quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 229]

[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 229]
“Como a Mãe da Divina Graça, eu quero trabalhar por Deus. Quero, por meus
trabalhos e sacrifícios, cooperar na minha própria salvação e na do mundo inteiro,
imitando assim os Macabeus que, como narra a sagrada Escritura, no santo entusiasmo da
sua coragem, ‘não trataram de salvar-se sozinhos, mas empenharam-se na salvação do
maior número possível de seus irmãos’” (Gratry: Mês de Maria)
2. VISITAS DOMICILIARES
Embora não constituísse o seu objetivo inicial, as visitas domiciliares foram
tradicionalmente o trabalho preferido da Legião, a sua tarefa peculiar, o meio de efetivação
de bem incalculável. É uma característica da Legião.
Mediante as visitas, podemos estabelecer contato com numerosas pessoas e
manifestar o interesse da Igreja por cada uma e por cada família. “A solicitude pastoral da
Igreja não se limitará somente às famílias cristãs mais próximas, mas, alargando os próprios
horizontes à medida do coração de Cristo, mostrar-se-á ainda mais viva para o conjunto das
famílias em geral e para aquelas, em particular, que se encontrem em situações difíceis ou
irregulares. Para todas, a Igreja terá uma palavra de verdade, de bondade, de compreensão,
de esperança, de participação viva nas suas dificuldades por vezes dramáticas; a todas
oferecerá ajuda desinteressada a fim de que possam aproximar-se do modelo de família que
o Criador quis desde o “princípio” e que Cristo renovou com a graça redentora.” (FC 65)
O Praesidium deve pensar cuidadosamente na forma de se aproximar das famílias. É
claro que o legionário tem de fazer a sua apresentação pessoal e de explicar o motivo que o
leva ali. A Entronização do Sagrado Coração de Jesus nas famílias, o recenseamento
paroquial e a divulgação da imprensa católica (como se explica nas páginas seguintes) são
algumas das formas de aproximação a aproveitar.
Mediante as visitas às famílias, podem entrar na esfera de influência apostólica dos
legionários não só os católicos praticantes, mas todas as pessoas, os não-católicos e os
católicos afastados da Igreja. Preste-se também cuidadosa atenção aos que vivem em
situações irregulares de casamento, como acima foi referido; aos que precisam de ser
instruídos na religião; aos que vivem sós e aos doentes. Encare-se cada domicílio como
campo de um serviço a prestar aos que nele moram.
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A visita domiciliar deve-se caracterizar pela humildade e simplicidade. As pessoas
podem ter idéias incorretas sobre a visita anunciada, esperando um sermão feito com modos
superiores. Ora, deve ser precisamente o contrário: de início, os legionários devem procurar
ouvir em vez de falar. Depois de ter ouvido com paciência e respeito, terão conquistado o
direito de ser escutados.
“No conjunto daquilo que é o apostolado evangelizador dos leigos, não se pode
deixar de pôr em realce a ação evangelizadora da família. Nos diversos momentos da
história da Igreja, ela mereceu bem a bela designação de “Igreja doméstica”. Isso quer
dizer que, em cada família cristã, deveriam encontrar-se os diversos aspectos da Igreja
inteira. Por outras palavras, a família, como a Igreja, tem por dever ser um espaço onde o
Evangelho é transmitido e de onde o Evangelho irradia.
No seio da família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma
família evangelizam e são evangelizados. Os pais não somente comunicam aos filhos o
Evangelho, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. E uma
família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em
que ela se insere. Mesmo as famílias surgidas de um matrimônio misto têm o dever de
anunciar Cristo à prole, na plenitude das implicações do comum batismo; além disso,
incumbe-lhes a tarefa, que não é fácil, de se tornarem construtores da unidade.” (EM 71)
3. ENTRONIZAÇÃO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
A atividade apostólica da difusão da Entronização do Sagrado Coração nas famílias
oferece uma forma de aproximação especialmente favorável, como poderá verificar-se, para
entrar em contato com as famílias e com elas criar amizade.
Os ideais e métodos que devem caracterizar contatos desta natureza são tratados no
capítulo 39 – Principais diretrizes do Apostolado Legionário. Ali se insiste suficientemente
que, dentro do possível, não devemos deixar de visitar qualquer família, e que, em todas
elas, devemos esforçar-nos, com dedicação e perseverança, por levar cada uma das pessoas,
jovens e adultos, sem exceção, a subir ao menos um degrau na vida espiritual.
Os legionários designados para este trabalho podem aplicar a si próprios
inteiramente as doze Promessas do Coração de Jesus. A décima diz-lhes respeito, de modo
particular, quando
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atuam como representantes do sacerdote: “Darei aos sacerdotes a graça de tocar os corações
mais endurecidos”. Animados especialmente por este pensamento, os legionários atacarão
com inabalável confiança os casos que todos consideram “desesperados”.
As visitas, no intento de entronizar o Sagrado Coração de Jesus nas famílias,
constituem a mais frutuosa apresentação dos legionários, visto manifestarem, desde o
início, uma piedade simples e desafetada, e facilitarem o conhecimento mútuo, as visitas
freqüentes e o progresso do apostolado legionário.
Sendo a missão de Maria estabelecer o reinado de Jesus nos corações, existe uma
singular conveniência em que a Legião propague com ardor a Entronização, apostolado que
atrairá sobre ela especiais graças do Espírito Santo.
“Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades,
promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a
ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um
ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E, por fim, forma eminente de amor à família
cristã de hoje, muitas vezes tentada pelo desânimo e angustiada por crescentes
dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias
que lhe advêm da natureza e da graça, e na missão que Deus lhe confiou. “É necessário
que as famílias do nosso tempo tomem novamente altura! É necessário que sigam a
Cristo.” (AAS 72).” (FC 86)
4. RECENSEAMENTO PAROQUIAL
Este trabalho constitui um meio excelente para entrar em contato com os católicos
que carecem de cuidados particulares ou com aqueles que se deixaram arrastar para a
categoria dos “desleixados”, quer dizer, dos que quebraram todos os laços que os prendiam
à Igreja.
Como se apresentam em nome do Pároco, os legionários deveriam, sendo possível,
visitar todas as casas, sem exceção. As pessoas assim visitadas acham normal que as
interroguemos sobre religião e fornecem normalmente, sem hesitação, as informações
pedidas. Pelas respostas, o Pároco e os legionários hão de verificar que têm matéria para
longos e pacientes trabalhos.
Ora, descobrir os casos de afastamento é apenas o primeiro passo e o mais fácil.
Reconduzir ao rebanho cada um dos desgarrados, eis a missão providencial confiada por
Deus à Legião, e de
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que esta deve desempenhar-se com alegria e invencível coragem. Que não deixe, por culpa
sua, de cumprir com integridade este mandato de confiança, por mais longo que seja o
combate, penosos os esforços, violentas as repulsas, difíceis os casos e desesperadas as
perspectivas.
Além disso, convém lembrar que todos, e não só os indiferentes, devem receber
uma afetuosa atenção por parte dos legionários.
“Temos, no campo apostólico da Igreja, uma missão oficial, um meio providencial
de ação, uma arma muito nossa: abeirar-nos das almas, não só em nome de Maria e sob
sua proteção, mas também, e acima de tudo, procurar, de todo o coração, comunicar-lhes
uma piedade filial para com sua terna mãe.” (Breve Tratado de Mariologia, por um
Marianista)
5. VISITAS AOS HOSPITAIS, INCLUSIVE OS HOSPITAIS
DE DOENÇAS MENTAIS
A visita a um hospital foi o primeiro trabalho abraçado pela Legião e, durante algum
tempo, não fez mesmo outra coisa. Fonte de bênçãos para a organização nascente, este
gênero de trabalho merecerá sempre as atenções dos Praesidia. As linhas seguintes, escritas
nos primeiros tempos da organização, exemplificam o espírito que deve animar trabalhos
desta natureza:
“Fez-se a chamada e uma legionária começou o seu relatório. Tratava da visita ao
Hospital. Embora breve, demonstrava uma grande intimidade com os enfermos. Estes
conheciam até, disse ela um tanto confusa, os nomes de todos os seus irmãos e irmãs.
Seguiu-se depois a sua companheira, o trabalho era feito, evidentemente, dois a
dois. Esta prática, que tem por si o exemplo dos Apóstolos, evita o adiamento indefinido da
visita semanal.
