, através do mundo inteiro. É certo que não tomam parte direta na luta;
desempenham, porém, um papel essencial, comparável ao dos trabalhadores das fábricas de
munições e ao dos serviços de abastecimento, sem os quais as forças combatentes nada
podem.
10. O recrutamento de Auxiliares, não deve ser feito levianamente. Antes de os
admitirmos, devemos instruí-los perfeitamente em todas as suas obrigações e ter uma
razoável garantia de que serão fiéis aos compromissos que assumirem.
11. Com o fim de interessar cada vez mais os Auxiliares pela perfeita execução dos
seus compromissos, e ao mesmo tempo: a) em relação ao presente, melhorar a sua
qualidade e garantir a sua perseverança, b) e no que toca ao futuro levá-los a ingressar nas
fileiras dos Adjutores e dos Membros Ativos, – seria aconselhável contar-lhes alguns dos
trabalhos da Legião .
12. É necessário manter-se em contato constante com os Auxiliares a fim de os
conservarem na Legião e avivar neles o interesse pela organização; trabalho admirável para
certos legionários, cujo ideal devia ser o progresso espiritual daqueles que lhes estão
confiados.
13. Dar-se-á conhecimento aos Auxiliares das enormes vantagens resultantes da sua
entrada na Confraria do Santíssimo Rosário. Visto rezarem já mais orações do que as
prescritas pelos Estatutos da Confraria, só lhes resta inscreverem-se nela.
14. Da mesma maneira, com a intenção de desenvolver plenamente a vida espiritual
dos soldados Auxiliares de Maria, seria bom ao menos explicar-lhes a “Verdadeira
Devoção” ou consagração total da vida a Maria. Muitos deles hão de sentir-se felizes
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[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 100]
por poderem servi-la de uma forma mais perfeita, que exige a doação dos seus tesouros
espirituais Àquela, a quem Deus escolheu como sua própria Tesoureira. E por que hesitar,
se as intenções de Maria são os interesses do Coração de Jesus? Abrangem todas e cada
uma das necessidades da Igreja e do apostolado. Estendem-se ao mundo inteiro. Descem
mesmo às santas almas que sofrem no Purgatório. O zelo pelas intenções de Maria significa
portanto carinho compreensivo pelas necessidades do Corpo do Senhor. É que, notemos,
Maria não é agora Mãe menos compreensiva do que foi nos dias de Nazaré. Quando nos
conformamos com as suas intenções, vamos diretamente ao fim, que é a vontade de Deus.
Se quisermos alcançar este mesmo objeto apenas por nossa iniciativa, que caminho tortuoso
não seguiremos! E quem nos diz que atingiremos o fim da caminhada?
Não faltará quem possa ser levado a pensar que tal devoção é própria só de pessoas
avançadas em espiritualidade. É importante lembrar que foi a pessoas que acabavam de se
libertar do pecado, e às quais se tornavam necessário recordar as verdades elementares do
Catecismo, que S. Luís Maria de Montfort recomendou o Rosário, a devoção a Maria e a
Santa Escravidão de Amor.
15. É desejável e, de fato, essencial estabelecer entre os Auxiliares, uma
organização de regulamento suave com reuniões e festas próprias. Uma tal rede estendida
sobre a comunidade teria como efeito a penetração desta pelo ideal legionário de
apostolado e oração, a ponto de em breve, todos maravilhosamente o porem em prática.
16. Falando bem claramente: uma associação baseada no Serviço Auxiliar da Legião
não seria menos importante que qualquer outra, tendo a mais, a vantagem de ser a própria
Legião com todo o seu fervor e características. As reuniões freqüentes de tal associação
garantiriam aos membros o contato com o espírito e as necessidades da Legião e iriam
torná-los mais fervorosos no seu serviço.
17. Deve-se fazer o esforço de levar cada um dos Auxiliares a ingressar nos
Patrícios, pois as duas associações completam-se de maneira ideal uma à outra. A reunião
dos Patrícios cumprirá o fim da reunião periódica recomendada para os Auxiliares. Ajudará
a mantê-los em contato com a Legião e contribuirá para o seu progresso em importantes
aspectos. Por outro lado, se os Patrícios forem recrutados para Auxiliares, representará isso
para eles mais um passo em frente.