Os relatórios sucedem-se. Em algumas enfermarias há novidade, e os relatórios
prolongam-se: mas, em geral, são breves. Muitos são divertidos, alguns comoventes; todos,
porém, são belos, pela revelação evidente do reconhecimento de Jesus Cristo, visitado na
pessoa do pobre enfermo. Esta compreensão transparece em cada relatório. Quantos
indivíduos não fariam aos da sua carne e sangue o que se narra aqui como praticado, com
toda a singeleza e naturalidade, aos elementos mais desfavo-
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recidos da população. À delicadeza e ternura extraordinárias, prodigalizadas na ocasião das
visitas, ajunta-se o atendimento a mil pedidos pessoais dos enfermos: escrever cartas,
visitar parentes e amigos negligentes, dar recados a este ou àquele, etc. Nada é tão
insignificante ou desagradável que não mereça a carinhosa solicitude dos legionários.
Leu-se, na reunião, a carta duma doente às suas visitantes. Dizia assim: “Desde que
as senhoras entraram na minha vida...” Soava a romance de folhetim e todas riram. Mais
tarde, porém, pensando naquela pessoa sozinha na cama dum hospital, para quem estas
palavras diziam muito, senti-me comovido. Proferidas por uma, dizia comigo, deviam
refletir os sentimentos de todas as pessoas visitadas. Que maravilhosa a organização dotada
do poder de reunir numa sala um grupo numeroso de pessoas, para daí as mandar, como
anjos, em alívio de milhares de vidas relegadas pelo mundo para os abismos do
esquecimento.” (Padre Miguel Creedon, primeiro Diretor Espiritual do Concilium Legionis
Mariae)
Os legionários se servirão regularmente da visita aos enfermos para lhes infundir no
ânimo o verdadeiro significado do sofrimento, de modo que o suportem de forma cristã.
Procurem convencer os enfermos de que a doença, considerada como intolerável, é,
de fato, um favor singular do céu, por ser por meio dela que o doente é moldado, ao vivo,
em Jesus Cristo. “A Majestade Divina não pode conceder-nos graça mais assinalada –
afirma Santa Teresa – do que a de uma vida semelhante à de Seu amado Filho”. Não é
difícil levar o doente a encarar desta forma o sofrimento que, uma vez entendida, lhe
arranca metade da sua amargura.
Para lhes fazer compreender o imenso tesouro espiritual que têm ao seu alcance,
repita-se muitas vezes aos enfermos as palavras de S. Pedro de Alcântara a certa pessoa,
que havia suportado com admirável paciência uma dolorosíssima enfermidade: “Como sois
feliz, meu amigo! Deus revelou-me o grau elevado de glória que alcançastes com vossos
padecimentos. Merecestes mais do que muitos podem ganhar por suas orações, jejuns,
vigílias, disciplinas e outras obras de penitência”.
O sofrimento traz graças, mas é algo monótono e rotineiro. Mas, oferecendo-o para
o bem e a salvação do próximo e do mundo, pode-se vê-lo de uma forma mais atraente.
Expliquem, pois, os legionários, ao enfermo, a idéia do apostolado pelo sofrimento,
ensinando-o a se preocupar com os interesses espirituais do mun-
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do, oferecendo a riqueza da sua dor pelas muitas necessidades da humanidade, e realizando,
deste modo, uma campanha irresistível, visto apoiar-se ao mesmo tempo na oração e na
penitência.
“Mãos assim erguidas para Deus – exclama Bossuet – destroçam mais batalhões do
que mãos armadas”.
Se o doente tiver diante dos olhos um caso concreto para o qual deve oferecer seus
sacrifícios e orações, terá mais facilmente perseverança no caminho do bem. Por isso, é
importante especificar-lhe e descrever-lhe certas necessidades e trabalhos particulares,
sobretudo os do próprio legionário.
Procurem alistá-los primeiramente como Auxiliares e propor-lhes mais tarde o grau
de Adjutor. Se possível, formem grupos com estes membros e que eles tentem recrutar
novos Auxiliares entre os companheiros. Encorajem-se também os enfermos por outros
meios a ajudarem-se uns aos outros.
Mas, se é possível fazer de tais pessoas membros destas duas categorias de
Auxiliares, porque não pensar nelas para membros Ativos? Há Praesidia formados por
internados em muitos hospitais de doenças mentas. Fundar um Praesidium com tais pessoas
numa instituição é introduzir ali um poderoso fermento em atividade. Estes legionários
podem consagrar muito tempo aos seus trabalhos entre os outros doentes e atingir eles
mesmos um elevado grau de santidade. Embora não seja o objetivo principal, o fato de
pertencer à Legião ajuda até mesmo na cura ou terapia e isso é reconhecido em todos os
lugares pelo corpo de médicos.
Abertos deste modo novos horizontes à vida, os pobres enfermos, alguns dos quais
haviam sondado as profundezas da miséria, julgando-se inúteis e pesados, saborearão a
alegria suprema de quem se sente útil à causa de Deus.
A Comunhão dos Santos deve atuar necessariamente e de forma intensiva entre os
legionários e os visitados, com vantajosa troca de serviços, favores e proveitos. Todo
homem deve a Deus uma soma de sofrimento que, se recaísse sobre cada um,
individualmente, transformaria o mundo num imenso hospital. O trabalho cessaria por falta
de braços. Para este prosseguir, é imperioso que uns sofram pelos outros. Por que não
supor, então, que os doentes estão pagando parte da dívida de sofrimentos que os
legionários têm de satisfazer?
Que poderão os legionários dar nesta invisível troca? Com certeza, uma participação
no seu apostolado – dada a incapacida-
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de de o doente (às vezes por falta de preparação) cumprir esta parte do seu dever cristão.
Desta maneira, cada um se enriquecerá agradavelmente às custas (no bom sentido)
do outro. Mas não se trata de uma simples troca. Os lucros são maiores que as perdas, em
virtude do princípio sobrenatural que podemos enunciar assim: quando damos, recebemos o
cêntuplo (Cf. nº 20 do capítulo 39: Principais diretrizes do apostolado legionário).
“Eu sou o trigo de Jesus Cristo, dizia Santo Inácio de Antioquia: é preciso que seja
triturado pelos dentes dos leões para me tornar pão digno de Deus’. Não duvidemos: a
melhor cruz, a mais segura e a mais divina, é a que o mesmo Jesus nos outorga, sem nos
consultar previamente. Aumentai a fé nesta doutrina, tão querida aos santos formados no
molde de Nazaré. Adorai, bendizei e louvai a Deus, em todas as contradições e provações
que venham diretamente de sua mão e, vencendo as repugnâncias da natureza, dizei com
toda a alma: ‘Fiat’ ou melhor ainda: ‘Magnificat’.” (Mateo Crawley-Boevey)
6. OBRAS A FAVOR DOS MAIS MISERÁVEIS E ABANDONADOS
ELEMENTOS DA POPULAÇÃO
Obras deste caráter hão de implicar a visita aos lugares que eles freqüentam:
pensões, albergues e prisões; podem mesmo levar à fundação de “casas” dirigidas por
legionários, para acolher esses irmãos.
Logo que qualquer centro da Legião se encontre de posse de membros com
experiência e coragem suficientes, deve lançar-se nesta obra a favor dos mais miseráveis
membros de Jesus Cristo – obra freqüentemente pouco realizada, para vergonha do nome
católico.
Não deverá haver nenhum beco onde a legião deixe de entrar à procura da ovelha
desgarrada da Casa de Israel. Medos sem fundamento erguem-se como primeiro obstáculo;
mas, tenham eles fundamento ou não, alguém tem de fazer este trabalho. Se os legionários
capazes, de formação sólida, protegidos por uma muralha de orações e de disciplina, não
podem tentar, quem o poderá?
Enquanto todo e qualquer centro da Legião não puder afirmar, de verdade, que os
seus membros conhecem pessoalmente e mantêm, de uma maneira ou de outra, certo
contato com cada um dos membros das classes mais miseráveis, as suas obras devem
considerar-se em estado de incompleto desenvolvimento e, neste sentido, cumpre
intensificar todos os esforços.
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Nenhum pesquisador de coisas raras e preciosas da terra deve mostrar mais desejo
de satisfazer a sua cobiça do que o legionário, ao procurar os miseráveis deste mundo. As
nossas buscas representam, talvez, para eles, a única tábua de salvação eterna; e tão
rebeldes se mostram freqüentemente a qualquer influência do bem que a prisão representa
para eles numa bênção disfarçada.
Além disso, em trabalhos deste gênero, o legionário deve comportar-se como um
soldado em campanha. Terá de sofrer incômodos de toda ordem; palavras injuriosas ou
mesmo coisas piores, as violências e os ultrajes. Tais tratamentos podem humilhá-lo, afligilo,
mas nunca intimidá-lo e, dificilmente, desconcertá-lo. É o momento de provar a
sinceridade e a solidez das declarações guerreiras que tantas vezes cruzaram o seu espírito e
brotaram de seus lábios. Falava de guerra? Aí tem os golpes de espada e as feridas a
sangrar. Falava de ir em busca dos mais depravados? Agora, que os encontrou, por que
lamentar-se? Por que estranhar que os maus se portem mal, e os piores, covardemente?
Numa palavra, sempre que surja uma dificuldade extraordinária ou tenha de
enfrentar algum perigo, o legionário deve dizer: “Estamos em Guerra!” Esta frase, capaz de
levar uma nação despedaçada pela guerra a sacrifícios heróicos, deveria dar-lhe uma
fortaleza na luta pela conversão do gênero humano e mantê-lo no seu posto, ainda que, em
circunstâncias semelhantes, muitos outros desertassem.
Se somos sinceros ao falar que o ser humano é imortal e precioso aos olhos de Deus,
temos de estar prontos a pagar qualquer preço. Que preço? Pago por quem? A resposta é
simples. Se o apostolado católico precisa de leigos para enfrentar o perigo, correndo os
piores riscos, a quem há de recorrer senão aos que se esforçam por merecer o título de
legionários de Maria? Se houver que exigir sacrifícios heróicos de leigos católicos, a quem
pedi-los senão àqueles que deliberada e solenemente se alistaram ao serviço daquela que se
manteve de pé, junto da cruz, na hora decisiva da Redenção? Estamos certos de que os
legionários nunca faltarão à chamada.
Dirigentes que, de forma errada, protegem demais os legionários que estão sob seus
cuidados, podem acabar com essa força da Legião. Aconselhamos, por isso, os Diretores
Espirituais e todos os Oficiais a exigirem dos legionários um valor tão elevado que recorde
um pouco o Coliseu Romano. Aos que se preocupam somente com os resultados visíveis,
esta palavra – Coliseu – pode parecer um sonho, uma irrealidade! Mas o Coliseu, com o seu
dra-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 237]
ma, era também um cálculo; ali, numerosas pessoas, nem mais fortes nem mais fracas do
que os legionários de Maria, perguntavam a si mesmas: “que dará o homem por uma
alma?” O Coliseu resume numa palavra tudo quanto expusemos neste Manual, no capítulo
4 sobre “O Serviço Legionário”, em páginas que pretendem ser mais do que a expressão de
puro sentimentalismo.
As obras a favor das classes desfavorecidas ou abandonadas são, por sua natureza,
árduas e demoradas. Uma paciência infinita – eis a chave do problema. Tratando-se de
pessoas que só depois de muitas quedas e recaídas hão de se levantar definitivamente, nada
conseguiremos se, de início, exigirmos uma disciplina severa. Em pouco tempo, a exigência
exagerada dispersaria os indivíduos para quem a obra foi precisamente destinada, e só
ficariam os que dela menos precisam.
Proceda-se, pois, segundo o princípio de inversão de valores, quer dizer,
interessem-se sobretudo por aqueles que até os otimistas repeliriam como “casos
absolutamente desesperados”, e cuja perversão de espírito e endurecimento de coração
manifestados nos primeiros contatos pareçam confirmar como “desesperados”. Apesar das
rejeições, das ingratidões, das derrotas aparentes, devemos perseverar corajosamente na
luta árdua de elevar da miséria as pessoas desprezíveis, más, naturalmente repugnantes, os
rejeitados por outras associações e pela sociedade em geral, numa palavra: os
marginalizados pela sociedade. Tarefa enorme que, em muitos casos, consumirá a vida
inteira dos legionários.
Trabalhos desta ordem, empreendidos de acordo com as normas acima expostas,
reclamam qualidades heróicas e uma visão puramente sobrenatural. Ver morrer, enfim, na
amizade de Deus, os miseráveis a cujo serviço se dedicou – eis, para o apóstolo, uma
recompensa, nesta vida, dos seus imensos trabalhos. Que alegria ter cooperado com Aquele
que, “por esforços constantes, durante longos e pacientes dias, deu vida a um povo,
arrancando-o da lama para que O louvasse eternamente” (Cardeal Newman: O Sonho de
Gerontius).
Demoramo-nos na exposição deste gênero de trabalho, porque ele traduz
realmente o verdadeiro espírito da Legião de Maria e ocupa, entre os serviços
prestados à Igreja, uma posição dominante e decisiva. Constitui, de fato, uma
afirmação solene do princípio católico de que mesmo os mais desprezíveis dos homens
são credores do nosso respeito e amor, independentemente de seu mérito ou simpatia
pessoais, porque na sua pessoa havemos de ver, reverenciar e amar o próprio Jesus
Cristo.
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 238]
Sinal seguro da realidade deste amor é a sua manifestação em circunstâncias muito
difíceis. A prova decisiva está no amor consagrado àqueles que a natureza humana
espontaneamente rejeita, a todos quantos o mundo despreza. Eis a prova real do verdadeiro
e do falso amor pela humanidade. Eis o eixo sobre o qual gira a fé, o sinal infalível do
Cristianismo; sem o ideal católico, este amor nunca poderia existir. Divorciado da raiz que
lhe dá sentido e vida, não passaria de um sonho. Se o amor da humanidade pela
humanidade tivesse de ser o nosso evangelho, o juízo de valorização de todas as coisas
deveria ser medido pela utilidade visível aos homens. Em boa lógica, tudo quanto não
redundasse, indiscutivelmente, a favor do gênero humano, deveria ser olhado, de acordo
com tais sistemas, como o pecado o é na economia cristã e, portanto, implacavelmente
eliminado.
Aqueles que, por uma vida sacrificada, dão provas de verdadeiro amor cristão nas
suas manifestações mais nobres prestaram à Igreja serviços de incalculável mérito.
“O vosso irmão é mau, intolerável, dizeis vós. Eis um motivo a mais para vos
dedicardes a ele com amor, a fim de o afastar do caminho do vício e o reconduzir ao
caminho da virtude. Mas – respondeis – não se importa com o que eu digo, com os meus
conselhos. Como o sabeis? Insististes com ele, procurastes convencê-lo? – Muitas vezes,
respondeis. – Mas quantas?- – pergunto. – Muitas, uma e outra vez. – E chamais a isso
“muitas vezes”? Mesmo que tivésseis de persistir uma vida inteira nos vossos esforços,
não devíeis afrouxar nem desesperar. Não vedes como o próprio Deus não cessa de
exortar-nos por Seus Profetas, Apóstolos e Evangelistas? E com que resultados?
Comportamo-nos sempre como devíamos? Obedecemos-lhe em tudo? Infelizmente, tal não
é o caso! E, todavia, Deus não deixa de perseguir-nos continuamente com Sua insistência.
E por quê? Porque nada é tão precioso como uma alma. ‘Que aproveita ao homem ganhar
o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? (Mt 16,26).” (S. João Crisóstomo)
7. OBRAS A FAVOR DA JUVENTUDE
“As crianças são, certamente, o alvo do amor dedicado e generoso do Senhor
Jesus: a elas reserva a Sua bênção e, ainda mais, assegura-lhes o Reino dos céus (cf. Mt
19, 13-15; Mc 10, 14). Em particular, Jesus exalta o papel ativo que as crianças têm no
Reino de Deus: são o símbolo mais expressivo e a esplêndida imagem das
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 239]
condições morais e espirituais indispensáveis para se entrar no Reino de Deus e para viver
a sua lógica de total abandono ao Senhor: ‘Em verdade vos digo: se não vos converterdes
e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se tornar
pequenino como esta criança será grande no Reino dos Céus’ (Mt 18, 3-5; cf. Lc 9, 48).”
(ChL 47)
Que glorioso futuro, se conseguíssemos assegurar a fé e a inocência à juventude!
Como gigante remoçado, a Igreja poderia lançar-se com ardor na campanha da conversão
do mundo infiel e realizá-la em curto prazo. Infelizmente, ela consome a maior parte dos
seus esforços na cura penosa das suas próprias chagas.
É que é mais fácil conservar o que existe do que reaver o perdido.
A Legião trabalhará num sentido e em outro, porque ambas as obras são de
importância vital. Não descuidará, estamos certos, do mais fácil – a preservação. A energia
que se consumirá mais tarde em refazer a vida de um só adulto degradado pode despenderse
hoje com vantagem, impedindo que muitas crianças se precipitem no abismo.