100
[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 101]
18. Não se devem empregar os Auxiliares nos trabalhos ativos habituais da Legião.
O contrário parece, à primeira vista, muito atraente. Com efeito, não será bom incentivar os
Auxiliares a maiores realizações? Mas, se refletirmos um instante, veremos que se trataria
da execução de um trabalho legionário sem a respectiva reunião semanal, o que significaria
pôr de lado a condição essencial de Membro Ativo da Legião.
19. Os Auxiliares poderão tomar parte na Acies, quando isso se julgar conveniente
ou possível, por ser esta uma cerimônia para eles excelente, pois os ligará intimamente aos
Membros Ativos da Legião. Os Auxiliares que desejassem fazer o Ato de Consagração
individual à Santíssima Virgem deveriam fazê-lo depois dos Membros Ativos.
20. A invocação na Tessera a ser rezada pelos Auxiliares será: “Maria Imaculada,
Medianeira de todas as graças, rogai por nós”.
21. O convite insistente da Legião a todos os Membros Ativos: “sempre de serviço
pelo próximo” – estende-se igualmente aos Auxiliares.
Os Auxiliares, tanto como os Membros Ativos, devem dedicar todos os esforços para
recrutar novos membros para o serviço da Legião, de tal modo que, ajuntando um elo a
outro elo, a Catena Legionis possa transformar-se numa rede dourada de orações que
envolva o mundo inteiro.
22. Não falta quem proponha freqüentemente a redução ou substituição das Orações
dos Auxiliares em consideração aos cegos, às crianças e às pessoas que não sabem ler.
Sem considerar o fato de uma obrigação perder parte da sua força, quando se torna
menos exata, é evidente que o atendimento de tais pedidos é absolutamente impossível.
Admitidas estas exceções, não tardaria o momento em que seria preciso estendê-las a
pessoas de pouca leitura, de vista defeituosa ou muito ocupadas; seria abrir a porta ao
relaxamento que, com o tempo, se tornaria regra geral.
Não, a Legião deve insistir na observância das normas estabelecidas. Se certas
pessoas não são capazes de cumprir as obrigações prescritas, não podem ser Auxiliares.
Entretanto podem prestar à Legião serviços incalculáveis, orando por ela como lhes for
possível e a isto devem ser incentivadas.
101
[Capítulo 16 Graus Suplementares da Legião página 102]
23. É permitido pedir ao Auxiliar que pague a Tessera e o certificado de inscrição,
mas nada mais se pode exigir dele.
24. Cada Praesidium terá em seu poder um Registro dos Membros Auxiliares com
os respectivos nomes e endereços, subdividido em duas seções, uma para os Adjutores e
outra para os simples Auxiliares. Este Registro será submetido periodicamente à Curia ou
aos seus representantes autorizados. Será examinado atentamente para verificar se está bem
conservado, se há cuidado no recrutamento de novos membros e se, de vez em quando, são
visitados os Auxiliares existentes para se ter certeza de que, depois de terem colocado a
mão no arado, não voltem para trás (Lc 9, 62).
25. Uma pessoa torna-se Membro Auxiliar pela inscrição do seu nome no Registro
dos Membros Auxiliares de qualquer Praesidium. Este Registro ficará aos cuidados do
Vice-Presidente.
26. Os nomes dos que desejam tornar-se Auxiliares serão escritos numa lista
provisória até decorrerem os três meses de provação. Antes de os inscrever no Registro dos
Auxiliares, o Praesidium deve certificar-se de que cumprem fielmente obrigações que deles
são esperadas.
“Que recompensa não dará o bom Jesus a quem lhe entrega heróica e
desinteressadamente, pelas mãos de sua Santíssima Mãe, todo o valor das suas obras? Se
dá cem vezes, mesmo neste mundo, àqueles que por seu amor deixam os bens exteriores,
temporais e perecíveis, que não dará Ele ao homem que lhe sacrifica mesmo os bens
interiores e espirituais?” (São Luís Maria de Montfort).

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