Eis alguns aspectos do problema:
a) Participação das crianças na Liturgia da Missa. Traçando o programa de ação
aos seus legionários, certo Bispo punha em relevo, como assunto de importância decisiva,
uma campanha entre as crianças em prol da participação na missa do domingo. No seu
entender, a falta das crianças à missa era uma das principais causas das suas futuras
desordens.
Um meio muito eficaz para conseguir essa participação seria percorrer as casas das
crianças no domingo de manhã. Os seus nomes podem ser obtidos pelas listas de matrícula
escolar ou por outro meio.
Observemos, de passagem, que as crianças más, por natureza, são raras. Quando não
cumprem este dever elementar do católico, podemos estar certos de que são vítimas da
indiferença ou do mau exemplo dos pais. É um problema a mais para o legionário, no
exercício de seu trabalho apostólico.
Tratando-se especialmente de crianças, as visitas irregulares ou durante um pequeno
período conseguirão pouco ou nada.
b) Visitas às crianças em suas casas. A este propósito oferece-se uma consideração
importante que convém pôr em relevo. Famílias que se fechariam a visitantes com
intenções nitidamente religiosas, vão recebê-los de braços abertos, uma vez que o
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 240]
objetivo confessado seja conversar com as crianças. É um fato, explicado pelo amor
natural, que os pais se mostram mais preocupados com o bem dos filhos do que com o bem
próprio. Esquecem-se de si mesmos, mas raramente deixam de dar tudo de si pelos filhos.
O coração mais duro emociona-se ao pensar no fruto do seu amor.
Quantos, insensíveis a toda influência religiosa, não são levados por sentimentos
profundos do coração a desejar melhor sorte a seus filhos; e sentem uma alegria instintiva e
indescritível ao verificarem neles o desabrochar da graça! Por tal motivo, pessoas que
rejeitariam, com rudeza e até com violência, quem diretamente se dirigisse a elas em
missão espiritual, toleram tal aproximação, tratando-se dos filhos.
Os legionários competentes, uma vez admitidos na casa, saberão descobrir o modo
de influenciar todos os membros da família, com a irradiação benéfica do seu apostolado.
O interesse sincero pelas crianças produz, quase sempre, uma impressão favorável no
ânimo dos pais. Aproveitem-se disso de forma inteligente, para fazer brotar neles a semente
da graça. Deste modo, a criança nos oferecerá não só a chave da casa, mas também a do
coração e, talvez, a da alma dos pais.
c) Catequese de crianças. A este trabalho, de enorme valor, deve somar-se a visita
domiciliar às crianças que freqüentam irregularmente os Encontros de Catequese, ou
mesmo às que freqüentam regularmente, para lhes manifestar um interesse pessoal, ou,
ainda, para estabelecer deste modo contato com os restantes membros da família.
Acidentalmente, a Legião pode servir de Centro local da Arquiconfraria da Doutrina Cristã
(Veja-se o Apêndice 8).
O seguinte exemplo revela a eficácia dos métodos legionários aplicados à catequese
numa grande paróquia. A despeito dos esforços contínuos dos sacerdotes, mesmo de
encorajamentos lançados durante os sermões, o comparecimento médio de crianças aos
encontros de catequese tinha baixado para 50. Fundou-se, entretando, um Praesidium, que
juntou ao trabalho do ensino a visita domiciliar às crianças. Um só ano de trabalho bastou
para que o comparecimento médio subisse para 600. Este número impressionante não
revela os benefícios espirituais dispensados aos inumeráveis parentes das crianças, que se
descuidavam de seus deveres religiosos.
Em todos os trabalhos, a marca legionária deve ser esta: “Como é que Nossa
Senhora trataria estes seus filhos?” Na Catequese, mais do que em qualquer outra obra,
deve esta marca estar bem presente no coração do catequista. Há uma tendência
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 241]
natural para nos impacientarmos com as crianças. Mas falta mais grave seria ministrar tal
ensino como se se tratasse de assuntos não religiosos, de forma a criar nas crianças a
convicção de assistirem a mais uma aula como qualquer outra. Se isto acontecesse, noventa
por cento dos frutos se perderiam. Perguntemos a nós mesmos mais uma vez: “Como é que
a Mãe de Jesus instruiria estas crianças, em cada uma das quais ela contempla o Seu Filho
muito amado?”
No ensino religioso de crianças e jovens, a memorização e a utilização dos meios
audiovisuais desempenham papel importante. Preste-se especial atenção à escolha deste
material, que deve conformar-se inteiramente com os ensinamentos da Igreja.
A Igreja concede uma indulgência parcial tanto à pessoa que ministra o ensino da
Doutrina Cristã como àquela que o recebe (EI 20).
d) Escola leiga ou pública. A vida espiritual da criança que não freqüenta a escola
católica periga a todo o instante e há de ser difícil que, com o correr do tempo, não venha a
constituir um sério problema. Que a Legião adote e aplique, por todos os meios ao seu
alcance, as medidas aprovadas pelas Autoridades Eclesiásticas locais, para diminuir ou
impedir as conseqüências maléficas de tal estado de coisas.
e) Associações para a juventude. Para as crianças que cursam boas escolas, a crise
começa na idade em que as abandonam. Terminada a fase escolar acabaram-se as
influências sadias, as restrições protetoras, as salvaguardas minuciosas. Para muitas, talvez,
eram o único amparo moral, por não desfrutarem no aconchego do lar de influências
religiosas ou freios de qualquer ordem. O problema complica-se de modo pavoroso, quando
consideramos que o amparo da escola católica lhes falta na idade mais crítica da vida – a
das maiores lutas morais – e, infelizmente, no momento em que o indivíduo, deixando de
ser criança, ainda não é adulto. Difícil como é o acertar com os meios apropriados para
proteger esta fase intermediária da vida, não é de estranhar que deles careçam muitas vezes.
Em vão as organizações protetoras do adulto lhes abrem os braços, passado o período de
transição: os jovens saborearam já as doçuras perigosas da liberdade.
Torna-se, pois, imperioso manter, em certa medida, sobre o jovem saído
definitivamente da escola, a mesma vigilância anterior. Método muito recomendado é a
formação de Associações Juvenis, sob o patrocínio da Legião, ou, ao menos, de Seções
241
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 242]
Juvenis especiais nas Associações ordinárias já existentes. Que, antes de os jovens saírem
definitivamente da escola, a autoridade interessada procure que os seus nomes sejam
entregues aos legionários. Estes hão de visitá-los então em suas próprias casas para travar
conhecimento com eles e convidá-los a ingressar na Associação. Os jovens que rejeitem o
convite, ou cuja participação nas reuniões deixe a desejar, receberão visitas especiais.
Cada legionário será responsável por certo número de sócios cujos nomes,
endereços e outros dados lhe serão entregues com antecedência. Antes de cada reunião da
Associação, recordem-lhes o dever de participar da mesma. Os programas anuais hão de
inserir um Retiro (fechado, se possível) e uma sessão recreativa.
Não há melhor meio nem mais concreto para conseguir que os jovens nos anos pósescolares
freqüentem regularmente os Sacramentos.
Os jovens saídos dos Centros Juvenis de Detenção ou de Orfanatos requerem
particular atenção, em conformidade com as diretrizes acima traçadas. Muitas vezes são
órfãos de pai e mãe e outras, até, vítimas de pais perversos.
f) Direção de clubes infantis, de grupos de escoteiros e de guias, de jovens
operários católicos (J.O.C), de aulas de costura, da Associação da Santa Infância, etc.
A direção destas obras não ocupará provavelmente todos os membros do Praesidium, mas
constituirá apenas a tarefa semanal de alguns deles. Nada impede, porém, que um
Praesidium inteiro se dedique unicamente a uma obra especial como as citadas. Convém
notar que, neste caso, mesmo que todos os membros participem das reuniões dessas
associações, a reunião semanal do Praesidium deve ser feita normalmente, conforme o
regulamento da Legião. Tem-se sugerido, por vezes, que os membros reunidos para a
direção dos trabalhos da Organização Especializada poderiam, num determinado instante,
retirar-se para rezar as orações legionárias, ler a ata, e apresentar uns breves relatórios, e
assim economizar o tempo gasto com a reunião do Praesidium. Talvez este procedimento
salvasse externamente os pontos essenciais da reunião, mas uma leitura atenta do capítulo
11 sobre o “Plano da Legião” revelará como este expediente reflete pouco o espírito do
regulamento.
Deseja a Legião que, nas reuniões de cada uma das Obras Especializadas confiadas
aos seus cuidados, se rezem as preces legionárias, respectivamente no princípio, no meio e
no fim. Se tiver de ser suprimido o Terço, não faltem nunca as restantes orações da Tessera.
242
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 243]
g) Uma fórmula legionária para a juventude. Indispensável se torna expor alguns
princípios que possam servir de normas aos legionários incumbidos da direção de clubes ou
grupos juvenis. Os métodos empregados dependem, habitualmente, dos dirigentes; a sua
diversidade vai desde a reunião diária à semanal, desde o simples divertimento ou instrução
técnica ao cunho puramente religioso. De processos tão variados resultam, é evidente,
efeitos muito diferentes, nem sempre os melhores. O simples divertimento, por exemplo,
representa uma formação duvidosa para a juventude, mesmo na hipótese de a distrair e
defender das perturbações próprias da idade. “O trabalho, sem divertimento, faz de Jack um
rapaz sombrio” – diz um conhecido provérbio inglês. Mas logo se completa com outro
ainda mais verdadeiro: “O divertimento, sem trabalho, faz de Jack um leviano”.
O Praesidium, como a experiência confirma, possui um tipo de organização e
funcionamento que se adapta perfeitamente a todos os tipos de pessoas e obras. Não será
possível descobrir também um tipo semelhante de organização ou sistema padrão que possa
ser aplicado a toda a juventude, que se adapte a todos os tipos de jovens?
As experiências feitas levaram à conclusão de que um projeto conforme as diretrizes
seguintes alcançará um êxito razoável. Os Praesidia encarregados da direção de grupos
juvenis são insistentemente convidados a pô-lo em prática.
1. Idade máxima, 21 anos; idade mínima, não há; separação de idades, desejável.
2. Todo membro deve participar de uma reunião semanal regular. Se um grupo se
reúne mais de uma vez por semana, a aplicação destas regras às reuniões suplementares é
facultativa.
3. Cada membro rezará diariamente a Catena Legionis.
4. Será erguido, na reunião semanal, o altar legionário, ou em uma mesa, como nas
reuniões do Praesidium, ou à parte, ou ainda em lugar mais alto, por motivo de segurança.
5. Em cada reunião serão rezadas as Orações Legionárias, inclusive o Terço,
repartidas como na reunião do Praesidium.
6. A reunião durará, ao menos, hora e meia, podendo prolongar-se conforme a
conveniência.
7. Dedique-se o mínimo de meia hora para as atividades e motivos de instrução. O
tempo restante, se o desejarem, poderá ser consagrado a divertimentos. Por “atividades” se
entendem aqui os assuntos que surgem espontaneamente na direção de certos grupos, por
exemplo, de futebol ou outro gênero de esportes, etc. Por “motivos de instrução”, indica-se
toda espécie de formação ou influência educativa, quer religiosa, quer não religiosa.
243
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 244]
8. Os membros serão incentivados a se aproximarem da Sagrada Comunhão ao
menos uma vez por mês.
9. Estimulem os sócios a alistarem-se nas fileiras Auxiliares da Legião e infundamlhes
no coração o generoso e nobre ideal do serviço ao próximo e à comunidade.
“Seria fácil deter-nos nas lições múltiplas que nos oferece a vida
extraordinariamente ativa de São João Bosco. Recordemos apenas uma, de extrema e
perene importância: a sua maneira de conceber as relações entre mestres e discípulos,
superiores e inferiores, diretores e dirigidos, na aula, no colégio e no seminário. Nutria,
com razão, um profundo desgosto por esse espírito de reserva, de salvaguarda das
distâncias, de excessiva dignidade que, já por princípio, já inadvertidamente, já por
simples egoísmo, torna os superiores e mestres inacessíveis àqueles cuja educação e
formação lhes foi confiada por Deus. São João Bosco nunca esquecia as palavras do
Eclesiástico (32,1): ‘Puseram-te como chefe? Não te exaltes por isso; sê entre eles com um
deles mesmos; toma cuidado deles.’” (Cardeal Bourne)
8. BIBLIOTECA AMBULANTE
Os legionários poderiam tomar sobre si o encargo de um carrinho-biblioteca ou
estante móvel, que atuaria em lugar público, de preferência numa rua movimentada ou nas
suas proximidades. A experiência provou já o imenso valor deste trabalho legionário. Não
há meio eficaz para fazer apostolado junto dos bons, dos medíocres e dos maus, ou levar a
Igreja ao conhecimento das massas menos informadas. Deseja, por isso, a Legião que em
todos os centros populosos haja ao menos uma dessas bibliotecas.
O leitor encontrará neste Manual o modelo de uma biblioteca ambulante em
funcionamento.
Faça-se de modo a poder expor ao público o maior número possível de títulos e
ordene-se de modo a oferecer ao visitante a leitura fácil de numerosas publicações
religiosas a preços acessíveis. O trabalho será confiado aos legionários.
Além dos que se aproximam com intenção de comprar, haverá um sem-número de
pessoas de todas as classes e condições que serão atraídas pela Biblioteca: o católico
desejoso de conversar com os outros católicos; o boca-aberta e o indiferente, para matarem
o tempo ou a curiosidade; o não-católico, não desejan-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 245]
do entrar em contato direto com a Igreja, se mostra, no entanto, agradavelmente
interessado. Todos eles hão de travar conversa com os amáveis e simpáticos legionários.
Estes devem ser formados de modo a aproveitar todas as perguntas e compras, como outras
tantas ocasiões para estabelecer um contato amigo com os visitantes. Utilizem-no para
elevar a um nível superior de pensamento e ação os seus clientes, induzindo os católicos a
alistarem-se em qualquer associação católica; ajudando os não-católicos a uma melhor
compreensão da Igreja. Uns se despedirão resolvidos a participar da missa e a comungar
diariamente; outros, a ser membros Ativos ou Auxiliares ou Patrícios; outros ainda, a fazer
as pazes com Deus; e outros, enfim, levando no coração a semente fecunda da sua
conversão ao Catolicismo. Os estranhos que visitem a vila ou cidade terão oportunidade de
conhecer a Legião em atividade, o que seria difícil acontecer de outra forma, e talvez se
interessem e decidam a fundá-la nas suas respectivas localidades.
Os legionários, porém, não devem esperar passivamente junto do Carrinho-
Biblioteca que as pessoas venham ter com eles. Não hesitem em ir ao encontro das que se
acham nas vizinhanças, não, necessariamente, para lhes vender livros, mas para estabelecer
contatos que podem ser utilizados da forma indicada no parágrafo anterior.
É desnecessário recordar aos legionários que uma parte integrante do seu trabalho
consiste em manter e estreitar, com grande perseverança, os conhecimentos e amizades
iniciados por meio da biblioteca.
Quando se propõe a saída de uma biblioteca ambulante para a rua, esbarra-se
sempre com a objeção de que, para isso, são necessários católicos bem instruídos e o
Praesidium não os possui. Uma cultura superior sobre a Doutrina Católica seria, com
certeza, utilíssima; a sua falta, porém, não deve fazer desistir do trabalho. A atração
pessoal, eis o importante. Como diz Newman: “São as pessoas que nos influenciam: a sua
voz nos emociona, as suas obras nos inflamam. Muitas pessoas estão prontas a viver e a
morrer por um dogma; nenhuma, porém, a deixar-se martirizar por uma conclusão”. Numa
palavra: importa mais o zelo sincero e a amabilidade do que o profundo saber. Com seus
vastos conhecimentos, o sábio é levado a abismar-se nas águas profundas e a perder-se em
canais tortuosos, sem saída; ao contrário, a confissão simples da própria fraqueza: – “Não
sei, mas posso procurar saber” – mantém a discussão em rocha firme.
Com a experiência se verificará que a maioria das dificuldades que as pessoas
apresentam são fruto de uma grande falta de
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 246]
conhecimento, e que o legionário com alguma formação pode resolvê-las com facilidade.
No caso de questões mais complexas levem-se estas ao Praesidium ou ao Diretor Espiritual.
Poderíamos discutir indefinidamente e sem esperança de êxito, sobre os crimes, as
perseguições e a falta de zelo, atirados contra a Igreja Católica. A parcela de verdade que
existe nestas acusações só serve para complicar o problema, já por si mesmo confuso. Dar
uma resposta absolutamente satisfatória à crítica hostil, neste ou naquele ponto minúsculo
da disputa, é absolutamente impossível, mesmo que se ponha na mesa um vasto
conhecimento. O caminho a seguir é este: reduzir insistentemente a discussão aos seus
termos mais simples. São eles: Deus deve ter deixado ao mundo uma mensagem – a que
chamamos religião; esta, sendo a voz de Deus, deve ser necessariamente una, clara, estável,
infalível no seu ensino, reivindicadora da autoridade divina.
Estas características encontram-se apenas na Igreja Católica. Nenhuma outra
organização ou sistema religioso pretende possuí-las. Fora da Igreja, só reina a contradição
e a confusão; e de tal sorte que, na expressão esmagadora de Newman, “ou a religião
católica é a vinda do invisível a este mundo visível, ou nada existe de positivo, de decisivo
sobre o nosso último destino”.
Deve haver uma Igreja verdadeira e uma só. Se não é a Igreja Católica – onde
encontrá-la? Esta maneira simples de encarar a verdade, bombardeando sem parar o mesmo
ponto chave, tem um efeito esmagador. Mesmo os menos instruídos acabam entendendo. E
os muito instruídos, embora continuem a lançar-nos em rosto os pecados da Igreja, dão-se,
no fundo, por vencidos.
Recordemos ao adversário, com brevidade e delicadeza, que os seus argumentos
provam demais. Admitidos contra a Igreja, valeriam também contra qualquer outra
confissão religiosa. Com efeito, se provássemos que a Igreja é falsa, devido à maldade de
alguns dos seus servidores, teríamos de concluir, em boa lógica, que não existe, no mundo,
religião verdadeira.
Passaram os tempos em que os Protestantes reclamavam para a sua seita particular o
monopólio da verdade. No momento atual contentam-se em afirmar modestamente, que
todas as igrejas possuem uma parcela da verdade. Mas uma parcela não é o bastante.
Equivale a dizer que a verdade não é conhecida nem há forma de a encontrar. Se uma Igreja
tem certas doutrinas verdadeiras e outras que não o são, qual o meio de distinguir umas das
outras? Ao aceitá-las, expomo-nos a tomar as falsas pelas verdadeiras. A Igreja que afirma
das suas doutrinas: “algumas são ver-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 247]
dadeiras”, não serve para nos auxiliar ou guiar no caminho que leva à verdade. Deixou-nos
exatamente onde estávamos antes.
Repitamos, por isso, até que a lógica penetre nas almas: não pode haver senão uma
só Igreja verdadeira, incapaz de se contradizer a si mesma, possuidora da verdade total, e
com um critério seguro para diferenciar o verdadeiro do falso.
“O mundo não conhece mais poderoso amparo do que vós, minha Senhora e
Rainha. Tem os seus apóstolos, profetas, mártires, confessores e virgens, a quem posso
recorrer em busca de auxílio; mas vós, minha Rainha, sois mais excelsa que todos estes
intercessores: o que eles podem com a vossa ajuda, vós o podeis sem eles. E por quê? É
que sois a Mãe do nosso Salvador. Se vos calardes, ninguém intercederá nem virá em
nosso auxílio; se vós abrirdes os lábios, todos suplicarão e virão em nosso socorro.”
(Santo Anselmo: Oratio Eccl)
9. CONTATO COM A MULTIDÃO
O apostolado visa a comunicação das riquezas espirituais da Igreja a toda pessoa
humana. A base deste trabalho deve ser a comunicação individual e perseverante de um
coração fervoroso com outro coração, aquilo a que damos o nome técnico de “contato”. Na
medida em que enfraquece o contato, diminui a influência. Por outro lado, na medida em
que as pessoas se perdem na multidão, tendem a escapar-nos. Pode mesmo acontecer que a
multidão nos separe da pessoa. Ora, a multidão é composta de indivíduos; cada um deles
possui uma alma de preço incalculável. Cada membro da multidão tem a sua vida privada,
mas a maior parte do tempo passa-a, de uma forma ou de outra, com a multidão – na rua, ou
num lugar qualquer. Temos de converter a multidão em indivíduos e de possibilitar assim o
contato com cada um deles. Como é que Nossa Senhora olha para estas multidões? Ela é
Mãe de cada uma das pessoas que a compõem. Deve angustiar-se com as suas necessidades
e suspirar por alguém que A ajude no trabalho maternal de cuidar delas.
Já mostramos o valor da biblioteca ambulante num lugar público; no entanto, este
trabalho global com a multidão deve ser encarado como uma atividade distinta. Aproximarse
das pessoas, pedindo delicadamente licença para falar com elas acerca da Fé, pode levar
a contatos frutuosos. Esta comunicação pode ser tentada nas ruas, nos jardins públicos, nas
casas onde as pessoas costumam juntar-se, nas vizinhanças das estações de trem,
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 248]
de metrô, nas estações rodoviárias e pontos de ônibus e em outros lugares onde as pessoas
se reúnem. A experiência comprovou já que estas tentativas, em geral, são bem recebidas.
Os legionários empenhados neste trabalho apostólico devem recordar-se de que as suas
palavras e maneiras são os seus instrumentos de contato. Sejam simples e atenciosos. Na
conversa, evitem qualquer palavra que dê a impressão de que estão travando uma batalha
ou ditando leis ou possa revelar superioridade. Devem crer, com a máxima firmeza, que
Maria, Rainha dos Apóstolos, dará o devido peso às suas palavras, por mais fracas que
sejam, e está infinitamente ansiosa em fazer frutificar o seu apostolado.
10. APOSTOLADO A FAVOR DAS EMPREGADAS DOMÉSTICAS CATÓLICAS
Esta atividade pode fazer parte das visitas domiciliares ou constituir um trabalho
independente.
Colocada muitas vezes em famílias indiferentes ou hostis à fé, considerada como
simples máquina de trabalho, freqüentemente migrante ou imigrante, sem amigos, sujeita a
conhecer pessoas ao acaso, o que oferece graves perigos, a trabalhadora doméstica católica
precisa de cuidados e amparo especiais. Este gênero de apostolado é, portanto, de suma
necessidade e importância.
Para ela, a visita semanal dos legionários, preocupados com seu bem-estar, será
como um raio de luz. Essas visitas deverão, normalmente, facilitar-lhe o ingresso em uma
Associação ou Movimento da Paróquia, ou mesmo em um grupo que promova o lazer
sadio; ajudarão também para que faça boas amizades e, em muitos casos, poderá ser
convidada a ingressar na Legião. Quantas delas encontrarão novos e mais felizes caminhos,
que levam à salvação e à própria santidade.
“À primeira vista somos levados a julgar que Deus deveria ter rodeado a sua
digníssima Mãe de grande pompa e magnificência, ao menos durante um certo período da
sua vida. Como a realidade, disposta pela Providência Divina, foi diferente! Em Nazaré,
na sua pobre casinha, a vamos encontrar, ocupando-se dos mais humildes serviços
domésticos: varrendo o chão, lavando a roupa, cozinhando os alimentos, indo e vindo do
poço com o pote à cabeça, entregue a trabalhos que nós, a despeito do exemplo de Jesus,
Maria e José, ousamos chamar servis. As mãos de Maria, sem dúvida, avermelhavam
248
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 249]
e calejavam com o trabalho. Quantas vezes não se sentia fatigada e esmagada pelo
excesso da tarefa. Os seus trabalhos e inquietações eram os da esposa de um pobre
operário.” (Vassall-Phillips: A Mãe de Cristo)
11. TRABALHO A FAVOR DOS MILITARES E NÔMADES
As condições de vida destas pessoas facilitam-lhes o descuido na prática da religião
e expõem-nas a numerosos e graves perigos de ordem moral. Duplo motivo para um
apostolado entre elas.
a) Como o acesso aos quartéis nem sempre é fácil para os civis, um trabalho
eficiente entre soldados pode exigir a fundação de Praesidia compostos pelos mesmos. Isto
já se fez em muitos lugares com pleno êxito.
b) O apostolado entre marinheiros comportará a visita a navios e a organização de
diversas facilidades em terra. Os Praesidia que se empenham nesta atividade deveriam
filiar-se à reconhecida sociedade internacional “Apostolatus Maris”, que tem sucursais na
maioria dos países marítimos.
c) Os legionários devem revelar cuidadoso respeito pela disciplina dos militares e
marinheiros, nunca se permitindo atuar contra os seus regulamentos e tradições. De fato,
devem esforçar-se para que o seu apostolado seja aceito sem reservas e considerado como
um poderoso fator para elevar os homens, sob todos os pontos de vista, representando um
benefício indiscutível para tais meios e mais do que isso – uma necessidade positiva.
d) Os nômades – pessoas sem residência fixa, ciganos, pessoal de circos e outros –
devem ser alvo do apostolado legionário. Os migrantes e refugiados estão também aqui
incluídos.
“Entre as grandes transformações do mundo contemporâneo, as migrações
produziram um novo fenômeno: os não-cristãos chegam em grande número aos países de
antiga tradição cristã, criando novas ocasiões para contatos e intercâmbios culturais,
esperando da Igreja o acolhimento, o diálogo, a ajuda, numa palavra, a fraternidade.
Dentre os emigrantes, os refugiados ocupam um lu-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 250]
gar especial e merecem a máxima atenção. São muitos milhões no mundo e não cessam de
aumentar: fogem da opressão política e da miséria desumana, da fome e da seca que
assume dimensões catastróficas. A Igreja deve acolhê-los no âmbito da sua solicitude
apostólica.” (RM 37b)
12. A DIFUSÃO DA IMPRENSA CATÓLICA
Vidas de pessoas inumeráveis, como a de Santo Agostinho de Hipona e a de Santo
Inácio de Loyola, provam que a leitura de bons livros, recomendados por pessoa amiga
pode ser um meio para modificar alguém, induzindo-o a elevado nível de vida moral e
cristã. A difusão da imprensa católica oferece inúmeras possibilidades para contatar uma
variedade imensa de pessoas, com quem podemos abordar temas da Fé Católica. Sem
formação católica continuada, vivendo num mundo secularizado, encontram-se numa
situação imensamente desfavorável. O mundo em que a Igreja os ensinou a viver é
diferente do mundo em que vivem de fato. O mundo secularizado grita mais alto que a
Igreja. Importa corrigir este desequilíbrio. Como cristãos, temos de ganhar o mundo
secularizado para Cristo. Este empenho exige de nós a posse de retos valores e atitudes, que
o Cristianismo impõe.
Sem querer com isto menosprezar outras formas de comunicação, a leitura séria,
isto é, a leitura para aprender, revela-se uma fonte riquíssima de idéias capazes de orientar a
vida. Uma leitura breve, mas regular, é mais proveitosa que uma leitura longa ocasional,
isto é, feita uma vez ou outra, quando se tem vontade. Existe uma dificuldade real em
induzir as pessoas a ler livros de caráter religioso. Há que despertar o seu interesse e para
este não se evaporar, devemos oferecer-lhes material de leitura de fácil alcance. Aqui temos
uma oportunidade para católicos interessados no apostolado.
Assim como há livros e folhetos sobre temas religiosos, também há jornais e
revistas católicas:
a) Para apresentar um resumo razoável dos assuntos correntes e uma reta avaliação
dos mesmos;
b) Para corrigir pontos de vista distorcidos sobre os acontecimentos, fundamentando
uma reta avaliação;
c) Para orientar as pessoas sobre os programas dos Meios de Comunicação Social;
d) Para despertar um saudável orgulho e fundamentado interesse pelos assuntos da
Igreja Católica;
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 251]
e) e, finalmente, para cultivar o gosto da leitura de forma duradoura.
Além da palavra escrita, os Meios de Comunicação Social constituem instrumentos
valiosos para a transmissão da Fé.
Antes de lançarmos mão de qualquer espécie deste material, devemos informar-nos
devidamente, junto de pessoas de confiança, de que o material que desejamos utilizar
concorda, no seu conteúdo, com a doutrina da Igreja. As publicações ditas católicas devem
merecer o nome que usam. “Não são os nomes que nos despertam a confiança nas coisas,
mas as coisas que despertam a confiança nos seus nomes.” (S. João Crisóstomo)
Entre os meios experimentados e comprovados para propagar a literatura católica,
contam-se os seguintes: 1) Procurar assinantes de publicações católicas, de porta em porta;
2) Entregar jornais ou revistas católicas às famílias; 3) Responsabilizar-se pelo serviço nos
quiosques e livrarias católicas, junto das igrejas; 4) Responsabilizar-se por bibliotecas
ambulantes ou estantes móveis com imprensa católica em lugares públicos; 5) Utilizar os
Patrícios para recomendar a leitura e venda de material católico.
A apresentação de livros e as respectivas estantes devem ser atraentes e bem
mantidas. Os anúncios sobre a Igreja Católica devem ser apresentados com excelente
qualidade. Durante a visita às famílias para propagar a imprensa católica, os legionários
devem realizar um apostolado direto que influencie todos e cada um dos membros da
família.
“Maria é inseparável companheira de Jesus. Sempre e por toda a parte a Mãe está
ao lado de seu Filho. Por conseguinte, o que nos liga a Deus, o que nos coloca de posse
das realidades celestes é não só Jesus Cristo mas este bendito par, a mulher e a sua
geração. Separar Maria de Jesus no culto religioso é, portanto, destruir a ordem
estabelecida pelo próprio Deus.” (Terrien: A Mãe dos Homens)
13. PROMOÇÃODA MISSA DIÁRIA E DA DEVOÇÃO
AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
“Como é desejável, participem os fiéis ativamente, cada dia e em grande número, no
Sacrifício da Missa, vindo alimentar-se da Sagrada Comunhão, com intenção pura e santa, e
dando graças a Cristo Senhor Nosso por tão grande dom. Recordem-se destas palavras: ‘O
desejo de Jesus Cristo e da Igreja, de que todos os fiéis de aproximem quotidianamente da
sagrada mesa,
251
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 252]
consiste sobretudo nisto: em que os fiéis, unindo-se a Deus pelo Sacramento, dele recebem
força para dominar a concupiscência, lavar as culpas leves quotidianas, e prevenir as faltas
graves, a que está sujeita a fragilidade humana’ (AAS 38. 401). Durante o dia, não deixem
de visitar o Santíssimo Sacramento, que se deve conservar nas igrejas e honrar, no lugar
mais digno, segundo as leis litúrgicas; cada visita é prova de gratidão, sinal de amor e dever
de adoração” (MF 66).
Provavelmente, isto não será um trabalho propriamente dito, mas, sim, algo a ter
presente e assiduamente prosseguido como parte de toda a atividade legionária. Veja-se o
capítulo 8: O Legionário e a Eucaristia.
“Vemos como a Eucaristia, sacrifício e sacramento, sintetiza, na abundância dos
tesouros que encerra, tudo quanto a Cruz ofereceu a Deus e obteve ao gênero humano. É
ao mesmo tempo o Sangue do Calvário e o orvalho do Céu; o Sangue que clama
misericórdia e o orvalho vivificante que reergue a planta já murcha. É o nosso resgate e a
nossa bênção; a vida e o preço da vida. Não valem mais a Cruz, nem a Ceia, nem as duas
juntas; ambas se prolongam na Eucaristia, repleta de todas as esperanças da humanidade.
Por isso, a Missa se chama “Mistério de Fé”, e com razão, não só porque resume todo o
dogma cristão – o dogma da nossa ruína em Adão e da nossa restauração em Jesus Cristo
– mas também e principalmente, porque, mediante a Missa, se prolonga entre nós o drama,
a ação heróica pela qual foi levado a cabo o nosso sublime restabelecimento e a
superabundante compensação das nossas anteriores perdas. Não é uma repetição
simbólica: efetua atualmente entre nós o que o próprio Jesus Cristo realizou.” (De La
Taille: Mistério de Fé)
14. RECRUTAMENTO DE AUXILIARES E CUIDADO A TER COM ELES
Todo Praesidium que reconhece devidamente o poder da oração deve procurar
possuir uma lista de numerosos Membros Auxiliares. Todo legionário tem obrigação de
recrutar Auxiliares e de se manter em contato com eles.
Considerai bem a generosidade dos Auxiliares, que deram à Legião parte dos
preciosos anseios das suas almas! Que possibilidades de santidade eles não encerram! A
Legião tem com eles uma dívida incalculável! Tanto os Membros Ativos como os Au-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 253]
xiliares são filhos da Legião. Os Ativos são os mais velhos; a Mãe da Legião, como
dedicada mãe de família, conta com eles para a ajudar a cuidar dos mais novos. Maria não
supervisiona apenas esta ajuda; trata de a tornar eficiente e de tal modo que nos cuidados
dispensados aos Auxiliares pelos Membros Ativos se encerram maravilhas de graça para
ambos. Enquanto na alma do Auxiliar sobe o elevado edifício da santidade, o Ativo recebe
a merecida recompensa de construtor.
Este trabalho a favor dos Auxiliares encerra tão numerosas possibilidades que
reclama a atenção especializada de alguns legionários Ativos, espiritualmente mais bem
preparados, que se consagrarão a esta atividade como filhos mais velhos da família.
“Parece-me que, nestes dias de crimes e ódios espantosos contra Deus, Nosso
Senhor quer congregar à Sua volta uma legião de almas escolhidas, que se entreguem de
corpo e alma a Ele e aos Seus interesses, e com as quais possa contar para Sua ajuda e
consolação; almas, que não perguntem ‘quanto tenho que fazer?’ Mas, sim: ‘quanto posso
eu fazer por Seu amor?’ Uma legião de almas que dêem sem contar, e cujo único desgosto
seja não poderem fazer e dar mais e sofrer, por quem tanto fez por elas; em suma, almas
que não sejam como as demais e que, talvez, passem por loucas aos olhos do mundo,
porque a sua divisa é o sacrifício e não o bem-estar próprio.” (Monsenhor Alfred
O’Rahilly: Vida do P. Guilherme Doyle)
“Então a legião de pequeninas almas, vítimas do Amor misericordioso, se tornará
tão numerosa ‘como as estrelas do céu e as areias da praia’. Será terrível para Satanás:
ajudará a Santíssima Virgem a esmagar-lhe completamente a orgulhosa cabeça.” (Santa
Teresa de Lisieux)
15. TRABALHO A FAVOR DAS MISSÕES
O interesse pelas Missões faz parte integrante duma verdadeira vida cristã. Abrange
a oração, o auxílio material e a animação de vocações missionárias, de acordo com as
circunstâncias da vida de cada um.
Os legionários poderiam, por exemplo, fundar um núcleo da Santa Infância e
rodear-se assim de numerosas crianças, a quem inspirariam o amor das Missões. Ou ainda,
agrupar pessoas que, embora incapazes de ingressar nas fileiras ativas da Legião
(organizando-as, talvez, como Auxiliares da Legião) estivessem dispostas a empregar-se
em obras várias, como costurar, fazer ves-
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 254]
tes sagradas, etc., para as Missões. Haveria assim um triplo resultado: (a) santificação
pessoal do legionário; (b) santificação das pessoas do grupo; (c) ajuda prática às Missões.
A este propósito, torna-se imperioso insistir em dois pontos que, todavia, são de
aplicação universal:
a) Nenhum Praesidium pode ser transformado em mero instrumento de aquisição de
esmolas, seja para que obra for; b) A vigilância e direção das pessoas empregadas na
costura pode considerar-se como tarefa suficiente para satisfazer o cumprimento da
obrigação do trabalho semanal. Mas o próprio trabalho de costura, só por si, não representa
trabalho substancial para um legionário adulto, exceto em circunstâncias especiais, como
seja a impossibilidade física real de fazer outra coisa.
“As quatro Obras – Propagação da Fé; S. Pedro, Apóstolo; Santa Infância; e União
Missionária – têm em comum o objetivo de promover o espírito missionário universal, no
seio do Povo de Deus” (RM 84).
16. PROMOÇÃO DE RETIROS
Tendo experimentado pessoalmente os preciosos frutos de um retiro, os legionários
deverão organizá-los para outros, propagá-los entre o público, e tratar de os estabelecer
onde não existirem.
Tal é a recomendação de Sua Santidade Pio XI, na Encíclica citada abaixo, às
“piedosas associações de leigos que desejam servir a Hierarquia Apostólica nos trabalhos
da Ação Católica. Nestes santos retiros, hão de descobrir com clareza o valor da pessoa
humana, inflamar-se no desejo de socorrer a todas; e conhecer o espírito ardente, os
trabalhos e ousados feitos do apostolado cristão”.
Note-se, nestas palavras, a insistência desse grande Papa na formação de apóstolos.
Por vezes, não se favorece este propósito: os apóstolos não surgem. A utilidade dos retiros,
em semelhantes casos, é duvidosa.
O fato de não se conseguir, para todos os que participam do retiro, quartos para
passar a noite, não deverá levar os legionários a desistirem de propagar uma prática tão
frutuosa. Sabe-se, por experiência, que um só dia de retiro, de manhã à noite, pode ser
muitíssimo proveitoso a todos os participantes. E, de fato, não há outro meio de pô-lo ao
alcance das massas. Ora, para este efeito, qualquer local com um terreno anexo pode ser
adaptado para um só dia, e as despesas duma refeição simples serão mínimas.
254
[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 255]
“O próprio Divino Mestre costumava convidar os Seus Apóstolos ao silêncio do
retiro: ‘Vinde à parte a um lugar deserto e descansai um pouco’ (Mc 6, 31); e quando
deixou esta terra de dores para subir ao céu, quis aperfeiçoar os Seus Apóstolos e
discípulos no Cenáculo de Jerusalém, onde, por espaço de dez dias, ‘perseveraram
unanimemente em oração’ (At 1, 14), e se tornaram dignos de receber o Espírito Santo:
retiro memorável, modelo dos Exercícios Espirituais, de que saiu a Igreja, rica em virtude,
dotada de energia permanente, e no qual, na presença da Virgem Maria, Mãe de Deus, e
ajudados pelo seu patrocínio, se formaram aqueles de quem podemos falar com justiça que
precederam a Ação Católica.” (MN)
17. ASSOCIAÇÃO DE PIONEIROS DA TEMPERANÇA
TOTAL, EM HONRA AO CORAÇÃO DE JESUS
O recrutamento de membros para esta Associação pode constituir admirável
atividade para um Praesidium. O fim principal da Associação é a glória de Deus pela
promoção da sobriedade e da temperança; a oração e o sacrifício são os principais meios
para alcançar este objetivo. Para isso, os membros são movidos pelo amor pessoal a Cristo:
a) a tornarem-se independentes do álcool; b) a repararem os pecados cometidos para
satisfazer as paixões, inclusive os próprios; c) a procurarem obter, pela oração e sacrifício
pessoais, as necessárias graças e ajuda para os que bebem em excesso ou sofrem as suas
conseqüências.
As principais obrigações são as que seguem: 1) abster-se, durante a vida inteira, de
bebidas alcoólicas; 2) rezar duas vezes por dia o “Oferecimento Heróico”; 3) usar
publicamente o emblema da Associação.
Eis a oração do “Oferecimento Heróico”:
“Coração Sacratíssimo de Jesus,
Para Vossa maior glória e consolação;
Para dar o bom exemplo, por Vosso amor;
Para praticar o domínio de mim próprio;
Para reparar os pecados de intemperança
E para converter os que bebem em excesso;
Prometo abster-me de bebidas inebriantes, durante a vida inteira.”
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[Capítulo 37 Sugestões de Trabalhos página 256]
Existe um acordo: a) pelo qual um Praesidium, com a aprovação da Direção Central
da Associação de Pioneiros, pode converter-se em Centro de Pioneiros; b) que dispõe que,
nas áreas onde existe já um Centro da Associação, pode um Praesidium, com o
consentimento do dito Centro, ligar-se a este, para promover e recrutar membros para o
mesmo (cf. Apêndice 9).
18. CADA LOCALIDADE TEM AS SUAS NECESSIDADES PRÓPRIAS
Para atingir os objetivos da Legião, utilizem os membros quaisquer outros meios
sugeridos pelas circunstâncias, que tenham sido aprovados pelos Conselhos diretivos
superiores e sempre de acordo com a Autoridade Eclesiástica. Insistamos mais uma vez:
qualquer novo trabalho deve ser empreendido com coragem e espírito de iniciativa.
Todas as ações heróicas praticadas à sombra da bandeira católica têm, na maneira de
pensar da localidade, uma repercussão que se pode considerar eletrizante. Não há ninguém
– nem mesmo os próprios descrentes – que não seja levado a encarar com seriedade a
religião. Estas ações constituem um padrão que, lentamente, modificará a forma de viver de
um povo inteiro.
“‘Não temais’, dizia Jesus. Ponhamos de lado todos os receios. Não queremos
medrosos entre nós. Se alguma vez há necessidade de repetir as palavras de Cristo, ‘não
temais’, é, com certeza, quando se trata do apostolado. O temor perturba o espírito e
impede a clara visão das coisas. Para longe, pois, o temor, repitamo-lo mais uma vez, toda
espécie de temor, exceto um só, o temor de Deus. Este quisera eu vos ensinar. Com ele não
receareis nem os homens nem as dificuldades deste mundo.
Quanto à prudência, que seja como a define e recorda sem cessar a Sagrada
Escritura: a prudência dos filhos de Deus, a prudência do espírito. Que não seja – e não é,
de fato – a prudência da carne: fraca, preguiçosa, estúpida, egoísta e miserável.”
(Discurso de Pio XI, a 17 de maio de 1931)
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